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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Livro: Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio RJ

 

Sinopse do Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio

 

O Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio é uma obra acadêmica de cunho científico. Um trabalho de pesquisa documental e empírica que se iniciou em 2015, com término em março de 2021.

            Ele aborda a história de todos os bens culturais do município, do Forte São Mateus às três Estações Ferroviárias da cidade, além de outros 14 monumentos tombados e o patrimônio intangível da cidade.

            Inicia-se com uma linha do tempo histórica da cidade, retratando os principais acontecimentos de 1501 a 1940, ou seja, do período pré-colonial que marca a chegada dos colonizadores às terras cabo-frienses, até o século XX.

A grande peculiaridade deste livro é o fato de ele ser o único que disserta sobre o patrimônio ambiental. Descreve as 20 praias do município com riqueza de detalhes, cinco delas secretas (Fenda, Fofa, Mimi, Amendoeiras e Nordeste). Disserta ainda sobre os três rios de Cabo Frio (Una, Gargoá e São João) e ressalta sua importância para os povos pré-históricos e a população atual. Aborda também 12 ilhas, sendo 10 oceânicas, mais a Ilha Coroa da Barra (Japonês) localizada no Canal do Itajuru, e a Ilha das Cabras, aterrada para virar salina e hoje é um terreno baldio.

O autor aponta os melhores locais de mergulho e pesca submarina de cada ilha oceânica, indicando se é adequada a mergulhadores profissionais ou a iniciantes.

A Laguna de Araruama, o mais importante bioma da Região dos Lagos, recebe um capítulo especial que trata de toda sua história, biodiversidade, assim como das suas 57 praias lacustres, ilhas e locais paradisíacos, muito pouco conhecidos e explorados.

O livro também detalha os inúmeros Parques Naturais Municipais, como o Parque das Dunas, da Boca da Barra, do Mico-Leão-Dourado dentre outros; como ressalta a importância do Parque Estadual da Costa do Sol para Cabo Frio e região, ademais apresenta ao leitor artigos sobre a APA do Pau-Brasil, a misteriosa Caverna dos Escravos, as maravilhosas trilhas como a do Morro da Lajinha, a do Morro do Vigia, a da Ponta do Chapéu etc.

Outra grande distinção desta obra é o fato de ela ser a única que prestigia o Segundo Distrito de Cabo Frio. Nenhum outro livro, dos pouquíssimos que existem sobre a cidade, dão o devido valor e crédito a Tamoios.

Portanto, neste Roteiro você conhecerá profundamente Cabo Frio, tanto a sua milenar história como suas belezas magníficas, que deixam moradores e visitantes extasiados. Você é meu convidado a conhecer a capital da Região dos Lagos através das páginas deste livro.



terça-feira, 13 de abril de 2021

Redes Sociais e a inversão de valores

 

Hoje uma amiga enviou-me um link de vídeo do YOUTUBE para eu assistir. Era um vídeo de três importantes pesquisadores acadêmicos falando da importância do bioma de restinga. Assisti-o, e percebi que aquele vídeo tinha 5 meses na plataforma; eu fui a décima-sexta pessoa a assisti-lo e o terceiro a dar-lhe um like.

Isso me fez pensar mais uma vez naquilo que as pessoas dão valor na sua vida particular e o que elas valorizam nas redes sociais.

Eu também tenho um canal no YOUTUBE. mais de dois anos não posto conteúdo nele; sei que deveria fazê-lo com mais frequência. Os conteúdos dos meus vídeos versam sobre educação patrimonial, aulas de História, sobre o patrimônio cultural da minha cidade, Cabo Frio, e sobre História das Religiões.

Eu, como muitos, gosto de postar conteúdos de qualidade e valor educativo nas minhas redes sociais. Mas anos percebi que as pessoas, de modo geral, não se interessam por esse tipo de conteúdo, elas até assistem ao vídeo quando a pessoa responsável pelo mesmo é famosa, uma celebridade, mas o que as motiva a vê-los é o estrelato de quem postou, não o teor dos vídeos em si. 

Só para exemplificar: um grande amigo, com o qual tenho vídeos em parceria no YOUTUBE, sempre produzira vídeos educacionais de altíssima qualidade, especialmente sobre racismo e análise da religião evangélica - nunca teve sucesso com esses – até que um dia resolveu comentar músicas do gênero rap; por conta disso ele, que não tinha 50 seguidores no tempo de conteúdos educativos, hoje tem mais de 100 mil conquistados reagindo a raps, e o seu canal cresce vertiginosamente a cada dia.

Ao ver os principais líderes das redes sociais em números de likes e de seguidores, fico perplexo. Filipe Neto nessa semana junto com Jair Bolsonaro entraram na lista da badalada Revista Time, ambos entre os 100 maiores influenciadores do mundo. E ele, Felipe, é o maior Youtuber do mundo, com 39,1 milhões de inscritos em seu canal, com mais de 10,2 bilhões de visualizações de seus vídeos.

Nada contra o Felipe Neto, tampouco a seu grande sucesso, mas o conteúdo que ele produz está muito longe de ser de extrema importância e de grande relevância para o mesmo chegar aonde chegou. Na verdade, ele pouco tem a ver com isso, o problema não está nele, muito menos no teor daquilo que produz, mas nas pessoas que pouco se interessam com aquilo que de fato tenha relevo social, espiritual, político e educacional.

Nas redes sociais parece que a lógica é: quanto pior, melhor; quanto menos relevância social, mais “likes”, mais frenesi, mais exaltação, mais histeria e seguidores.

E quanto mais importante for o conteúdo, mais crítico e capaz de suscitar grandes debates e fomentar o pensamento autônomo dos que assistem, menos esses vídeos serão assistidos, menos “gostei” possuirão e menos alcance terão.

No Brasil, talvez no mundo, a lógica é da inversão de valores. Aqui, o principal escritor e com maior vendagem de livros, Paulo Coelho, escreve sobre misticismo; outro famoso, Augusto Cury, escreve livros de autoajuda extremamente repetitivos.

Na música, anos assistimos à exaltação do que há de pior, em termos de letra, com apelo à pornografia no ritmo, na melodia e no conteúdo. Esses são os líderes absolutos de visualização nas redes sociais. Parece que esquecemos que criamos a bossa nova, a MPB, o samba e legamos inúmeros grandes artistas e grandes intérpretes ao mundo.

Na área religiosa, os principais pastores e padres da mídia e dos canais de YOUTUBE são os mercenários da fé, pessoas de caráter duvidoso e prática inescrupulosa no trato com o dinheiro de seus seguidores. Silas Malafaia, Edir Macedo, Valdemiro Santiago e o padre Robinson são expoentes dessa tendência, esse último desviando quase 1 bilhão de reais dos fiéis católicos. Os muitos pastores e padres sérios não têm vez. Não têm público. Não possuem tantos seguidores ou likes.

Essa é a nossa triste realidade como sociedade. Valorizamos o que é vil e desonroso e desvalorizamos o que é virtuoso e empresta significado à existência humana.

 

 

 

 



[1] Texto escrito dia 27/09/2020, com intuito de chamar a reflexão para os maiores influenciadores das redes sociais e os conteúdos que eles produzem. Discuti também o porquê de vídeos sérios, educacionais e com relevância social não terem o mesmo alcance e a mesma visualização.

O mundo está ficando chato?


 

Certa feita me questionaram: Esse mundo está ficando muito chato e sem graça, não? Não se pode mais zoar ninguém, nem contar uma piada como antigamente.

Respondi: Não. Se você acha graça em fazer uma piada racista, contra mulheres, homossexuais, negros e judeus, se a graça é humilhar alguém, se a graça é colocar os pés no pescoço de alguém e matá-lo, se esse é seu modelo de mundo engraçado, você é um imbecil.

Não pode haver graça na humilhação de um ser humano. Cada pessoa deve ser chamada pelo nome que desejar. Pelo gênero ao qual ela se identificar.

Não fazer piadas que humilhem a outrem requer de nós aprendizado, pois fomos criados assim - muitas vezes erramos, mas não podemos nos orgulhar de tecer comentários pejorativos.

Prefiro um mundo "chato" no qual se respeitem a diversidade e diferenças a um mundo aparentemente engraçado, mas discriminador e agressivo.

Não se pode ter saudade de um tempo em que uma elite branca podia humilhar; em que um grupo de heterossexuais brancos podiam menosprezar mulheres, pessoas acima do peso, gays ou judeus. Não se trata do politicamente correto - isso é um erro grave: estamos falando de Direitos Humanos garantidos pela ONU desde 1948 e reforçados pela nossa Constituição no seu Artigo 5°.

Não se trata de pensar o politicamente correto, mas o humanamente viável.



[1] Escrito em 23/11/2020 para responder a uma pessoa que me questionou sobre o fato que o mundo estava ficando chato, pois não poderia mais fazer piadas para zoar ninguém, como outrora ocorriam. 


Sobre os protestos violentos no Carrefour e a segurança das grandes empresas

 Há temas os quais prefiro não abordar, mas hoje acordei com mensagens de amigos, especialmente de Thales Henri, questionando-me sobre os protestos violentos ocorridos nas lojas do Carrefour, a ponto de incêndios e quebra-quebra.

Não acho certo esse tipo de protesto, mas a empresa é também responsável pelos serviços que contrata diretamente ou terceiriza. Empresas não podem transferir responsabilidades.

Sou a favor de protestos pacíficos na frente da empresa, e até com palavras de ordem, pois através dessas manifestações outras empresas vão se preocupar mais com o tipo de pessoal que contratam para fazer sua segurança.

Esse episódio deve servir também para que o Congresso Nacional crie leis que responsabilizem bancos, seguradoras e grandes empresas como o Carrefour, as Casas Bahia, Americanas e outras a assumirem a responsabilidade para com a segurança de seus clientes e por seus prestadores de serviço. Os clientes são aqueles que geram seu lucro, portanto, devem ter suas vidas preservadas e ser tratados com todo o respeito e consideração, mesmo porque a segurança contratada não deve visar somente o bem patrimonial; por isso a empresa é corresponsável no ocorrido.

Se a vítima fosse branca, de olhos azuis, provavelmente não seria agredida tampouco morta, nem teria uma funcionária do Carrefour ao lado filmando tranquilamente o show de horrores para depois postar nas redes sociais.

Brancos não sofrem discriminação racial ou por cor da pele, mesmo porque eles seriam os escravizadores do passado colonial, nunca tendo sido escravizados no Brasil, já que não existe racismo reverso - porque nunca houve escravidão reversa.

Brancos podem ser discriminados por sua condição social, aqueles poucos que vivem em extrema pobreza, mas nunca por seu fenótipo ou pelo tom da sua pele.


Texto escrito em 21/11/2020, para refletir sobre os protestos que tomaram conta de algumas cidades do Brasil por conta do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos espancado por dois homens brancos, incluindo um PM, no Carrefour em Porto Alegre.