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segunda-feira, 15 de maio de 2017
Os Desigrejados e a Crise Atual do Cristianismo!!!
quinta-feira, 11 de maio de 2017
Uma feliz descoberta e uma triste constatação!
Na quarta-feira, 9 de maio de 2017, participava
de um Conselho de Classe na minha escola no município de Rio das Ostras. Como
muitos professores são oriundos da cidade de Casimiro de Abreu e principalmente de seu distrito, Barra de São
João, eu aproveitei para entrevistá-los sobre a Ponte[1]
Caída de Barra,[2]
queria saber quando a ponte foi construída, quem a mandou construir (em qual
governo), qual a finalidade de sua construção e, principalmente, quando ela
caiu.
Esse meu interesse pelo local advém do meu
livro “Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio”, pois nele eu
faço a narrativa histórica de bens culturais e ambientais do segundo distrito
de Cabo Frio, das suas praias (Unamá, Aquários e Pontal) e dos rios São João e
Una. O supracitado Rio São João tem a sua foz na praia do Pontal, e a ponte ou
as pontes que esse rio atravessa abaixo fazem a divisão territorial entre os
municípios de Casimiro de Abreu e Cabo Frio. Portanto conhecer a história local
é do meu total interesse.
As entrevistas responderam algumas das minhas
perguntas; descobrir a data da construção da Ponte, ano de 1942 e sua
finalidade: servir como ferrovia, não como rodovia, como pensam as pessoas que
não conhecem sua história. Porém, eles não souberam responder a principal
questão, a data da queda da ponte. Nem nos sites das duas prefeituras (Casimiro
de Abreu e Cabo Frio) trazem essa informação. Entretanto, eles me indicaram uma
certa senhora, dona Elza, moradora e comerciante de Barra de São João, uma
profunda conhecedora da história e “causos” da localidade.
Eles não indicaram a data da “queda” da Ponte
Caída de Barra de São João, porque a mesma caiu em vários momentos distintos
nos anos 1950 e 1960, deixando-nos um lindo visual. Foi se tornando o mais
famoso Cartão Postal da localidade, tanto para Casimiro de Abreu como para Cabo
Frio.
Após o final do conselho de classe, prontamente
me dirigir a casa dessa senhora, encontrei seu comércio fechado e decidir não
chamá-la em casa, pois já era quase noite e chovia. Então, me dirigir a Campos
Novos, Segundo Distrito de Cabo Frio. Fui à casa de minhas tias[3]
e começamos a falar das histórias e principalmente das lendas envolvendo a
Fazenda Campos Novos e região.
Ao relatar a ambas os resultados de minhas
entrevistas e falar sobre a estação ferroviária de Barra de São João e da
finalidade da Ponte Caída, que era servir como ferrovia, minhas tias disseram:
“mas aqui também tem uma estação ferroviária bem perto, ela está em área da
Marinha, perto da escola pública municipal”. Eu fiquei estupefato com o que
ouvi, admirado, alegre. Pois eu ouvi pela primeira vez sobre um monumento
histórico, o qual estava bem próximo, e os livros de História de Cabo Frio, que
não são muitos e já os li todos, nenhum falava dessa estação, muito menos sobre
a possibilidade de passar trens nessa localidade.
O mais interessante foi ouvir sobre um
monumento histórico importantíssimo para a história da cidade de Cabo Frio,
especialmente para o Segundo Distrito, mas as pessoas que falaram dele pareciam
estar relatando de algo totalmente sem importância, insignificante. Eu disse
para minhas tias: _ “Ninguém pode valorizar aquilo que não foi educado para
valorizar, muito menos porque o poder público (municipal e federal - já que a
área pertence à Marinha, ou seja, à União) também não valoriza seus
patrimônios”.
É fundamental as pessoas serem educados
patrimonialmente, para assim valorizarem sua história, memória e identidade
cultural. Por isso urge um trabalho sério com nossos alunos para que eles
respeitem e se identifique com o patrimônio da localidade à qual pertencem. Da
mesma forma, que é necessário o poder público, nas esferas municipal, estadual
e federal dar o devido valor ao rico patrimônio da localidade. Se o governo não
os valorizar, dificilmente os governados os valorizarão.
É inaceitável saber que um monumento histórico
está abandonado a quase um século, sem que o poder público, as escolas, os
pesquisadores e a própria comunidade local o conheçam. Ele está há décadas
imperceptível e abandonado em meio a um matagal, como sendo algo de pouca
importância, e o pior, a poucos metros de uma escola pública municipal. Mesmo
assim os professores e alunos não conhecem a estação, muito menos sua história.
Fiquei muito feliz enquanto pesquisador por ter
descoberto essa subestação e muito triste por mais uma vez constatar que Cabo
Frio e o Brasil tratam tão mal da sua história e seu patrimônio cultural!
Obs.: 1 Ainda se pode ver a Estação Ferroviária
de São Pedro da Aldeia, hoje sede do IPHAN, a de Barra de São João intacta e a
de Campos Novos, no meio do matagal nas áreas pertencentes a Marinha do Brasil,
perto do trevo de Búzios. A Estação de Cabo Frio fica no Bairro Boca do Mato e
ainda está preservada (não como deveria), mas aos cuidados de particulares. A
de Rio das Ostras já foi completamente destruída, conforme relatos de seus
antigos moradores que por mim foram entrevistados. Também foram destruídas as
mais antigas estações ferroviárias da Região dos Lagos, a de Conde de Araruama
e Iguaba Grande, tendo somente lindas fotos de recordação das mesmas. A do
município de Iguaba Grande ficava situava no Bairro ironicamente chamado de
“Estação”.
Obs.: 2 “Por ocasião da Segunda Guerra Mundial,
a E. F. Maricá tinha interesse em alcançar a localidade de Macaé. Para tal, foi
criado o posto Telegráfico Fonseca no Km 156, de onde partiria a linha em
direção a Macaé, atravessando as comunidades de Búzios (Campos Novos), Rio das
Ostras, Barra de São João e Rio Dourado, daí até Macaé, margeando a rodovia. Em
Barra de São João ainda existe uma estação ferroviária com plataforma e dizeres
alusivos à EFM. Uma ponte sobre o Rio São João foi construída para atender o
tráfego ferroviário. Em Rio das Ostras havia a cerca de 20 anos atrás, uma
estação ferroviária. Segundo informações de moradores antigos da região, nesse
trecho ferroviário passaram somente autos de linha e troles, nunca circulando
qualquer trem comercial” (Rodrigues, 2005.)
[1]
Ao lado dessa ponte está à ponte
“nova” que faz divisa entre os municípios de Cabo Frio e Casimiro de Abreu. No
lado de Cabo Frio, fica o bairro de Santo Antônio, no Segundo Distrito, no lado
de Casimiro, seu Distrito chamado Barra de São João, por isso, ela é conhecida
como ponte Caída da Barra.
[2] A entrevista teve a finalidade de saber
sobre a Ponte, porque no meu Roteiro Ambiental e Patrimonial, escrevo sobre as
três praias do segundo Distrito: Unamar, Aquarius e Pontal (essa última próxima
à ponte) e sobre os Rios Una e São João (esse último tem a foz na praia do
Pontal, junto à ponte). Por isso se fazia necessário contar a sua história, era
algo imprescindível a meu trabalho!
[3] Minhas tias, que chamamos carinhosamente de Tia Dora e Tia Dadá, são nascidas e criadas em Campos Novos, assim como minha mãe que nasceu dentro da Fazenda de mesmo nome. Elas moram a mais de 60 anos no local e conhecem muitas histórias da região.
terça-feira, 9 de maio de 2017
O Drama da Educação!
A situação é a seguinte:
Em uma das escolas que leciono, nas minhas cinco turmas de História, os números são esses:
Turma 601: total 36 alunos, 16 reprovados no Bimestre.
Turma 701: total 35 alunos, 18 reprovados no Bimestre.
Turma 702: total 38 alunos, 18 em Recuperação, ainda não se sabe quantos desses ficaram reprovados no Bimestre.
Turma 704: 36 alunos,15 reprovados no Bimestre.
Turma 801: 32 alunos, 17 reprovados no Bimestre.
Moral da História 1: É impossível ensinar e escolarizar aqueles que não querem e se negam a aprender, mesmo com capacidade cognitiva para fazê-lo.
Moral da História 2: Professor não dá, muito menos inventa notas. Notas o aluno conquista. Professor que inventa notas e tem todos seus alunos aprovados, com a clientela de alunados de hoje, com certeza é alguém antiético.
Moral da História 3: É sempre bom lembrar: Educação vem de casa, a escola cabe a escolarização, não a educação. Não podemos confundir as duas coisas e os dois papeis distintos, da família e da escola.
Se seu filho não te respeita e nem faz tarefas simples em casa, ou sem negar a fazer. Não respeitará seus professores e nem fará as tarefas de escola, muito menos as enviadas para casa.
Enquanto receber bolsa família ser a razão de muitos pais colocarem seus filhos na escola (pois se não estiverem matriculados não recebem o benefício), teremos uma educação pública caótica.
sábado, 6 de maio de 2017
O Abandono do Bairro Perinas e da Praia Nordeste
No
dia 6 de maio de 2017 eu fui a Perynas fazer trabalho de campo: gravar um
documentário sobre a Praia Nordeste, a menos conhecida de todas as praias de
Cabo Frio, e tentar fotografar os escombros da antiga Companhia Salinas
Perynas, a primeira grande indústria de sal do Brasil e entrevistar antigos
funcionários tanto dessa refinaria como da Sal Cisne, empresa ainda em
atividade, situado no mesmo local.
Ao
chegar na localidade deparei-me com uma corrente no portal de entrada do
bairro. Algo normal, já havia visto aquela cerca e guarita com vigia antes,
então, me dirigir ao senhor que trabalhava e perguntei se estava liberado a passagem,
como sempre esteve, ele me respondeu que não. Expliquei que fui no local para
pesquisar sobre meu livro e que não iria até os escombros da indústria (já que
ele me avisou que era proibido ir até lá) mas somente na praia, o vigia
gentilmente deixou, ainda mais por eu estar de motocicleta, na verdade a
corrente está ali para impedir, principalmente a entrada de carros. Lembrando
que de fato quase ninguém vai mais até a Perynas.
Eu
fiz o documentário sobre a Praia Nordeste, fiquei muito triste por perceber que
um lugar tão especial vive em total abandono e é extremamente desconhecido da
população cabo-friense e, principalmente dos turistas.
Ao
sair da praia quis passar pelo bairro, local onde eu na minha adolescência
costumava jogar futebol, num campo no centro do bairro, ao lado da igreja
Católica.
Ao
caminhar pela localidade percebi que todas as casas sem exceção estão em
completo abandono. Não existe sequer uma família ou um único morador no bairro.
Todos deixaram suas casas. A maioria das residências têm portas e janelas
abertas ou furtadas por assaltantes, que aproveitam a situação de total
deserção para praticar furtos.
A
situação é tão caótica que quase todos os postes de luz da localidade tiveram
seus fios de cobres furtados. Inclusive, o sino de mais de cem quilos da Igreja
Católica, que também está abandonada, foi levado por assaltantes.
Esse
bairro ou vila, como muitos preferem chamar, tem quase 200 anos. Foi formado
por trabalhadores da primeira indústria salineira do Brasil, a Salina Grande,
criada pelo alemão Luiz Lindemberg, no ano de 1828, mas que recebeu autorização
de construção pelo imperador D. Pedro I, em 1823.
Em
2008, com a decretação de falência da Companhia Salinas Perynas, fez com que a
maioria de seus moradores, que eram funcionários ou aposentados da empresa,
começam a se retirar do local. Ficando a mesma deserta.
O
dono da área quer construir um gigantesco empreendimento imobiliário no local,
porém, ele está impedido judicialmente, pois ainda não pagou cerca de 300
funcionários indenizações trabalhistas.
E sem fazê-lo, não poderá iniciar o projeto. Além é claro, de haver
sérios problemas com a legislação ambiental em vigente no Brasil.
Visitar
Perynas é andar em meio a um cemitério de casas, salinas, indústria e dos sonhos de centenas de
trabalhadores e antigos moradores. Além disso, é perceber que a população e os
turistas não terão o direito de conhecer uma das mais belas praias lacustres de
Cabo Frio, a praia Nordeste!!