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sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Entre o Dia da Consciência Negra e da Consciência Humana[1]

 


Há uma frase famosa atribuída ao grande ator norte-americano Morgan Freeman que diz: "O dia em que pararmos de nos preocupar com Consciência Negra, Amarela ou Branca e nos preocuparmos com a consciência humana, o racismo desaparece".

Essa frase que de fato é muito bela é usada massivamente no Brasil por pessoas contrárias ao dia da Consciência Negra, que ocorre no dia 20/11 de cada ano, que inúmeras cidades e estados fizeram da mesma um feriado, inclusive o Rio de Janeiro.

O dia 20/11 é a data comemorativa eleita pelo movimento negro e inserida no lugar do 13/05, que é o dia da Libertação da Escravatura.

A diferença entre esses dois dias é que o 13/05, que por coincidência é o dia do nascimento de quem vos escreve, é uma data que se comemora o fim da escravidão negra no Brasil, através da Promulgação da Lei Áurea no ano de 1888, a exatos 132 anos, sendo o Brasil o último país do Ocidente a acabar com o trabalho compulsório.

Já em 20/11/1695 foi o dia que as tropas lusitanas comandadas por um exército de mercenários, cujo líder foi o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, conseguiram matar o líder máximo do Quilombo de Palmares, o maior quilombo da América, que se localizava na Serra da Barriga em Alagoas.

Aparentemente parece que o 13/05/1888 é mais importante que o 20/11/1695, pois a morte de um homem não pode ser mais importante que a libertação de milhares  de escravos.

Todavia, o Movimento Negro entende corretamente que a morte de Zumbi e a queda de Palmares são mais importante que o fim oficial da escravização, porque a primeira data marca a luta dos próprios escravizados e negros fugidos contra sua condição cativa. É a não aceitação do cativeiro. É preferir a morte à escravização. É preferir perder a vida em nome da liberdade.

Enquanto o 13/05/1888 expressa uma monarquia moribunda tendo que se curvar as inúmeras pressões internas de abolicionistas e de inúmeras nações, como a Inglaterra (a nação mais rica e poderosa do século XVII ao XIX), que queria o fim da escravidão e pressionava o Brasil desde as primeiras décadas do século XIX. Além da pressão de parte dos republicanos e iluministas que também eram favoráveis ao término do trabalho compulsório. Portanto, a Lei Áurea é um ato governamental de cima para baixo, não expressando a luta dos próprios escravos, mas uma pseudo benesse da Monarquia, que a exatos um ano e cinco meses após a Lei que abolia o escravismo, chega ao fim, no dia 15/11/1889, com a Proclamação da República e o governo do Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil.

A princesa Regente Isabel e seu pai, o imperador D. Pedro II, só retornaram ao Brasil anos depois de mortos, quando seus corpos vêm da França e são sepultados na Catedral de Petrópolis!

Enquanto existir a discriminação racial deve-se comemorar o Dia da Consciência Negra. Enquanto parte substancial da população brasileira e mundial for racista e achar que a cor da pele ou grupo étnico é capaz de subjugar seres humanos, em detrimento aos privilégios de outros grupos, deve-se relembra aos jovens, velhos e crianças que os negros, assim como os índios nunca aceitaram ser escravizados e lutaram bravamente contra sua condição de escravos.

Enquanto a Consciência Humana for racista e preconceituosa, deve-se comemorar o Dia da Consciência Negra!

 




[1] Texto escrito no dia 26/11/2018, que fala da importância do Dia da Consciência Negra explica por que o Movimento Negro escolheu essa data em detrimento ao 13/05, dia da Abolição da Escravatura.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A essência do Protestantismo: a salvação pela fé

 

Lutero era um monge católico agostiniano que vivia perturbado com um Deus apresentado pela Igreja medieval, que era mau, julgador, que adorava sacrifícios do fiel, cobrando indulgências e punindo com o fogo do inferno e o purgatório[2]. Ele não conseguia compreender como seres humanos falíveis, com natureza pecaminosa, com inclinação natural para o mal poderiam fazer o bem e praticar obras de caridade o tempo todo para que os mesmos fossem ao paraíso.

Seus biógrafos relatam suas lutas incessantes com o "diabo", revelam que ele orava por horas para que Satanás não o tocasse e não o conduzisse ao mal. Alguns o chamaram de neurótico por conta desses períodos de oração que pareciam uma guerra consigo mesmo e contra o mundo espiritual.

O melhor filme[3] produzido sobre ele, com grandes atores de Hollywood, tem cenas que mostram essa sua luta constante.

Toda essa angústia desaparece quando Marinho Lutero lê em Romanos 1:17 que "O justo viverá pela fé", que é na verdade uma versão de Habacuque 2:4, um dos Profetas Menores do judaísmo, que escreveu entre 605-597 a. C., que viu a queda de Judá na ocasião da invasão neobabilônica.

Ao ler o versículo de Habacuque citado por Paulo, ele compreendeu que não são as obras, nem o que fazemos e tampouco a nossa justiça própria ou o nosso esforço que nos conduzem ao céu, a Deus e ao paraíso com Cristo, portanto é a fé que nos justifica diante de Deus.

Lutero entende que não é o esforço do homem que gera sua própria salvação. Mas sim, o sacrifício de Cristo na cruz do calvário que é o que nos reconcilia com Deus, quebrando todo "escrito de dívida que havia contra nós[4]". Só temos que crer nesse sacrifício e descansar na soberania de Deus.

É esse o entendimento de Efésios 2:8-9, que diz:

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;

Ser protestante é acreditar que a justiça de Deus vem pela fé. Que a salvação é o favor imerecido de Deus para uma humanidade perdida que não pode fazer absolutamente nada para merecer a salvação ou para adquiri-la por esforço próprio.

Não há nada que possamos fazer para trazer esse bem para nós, só crer. As obras nessa perspectiva, não geram salvação nem ajudam a pessoa conseguir a celestialidade. Elas só autenticam que o cristão foi alcançado pela graça mediante a fé e tem que viver em novidade de vida.

As obras autenticam a fé. Não geram a salvação na cosmovisão protestante. Bem diferente pensam católicos e espíritas. Os primeiros acreditam que fé e obra são necessárias a salvação, o segundo que obras e sucessivas reencarnações nos tornam seres melhores, nos evoluem e nos iluminam.

Se usarmos essa visão protestante clássica e paulina, veremos que a maioria absoluta dos que se dizem protestantes ou oriundos do Protestantismo histórico, os evangélicos modernos, nada conhecem sobre o Protestantismo e são de fato a negação dele.

Se você acha que roupas, subir montes, jejuns, adereços causam a salvação ou ajudam na sua salvação, você é tudo, menos protestante. Na verdade, você está na contramão desse movimento histórico iniciado por Martinho Lutero.

Pense nisso e reflita sobre seu cristianismo!



[1]Artigo escrito em 22/03/2020, falando sobre a verdadeira essência do protestantismo. E o diferenciando de outros grupos, como cristãos católicos e espíritas.

[2] Segundo a doutrina católica Purgatório é o estado e o processo de purificação ou castigo temporário em que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o Reino dos céus.

[3]Luther é um filme teuto-estadunidense de 2003, dirigido por Eric Till, com roteiro de Camille Thomasson e Bart Gavigan baseado na vida do reformista alemão Martinho Lutero desde que ele tornou-se monge cristão até a Confissão de Augsburgo. Foi lançado no Brasil em 12 de novembro de 2004. Link do filme completo no YOU TUBE: https://www.youtube.com/watch?v=PlP-Xt4LLNg&ab_channel=Loctorman

[4]Colossenses 2:14

Dinheiro é o principal ídolo das civilizações[1]

 

 

Essa semana, escrevi um texto cujo título era “Idolatria uma marca dos seres humanos”. Nele eu discutia a capacidade inata do ser humano em criar ídolos para si e se prostrar a eles.

Os ídolos são muitos, eles se distinguem de lugar, cultura e civilização. Mas há um ídolo que prevalece desde tempos imemoriais, sua força atravessa milênios e séculos. Esse ídolo é o dinheiro.

Nenhum deus, nenhum espírito, nenhum orixá, nenhum ente da natureza divinizado, como sol, lua e eclipse, receberam e recebem tanta adoração, tanta devoção, tanto tempo e principalmente tantos sacrifícios como o deus dinheiro.

O dinheiro existe desde a Antiguidade, atravessou séculos e permanece todo poderoso e altivo entre nós.

Jesus usou a palavra hebraica Mamom (מָמוֹן), que significa literalmente dinheiro querendo ressaltar o perigo de transformar a riqueza em um ídolo, ao invés de ter o coração dedicado a Deus. Nesse sentido, o Mestre quis nos alertar que Mamom representa o domínio do dinheiro sobre a vida de uma pessoa.

Mamom na verdade descreve o apego a riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre é personificado com uma divindade.

Jesus diz em Mateus 6:24: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom".

Cristo estava ensinando que não se pode se dedicar a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo, e que Mamom aparece como um tipo de personificação das riquezas e possessões, que aqui incluem: dinheiro, propriedades, alimentos, roupas, etc. Logo, Jesus está se referindo a um tipo de cobiça que corrompe o coração do homem e o afasta de Deus.

Alguém já disse: "Maldito é o dinheiro que cala a boca de uns, compra a amizade de outros e acaba com o caráter de vários".

O amor e dedicação ao dinheiro têm feito a humanidade cometer ações insanas e cruéis.

Por dinheiro se mata.
Manda assassinar.
Suicida-se.
Prostitui-se.
Escraviza-se.

O dinheiro é fonte de destruição:

De si mesmo.
Do próximo.
Da natureza e de toda a biodiversidade.
Do sentido de humanidade.
Da fraternidade entre os homens.
Da solidariedade.
Da compaixão.

A adoração e devoção ao dinheiro retiram-nos o tempo, pois todos os ídolos requerem atenção.

Perdemos o tempo dedicado à nossa família.
Tempo que podíamos dedicar ao lazer.
Tempo dos nossos filhos que trocamos lhes dando coisas.
Tempo dedicado a cuidar mais de nós e investir em nossa vida e saúde.

Por último, quem dedica muito tempo ao deus dinheiro, quando ganha muito, perderá parte substancial dele, ou todo ele, consertando os estragos que essa busca e dedicação cega e incessante causaram como a perda da saúde física, psicológica e espiritual.



[1]Artigo escrito em 07/08/2019, que traz uma profunda meditação sobre a adoração ao deus dinheiro. A Mamom, o mais idolatrado de todos os deuses. Aquele que mais recebe adoração e devoção entre os entes divinizados.

As Testemunhas de Jeová e a prática nefasta do Ostracismo

 "Ser banido significa ir pra longe, muito longe. Pra um lugar onde as pessoas foram conscientes demais... '' Aldous Huxley

 

Há alguns meses, um grande amigo, ex-Testemunha de Jeová, me colocou num grupo nacional de ex-membros da "seita" por conta de uma palestra que eu ia ministrar cujo tema era "Intolerância Religiosa". Eles me pediram para falar sobre a prática do Ostracismo, que algumas religiões praticam, dentre elas a própria Testemunha de Jeová e a Cientologia que é uma religião norte-americana do ator Tom Cruise.

Ostracismo é substantivo masculino, sua origem provém da língua grega, e dela deriva-se o óstrakismós que significa punição política, isolamento ou exclusão (banimento, repulsa, exílio). É um termo proveniente da Grécia antiga, sobretudo, da Democracia Ateniense, era uma forma de punição aplicada aos cidadãos suspeitos de exercerem poder excessivo e restrição à liberdade pública. Ele foi criado pelo legislador Clístenes, na sua reforma para consolidação do regime democrático ateniense. Em linhas gerais, o ostracismo condenava o acusado à perda de seus direitos políticos e ao exílio durante dez anos, sem a perda de suas propriedades.

O historiador Cláudio Fernandes nos informa que:

 

"Quando os cidadãos atenienses percebiam que a ordem democrática poderia estar ameaçada, utilizavam-se de dispositivos que acorressem à sua manutenção. Um desses dispositivos era o ostracismo, que nada mais era do que o banimento ou exílio de algum membro da sociedade (geralmente um ator político ou militar). Anualmente, os cidadãos reuniam-se na Ágora para decidir em quem aplicar o ostracismo".

 

A votação era feita por meio da inscrição do nome dos candidatos em pedaços de cerâmica, chamados ostracon[1] (em grego), daí vem o nome ostracismo. Quem recebesse mais votos dos cidadãos era ostracizado, os mais famosos foram sob acusações de tirania ou pendor para a tirania. Exemplos notáveis são os dos participantes da Guerra do Peloponeso, os generais Temístocles e Tucídides, sendo esse último o famoso historiador e autor da “A história da Guerra do Peloponeso”.

Saindo da Antiga Atenas e aterrissando no presente. Vamos falar de outra prática de ostracismo, o praticado pelas Testemunhas de Jeová.

O ostracismo praticado pela Torre de Vigia[2] é quando um membro é desassociado pelos anciãos, os líderes da seita, isso porque as testemunhas de Jeová acreditam que aqueles de fora da religião podem prejudicar sua fé. Ou a desassociação ocorre pela saída do próprio fiel por conta própria por motivos pessoais, discordância doutrinária ou teológica.

Ao ser desassociado ou se desassociar a pessoa se afasta de familiares, é afastado do convívio de amigos de longa data, pessoas que são fundamentais em sua vida e fazem parte de toda sua história. Filhos são expulsos de casa, pai e mãe morrem doentes sem receber ajuda, visita e atenção de seus filhos, tios e sobrinhos rompem relações de forma permanente, e amigos que se amam passam a viver como estranhos e incomunicáveis.

Essa é uma situação causadora de muita dor, sofrimento, doenças psicológicas e até a morte de ex-membros das Testemunha de Jeová.

A BBC de Londres fez uma reportagem sobre o tema desassociação e ostracismo e obteve as seguintes respostas da Torre de Vigia:

·         "Se uma testemunha batizada viola o código moral da Bíblia e não apresenta evidências de que não continua a fazer isso, ela ou ele serão afastados e desassociados".

·         "Quando se trata desse afastamento, as testemunhas seguem as instruções da Bíblia, e, neste ponto, a Bíblia diz claramente: 'Removam os homens perversos entre vocês[3]'", afirma o texto.

Ailton Pereira, membro da Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e porta-voz das Testemunhas de Jeová no Brasil, diz que quanto à orientação de que familiares e amigos se afastem de pessoas desassociadas, a Bíblia determina na passagem 1 Coríntios 5:11-13 ser necessário cortar o relacionamento com alguém que mantenha uma conduta inadequada. "Seguimos os ensinamentos sagrados", afirma Pereira.

Diante de um comportamento considerado inapropriado, muitas vezes o afastamento ocorre para que "outros membros da família não sejam influenciados e a família seja preservada".

"O afastamento ocorre porque uma pessoa tomou o caminho. Se alguém está em um relacionamento imoral, é justo que o chefe de família proíba a pessoa de trazer seu companheiro para dentro de casa", explica Pereira.

Na verdade, essa orientação da seita de afastar os desassociados tem levado milhares de pessoas à tristeza extrema, à depressão, ao total isolamento e até ao suicídio. Não são poucos os relatos e reportagens que mostram de forma inequívoca o quão vil, desumano e abjeto é essa prática do Ostracismo.

Nesse grupo que faço parte criado por ex-integrantes das Testemunhas de Jeová, as histórias de ostracismos e suas consequências horrendas a suas vidas se multiplicam. O bom é que essa comunidade trabalha com a ajuda mútua, assim como, com atos de protestos e denuncias da seita, quando a mesma faz grandes eventos pelo Brasil.

Vejam a triste história de Lauren Stuart a seguir[4]:

“Aos 45 anos, Lauren Stuart parecia ter tudo, um marido bem sucedido, duas crianças com formação universitária, um portfólio como modelo e uma casa encantadora no porto de Keego com uma coroa de corações decorado na porta.

Mas, por trás da vida aparentemente idílica, os amigos dizem que Stuart lutou com a angústia de ser condenada ao ostracismo pela religião onde ela e seu marido foram criados. Cerca de cinco anos atrás, Stuart e seu marido deixaram as            Testemunhas de Jeová, uma denominação cristã que tem sido criticada por seu doutrinamento rigoroso e por sua prática de ostracizar ex-membros.

Na semana passada, Stuart baleou e matou seu marido e seus dois filhos adultos. A polícia encontrou os corpos na manhã de sexta-feira enquanto respondia a uma chamada de um parente preocupado.

A amiga de longa data da família, Joyce Taylor e outros amigos, acreditam que o assassinato e o suicídio foram consequência do ostracismo praticado pelas Testemunhas de Jeová. Ela disse que os Stuarts deixaram a religião há mais de cinco anos por causa de questões doutrinárias e sociais”.

Separar pessoas por conta de não comungarem da mesma ideia religiosa e discordarem de questões de fé e dogma é o exemplo mais vil de Intolerância Religiosa, de não aceitação da pluralidade de ideais e concepções teológicas.

As Testemunhas de Jeová deve ser denunciada, assim como a Cientologia e todas as religiões que praticam o ostracismo. Por esse ato insensível, desumano e impiedoso. Esqueceram que a bíblia diz que Deus não faz acepção de pessoas e que Cristo em Mateus 11:28-29[5] convocou a todos sem exceção a irem até Ele, para encontrar amparo e descanso para suas almas.

Todas as pessoas que não concordam com a prática do ostracismo, devem se unir para protestar e denunciar toda e qualquer prática nociva da Torre de Vigia e demais religiões que ao invés de pregarem sobre amor, solidariedade e compaixão, vivem a pregar uma mensagem de ódio, desamor, preconceito e intolerância.



[1] Ver imagem no topo do texto.

[2] Desde julho de 1879, os Estudantes da Bíblia (desde 1931, conhecidos como Testemunhas de Jeová) passaram a seguir a liderança de Charles Russell e a serem assinantes da revista A Torre de Vigia de Sião (em português, atualmente conhecida por A Sentinela - Anunciando o Reino de Jeová). Fonte: https://testemunhas.wikia.org/wiki/Sociedade_Torre_de_Vigia_de_Tratados_de_Si%C3%A3o

[5] Mateus 11:28-29 diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”





Entre o Diabo mítico e os Diabos humanos[1]

    


Sempre que converso com pessoas religiosas, sobretudo cristãs, elas me perguntam se eu creio no Diabo, no Satanás, no chamado "adversário de nossas almas". E para tristeza dos que me questionam minha resposta é: acredito nos diabos que vejo, somente nos diabos humanos!

A própria religião está cheia de líderes Diabos, que exploram a fé e a miséria do povo, mercadejam esperança e geram doenças psicológicas, dependência e alienação.

Ao ver programas como o apresentado por Datena e outros que exploram a violência cotidiana, percebo como têm satanases humanos. Como estamos cercados de demônios de carne e osso.

Hoje milhões de pessoas são escravas no mundo, mesmo em pleno século 21, por conta de governos humanos diabólicos. O Brasil sempre despontou no mundo como um dos líderes mundiais de trabalho infantil e inúmeras denúncias de trabalho análogo ao de escravo, assim como lideramos o ranking de violência contra a mulher e o que mais mata homossexuais no mundo. Tudo feito pelos demônios humanos.

Uma criança morre de fome a cada cinco segundos. E a cada quatro segundos, um infante perde a visão por alimentação precária, carência de vitamina A. Nosso país, mesmo sendo o maior produtor de alimento no mundo, é o que mais desperdiça e possui milhões de famintos e miseráveis. E tudo isso é culpa do egoísmo e da insensibilidade dos demônios humanos.

Acreditar na ilusão de que o homem, que é naturalmente mal, precisa de um ser espiritual chamado Satanás ou Lúcifer para fazê-lo pecar, é simplesmente assinar um atestado de desconhecimento da natureza humana e da história humana. É de fato uma ignorância colossal. Nós, seres humanos, somos uma criatura vil, mesquinha, egoísta e gananciosa. Só olhamos para nosso próprio umbigo e que se dane a humanidade e o restante da sociedade. A maioria absoluta das pessoas são desprezíveis e insensatas. Não precisamos de ninguém para nos fazer errar, pois essa é a nossa marca histórica. É a condição da espécie humana. Poucos são os que preferem viver uma vida de retidão e poucos erros, até os éticos, são certamente levados por sua própria natureza a equívocos grotescos e a atos insanos pela paixão, ira e furor!

Não tenha a desfaçatez de culpar o tal Diabo espiritual pelos seus erros. Não faça como o lendário Adão do Genesis, que disse após comer do “fruto proibido” e ser descoberto: "Foi a mulher que tu me destes", e a Eva mítica, colocou a culpa na serpente (diabo). Essa história não prova que o tal Satanás existe, mas que somos um ser desprezível que transfere culpa e têm dificuldades de assumir seus atos e erros!

Sendo assim, devemos admitir que quando traímos, fazemos por conta própria, porque não somos confiáveis ou com defeito de caráter. Não é nenhuma maldição hereditária, muito menos somos fracos diante do tentador. Fazemos conscientes!

Quando mentimos, fazemos porque queremos, porque sempre gostamos de levar vantagens, mesmo que para isso, passemos a perna no próximo, não porque fomos induzidos por um ser extra humano.

Quando matamos, fazemos pelo ódio, insensatez e estupidez, tudo próprio da natureza humana, não porque uma entidade da magia negra se apossou de nós!

Quando deixamos de ajudar o próximo, não foi porque uma entidade espiritual nos cegou, mas porque somos egoístas, avarentos e amantes de nós mesmos. Individualistas e desumanos.

O diabo mítico nunca existiu! Só existem diabos humanos! Só olhar ao seu redor e contemplá-los!

O meu exercício mental diário é o seguinte: Que eu esteja livre dos Diabos humanos! E que eu seja homem para assumir meus erros e equívocos, sem nunca ter que culpar o Diabo mítico. Livre da covardia e da falta de bom senso.



[1]Texto escrito em 21/01/2019 para responder a pergunta que sempre me fazem por eu lecionar a disciplina “Ensino Religioso Não Confessional”, O Diabo existe ou é uma figura mítica?

 

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Eu prefiro o ateísmo à religião

 

A palavra ateu significa anti Deus; contra Deus. Os ateus são, portanto, àquelas pessoas que negam a existência de Deus (no sentido monoteísta: judeu, cristão e islâmico), deuses (no sentido politeísta: hindu atual ou das centenas de religiões politeístas ao longo da história) ou a negação de quaisquer entes ou seres sobrenaturais (orixás, espíritos, guias e etc.).

Não é nesse sentido de negação dos Entes Sobrenaturais que concordo ou que percebo a suposta superioridade do ateísmo em relação aos distintos credos e religiões.

Não é nesse campo que os vejo em vantagem.

Ao olhar a história das religiões e política dos povos da antiguidade e dos países ocidentais percebo claramente a vantagem de ser ateu, descrente ou simplesmente um crente sem credo, uma pessoa que tem fé, porém sem religião.

Quem governa as prefeituras, Estados da federação e o governo brasileiro são pessoas ditas religiosas, não ateias, até porque se declararem descrentes não terão votos e não serão eleitas a absolutamente cargo algum, como já demonstrou uma pesquisa feita pela veja.

Quem governa países contra os direitos humanos, que não respeita a liberdade humana, que trata a mulher como objeto, os homossexuais como endemoniados e as outras crenças como satânicas, são os religiosos. Os piores países do mundo são dirigidos por líderes ou membros declarados de religiões.

Enquanto os países com o melhores Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo, estão num processo de descristianização[1] como os países nórdicos e outros, de laicização, adotando um estado laico; neutro, apesar da maioria da população ainda se declararem religiosa, caso de Alemanha e França e de ateísmo e agnosticismo crescente.

Como pode os piores países para ser viver serem dirigidos por religiosos? E de fato são! Como pode as nações mais corruptas do mundo terem dirigentes religiosos e uma bancada religiosa, como a do Brasil? E de fato são!

Esses dados incontestes provam que não é a religião que melhorar a conduta de um povo, pelo contrário, isso é uma grande falácia, quanto mais religiosa uma população é, pior ela é. Mais preconceituosa, ignorante, fechada, intolerante, machista e homofóbica ela é!

O que nos eleva é ter uma boa conduta independente de religiões e credos. O que importa é o que somos diante de nossos semelhantes, de nossa família, do nosso trabalho e da forma que vivemos e encaramos a vida. A conduta vale mais que a fé. Pois fé sem boas obras é morta, como dizia o apóstolo Tiago.

Eu prefiro o ateísmo à religião porque as religiões têm padrões éticos e morais de vida. Os famosos: "não matarás", "não roubarás", "não dareis falso testemunho". Mas a prática destoa e muito dos mandamentos. Enquanto vejo ateus sem mandamentos, sem prescrições morais, sendo morais e éticos na prática. Eis uma santa contradição!

 



[1] Deixando de ser cristão

Intolerância Religiosa e o Monoteísmo

 

 

Certa feita, numa escola pública que lecionava, a diretora me chamou preocupada, pois um pai havia reclamado de uma das minhas aulas, cujo tema era “Discriminação e formas variadas de intolerância”, pois segundo ele, o filho havia ficado perplexo, pois eu afirmei em aula que as religiões monoteístas são mais intolerantes que as politeístas e outros grupos religiosos.

A diretora sabiamente contornou a situação, e me disse que aquele pai era um líder de uma igreja evangélica do bairro, uma pessoa extremamente dogmática e religiosa. Pedi para que ela o chamasse para conversar comigo, pois iria explicar-lhe o porquê das religiões monoteístas serem tão intolerantes, e isso por motivos óbvios, e que se ele conhecesse bem as religiões monoteístas, saberia que a intolerância é a sua marca. Além do mais eu não citei nominalmente religião nenhuma, só o termo genérico monoteísmo. Mas infelizmente, aquele homem não me procurou!

Por que será que afirmo tão veementemente que as religiões monoteístas são mais intolerantes que todos os outros grupos? Por que também afirmo que a intolerância é a sua marca? Será que não estou equivocado?

Em primeiro lugar, todas as religiões são intolerantes. Sejam elas politeístas, monoteístas, animistas ou reencarnacionistas e etc., e isso pelo simples fato de todas elas afirmarem possuírem a verdade. E suas verdades serem absolutas, peremptórias e indubitáveis. Isso porque segundo as religiões, suas verdades (dogmas) são reveladas por Deus. Sendo assim, quem pode questioná-los? Ninguém, assim pensam os religiosos. É por isso que os dogmas são indiscutíveis, por exemplo, a crença na Trindade, no Celibato dos Clérigos e na ressurreição de Cristo (no catolicismo), na reencarnação (no Budismo, Hinduísmo e Espiritismo), na infalibilidade Bíblica ou Corânica como única regra de fé e prática e tantos outros milhares de dogmas.

Em segundo lugar, já falando do monoteísmo, ao afirmar a crença num único Deus, eu esteja também afirmando a inexistência de todos os outros deuses ou a sua falsificação, pois se existe um único Deus esse Ele tem que ser necessariamente de quem faz essa afirmação. Eis aí, porque é tão óbvio perceber sem nenhum esforço mental, o porquê da Intolerância dos monoteístas.

Vejamos o que diz Deuteronômio 6:4, que é a primeira confissão do monoteísmo no mundo, o texto mais importante para o judaísmo:

“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Deus.”

Se analisarmos esse verso do Velho Testamento que introduz o monoteísmo no mundo, fica claro a intolerância explícita nele, pois o texto afirma que só existe um Deus e essa deidade é o venerado em Israel, portanto todos os outros deuses sem exceção são falsos, não existem, são meras fabricações humanas.

Se olharmos o politeísmo, também chamado pejorativamente de paganismo, após a instauração do catolicismo como religião oficial em Roma, veremos que eles são um pouco mais tolerantes em relação a outros credos e religiões. Por exemplo, na cidade politeísta de Éfeso, uma polis grega, famosíssima na Antiguidade, havia um lugar destinado à adoração de milhares de deuses, tanto os de Éfeso e das outras polis gregas, como de todos os lugares conhecidos. Mas entre aqueles inúmeros altares havia um bem interessante, nele estava escrito: “Ao Deus Desconhecido”. O que esse altar e nome estranho queriam informar? Ele queria informar que se houvesse algum deus nos céus, que não foi representado e não tinha naqueles inúmeros altares um local para adoração, aquele escrito “Ao Deus Desconhecido” era seu.

A lógica do politeísmo não é excludente e exclusivista, por mais que não abram mão de seus deuses e dogmas. Sempre estão abertos a inclusão de outros deuses, “todos são bem-vindos”, os politeístas querem estar bem com todo mundo, melhor, com todos os deuses. Uma cena na novela da Record, que trata do cativeiro dos judeus em Babilônia, vista por mim, sem querer, na terça-feira passada, deixa claro o pensamento politeísta. Após o profeta Daniel revelar o sonho do rei caldeu Nabucodonosor, o imperador disse: “Vamos adorar agora, também, o deus dos judeus, mas Marduque sempre será o nosso principal Deus”.

Já a lógica monoteísta não é inclusiva, como a politeísta, mas excludente, exclusivista e intolerante. Isso porque ela afirma um único Deus como verdadeiro e reputa a todas as outras divindades como falsas. É por isso, que é muito comum chamar os entes divinos de outras crenças de Diabo e Demônio. Além de nunca reconhecerem e darem crédito a quaisquer manifestações religiosas além das suas.

Se você é monoteísta, como são a maioria absoluta dos brasileiros, pois somos uma civilização judaico-cristã, pelo menos admita, que a intolerância é a sua marca. Por mais politicamente incorreto que seja está afirmação! A definição do monoteísmo já introduz o exclusivismo.

sábado, 7 de novembro de 2020

Diferença de um país católico e protestante, no que tange a religião de seus presidentes.

 Brasil Católico teve dois presidentes protestantes: Café Filho que era presbiteriano e o General Ernesto Geisel, que era Luterano. Todos os outros eram ou se declararam católicos.

Já o Protestante Estados Unidos da América terá agora, se Joy Biden confirmar sua vitória, o segundo presidente católico, o primeiro foi John F. Kennedy. Todos os demais eram ou se declararam protestantes.

Uma curiosidade: Os Estados Unidos é um dos mais antigos estados laicos do mundo. De fato estado e igreja são separados. Mas todos os presidentes para serem eleitos devem frequentar uma igreja. Uns frequentaram por devoção e convicção religiosa, outros só para manterem esse "importante" ritual, conforme a sociedade e valores norte-americanos.

Donald Trump é um desses, nunca foi um religioso, mas frequenta igreja, especialmente em período eleitoral para ganhar e manter votos dos conservadores republicanos.

Sobre o Brasil: Bolsonaro é um católico confesso, que muitos acreditam que ele é evangélico, por sua proximidade com grandes líderes denominacionais desse segmento religioso, além de ter sido batizado pelo pastor Everaldo em Israel, no Rio Jordão em 2016.

Fernando Henrique Cardoso tem fama de ateu, até por ser um grande acadêmico e sociólogo. Mas não admite publicamente e mantém discurso de que é católico. Até porque se admitisse que era ateu, ele nunca ganharia uma eleição no Brasil. Em recente pesquisa da Revista Veja, a maioria absoluta dos brasileiros disseram que não votariam num ateu.

domingo, 1 de novembro de 2020

Como vão os candidatos Bolsonaristas a prefeito nas grandes capitais brasileiras?

 Bolsonaro disse em vídeo que não apoiava nenhum Candidato a prefeito. Isso é uma grande mentira. Ele apoia Russomano em São Paulo, Crivella no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte é Bruno Engler, em Salvador é Cezar Leite e etc..

Outra coisa: os candidatos dele perdem em todas as grandes capitais brasileiras. Em BH a derrota será avassaladora, pois o atual prefeito Alexandre Kalil possuí 63% das intenções de votos e 78% de aprovação popular.
Em Salvador também ocorrerá o mesmo que BH, o candidato Bruno Reis tem 61% das intenções de voto, já o candidato do presidente 1%.
Os candidatos Bolsonaristas ainda perderão em São Paulo, Rio de Janeiro, no Recife, que a corrida é liderada por João Campos e em Porto Alegre, cuja líder absoluta é a ex-vice de Fernando Haddad, Manuela D'Ávila.
A derrota de candidatos de Jair Bolsonaro mostra que sua rejeição é enorme e que sua popularidade está falsamente assegurada em alguns locais pelo Auxílio Emergencial. Se acabar o auxílio, acabou-se o mito.
O Bolsonaro de 2020 está longe de ser o de 2018. Pois lá ele tinha a seu favor o anseio populacional por mudanças, o antipetismo, a Operação Lava Jato, parte da grande mídia e robôs trabalhando nas Redes Sociais. Agora ele têm o Auxílio Emergencial e as muitas trapalhadas de seu governo.
Fica uma dúvida: será que usar o nome de Bolsonaro e seu boneco (Cabo Frio RJ) conquistam-se votos ou os perdem?? Russomano em São Paulo percebeu que os perdem.