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sábado, 8 de junho de 2019

A vida tem sentido? (Por Acioli Junior)

Parte substancial das pessoas que pensam invariavelmente se fizeram essa pergunta, ou vivem por fazê-la. Se preocupam em dar sentido a sua vida e procuram sentido para a existência do homem, dos animais, dos astros, do cosmo como um todo.

Eu disse pessoas que pensam porque milhões vivem como se não perscrutassem os meandros da existência, parecendo animais e vivendo por instinto.

Instinto para os animais é:

impulso interior que faz um animal executar inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência própria, da sua espécie ou da sua prole.

Nos seres humanos é:

impulso natural, independente da razão, que faz o indivíduo agir com uma finalidade específica.

Quem vive pelo instinto não vive pela razão. Não inquere a si e a vida. Não faz uma reflexão sobre o mundo e sobre si. Pois reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo. É quando o homem prescruta sobre as razões de viver e está no mundo.

Os seres humanos sempre procuraram dar sentido a sua existência, através do mito, das distintas religiões e de forma laica, mediante a razão humana.

O mito enquanto narrativa sagrada, é a história dos entes sobrenaturais, que no tempo primordial criaram os seres, o cosmo, os sentimentos e tudo que há no universo. O mito não apenas diz como os deuses criaram todas as coisas, mas por que criaram e porque a vida é como é. Por isso, a função dos mitos é da sentido a existência humana, além de possuir a função didática, aquela de passar as gerações mais jovens os valores daquela cultura por meio de suas narrativas.

Por ser um pensamento acrítico, irracional e não reflexivo, pois o mito dá respostas, muitas vezes contraditórias e não permite uma reflexão crítica das suas narrativas nem constatação das suas histórias. A partir do século XIX e por conta do positivismo o mito é execrado, sendo associado erroneamente as lendas e tendo seu valor e importância questionado, como modo de explicação da realidade circundante, tendo seu valor recuperado no século XX pelos trabalhos dos antropólogos. Mas as sociedades atuais normalmente questionam o seu valor, como meio de explicação e de sentido a vida humana.

As regiões surgem do mito, mas possuem mais que uma narrativa sagrada, elas possuem doutrinas teologais. Ou seja, não só contam histórias santas, mas condicionam a vida de seus fiéis a um corpo doutrinal. A um conjunto de dogmas,  a ritos e um cerimonial.
Tentando responder por meio da fé e de seus variados dogmas questões relativas à existência humana na terra e no porvir, após morte. Por isso, toda a religião tem uma explicação para o pós vida.

Mesmo o saber religioso possuindo uma base racional por meio de seus dogmas, a religião não aceita contestação. Suas verdades são peremptórias, absolutas e indubitáveis. Deve-se aceitar sem questionar, pois supostamente suas verdades são dadas pelos deuses e quem somos nós relés mortais para constestarmos os deuses? Assim pensam os religiosos.

Mas como as religiões são muitas e seus discursos variáveis e extremamente contraditórios e antagônicos. As pessoas mais racionais e críticas tendem a não aceitar as explicações religiosas e até mesmo contesta-las. Pois não consideram suas explicações plausíveis e racionalmente coerentes a ponto de dá respostas definitivas ao sentido da vida e do cosmo.

A Filosofia também tenta desde seus primórdios explicar o cosmo e também inquerir sobre o sentido da existência.

O filósofo Manuel Sanches afirmar:

“As correntes tradicionais filosóficas colocam que há uma essência humana, podendo ser acessível através de uma conexão religiosa ou laica. As linhas religiosas entendem como Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino que temos uma essência transcendente acessível pela Alma. Linhas laicas entendem que a Razão nos diferencia do restante dos demais seres e que através dela – razão – também podemos isolar e apontar uma essência humana, algo que nos define e que determina o que é ser um “ser humano”. Ou seja, antes mesmo de existirmos, existe uma essência. Linha, aliás, seguida pela filosofia desde Sócrates e Platão, com o estabelecimento de sua teoria do mundo das Ideias, local acessível apenas pela razão e no qual estariam as verdades essenciais de tudo o que existe no mundo material.
Em suma: a essência antecede a existência.
Desta forma, haveria uma Essência Humana antes mesmo da evolução histórica das civilizações e a  Humanidade estaria indo em direção a valores mais nobres e mais iluminados, na esperança de um dia igualarmos nosso dia a dia com os valores de tal Essência anteriormente prevista. Existiria um sentido para a Vida, mesmo que não o entendêssemos a principio e nossos dias deveriam perseguir o véu deste sentido para descortiná-lo de alguma forma. Viver seria buscar esse sentido anterior e maior da própria Vida."

Para outros pensadores,  como Jean Paul Sartre essa explicação não convence.
Não haveria nada a ser considerado como uma essência humana a priori, nenhum sentido prévio da Vida que seja passível de ser atingido pela experiência religiosa ou pela razão pura.

Para Sartre, a existência antecede a essência.

Como explicava Sartre em seu opúsculo “O Existencialismo é um Humanismo":
  “(…)… se Deus não existe, há pelo menos um ser, no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade humana. Que significa então que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente é nada. Só depois será, e será tal como a si próprio se fizer.”

Ou seja, a essência humana é sempre a posteriori e criada pelo próprio indivíduo. Somos nós próprios, individualmente, o único elemento responsável por criar e dar significado à nossa própria vida.

Hoje numa rede social, uma amiga fez a seguinte postagem:

“Só queria ser mais mas útil. Vida sem sentido”.

Eu a respondi:

“Eita, que isso! Nem acreditei no que li... procure da sentido a ela... uma das maneiras mais eficazes e fazer e trabalhar no que gosta...
Por exemplo, eu sei que minha profissão é uma Merda (desculpa o palavrão, coisa que nem falo) pela desvalorização em nosso país, mas lecionar, palestrar e escrever, que são o que mais faço, dão sentido, prazer a meu existir e caminhar.
Ou seja, mesmo eu sendo capaz e crítico de ver a desvalorização em ser professor, mesmo assim educar pessoas me faz melhor a cada dia..
Procure trabalhar, amar e fazer coisas que geram sentido a sua existência!”

A vida pode ser o absurdo proposto pelos existencialista. Não pode de fato ter nenhum sentido. Se isso for verdade, nós através das nossas escolhas devemos emprestar sentido a nossa existência, a começar por sempre procurar fazer aquilo que gostamos, que nos faz felizes, desde que essa felicidade ou momentos de prazer não seja um mal a nós e aos outros. Sendo um bem responsável e ético, já nos dará sentido de viver e existir!

Como diz o filósofo britânico A. C. Grayling: "O sentido da sua vida é o que você faz dela".

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