CURIOSIDADES

visitantes

contador de acesso

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Não se politiza tragédias humanitárias e nem a dor alheia

 

Tenho visto centenas de posts nas redes sociais especialmente sobre a retomada de poder do Talibã e a saída desastrosa dos norte-americanos do Afeganistão. Mas, o que me incomoda nessas postagens é que elas não possuem o mínimo de preocupação humanitária: são, simplesmente, de cunho político e fanatismo ideológico. 

Se as pessoas que estão postando e fazendo política sobre o Afeganistão tivessem um mínimo de humanidade estariam dando ênfase, também, ao atentado e ao assassinato contra o presidente do Haiti, Jovenel Moise, e mais um grandioso terremoto que matou centenas de pessoas no país. Esse segundo episódio ocorreu na mesma semana da saída norte-americana do território afegão. 

Se fosse preocupação humanitária estariam preocupados com a interminável guerra na Síria que teve início em 2011 que, em 10 anos, nunca cessou e matou mais de 500 mil pessoas, a maioria civis. 

Cadê a preocupação humanitária com os 15 milhões de desempregados no Brasil? Com as nossas gritantes desigualdades sociais? Com a vexatória concentração de renda que deixa à míngua nosso povo sofrido e desalentado? 

Mas, os discursos dos desumanos politiqueiros tem por base a falácia de que o Brasil se tornará, no futuro, um Afeganistão, demonstrando, assim, um claro desconhecimento histórico e social sobre as duas nações, ou seja, a trajetória do Brasil – ex-colônia portuguesa e o maior país católico do mundo – e do Afeganistão – país localizado no Oriente Médio, de maioria absoluta islâmica e imerso em guerra há décadas desde a Guerra Fria, quando pertencia ao grupo de países com influência da antiga União Soviética.  

Esses discursos também querem culpar Joe Biden, o atual presidente dos EUA, se esquecendo ou não sabendo, claramente, que quem assinou o acordo da retirada norte-americana do Afeganistão foi Donald Trump, em 2020, acordo este assinado com o Talibã em Doha, no Catar. 

Deixo claro que as motivações dos discursos políticos envolvendo o Afeganistão, advém do fanatismo político, com altas doses de preconceito, desconhecimento histórico e escassez de humanidade. 

Não se politiza a tragédia humana. Não se politiza a dor alheia. Não se ideologiza o sofrimento humano.  

Que não sejamos insensíveis e inertes ao sofrimento humano e, muito menos, o usaremos com fim político-ideológico!

Respeite a vida. Solidarize-se com outros povos. Sensibilize-se com as tragédias que acometem a humanidade de tempos em tempos. Atualize o significado de compaixão em sua vida.   

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

O desespero e a dor dos afegãos e a nossa empatia

Por Acioli Junior*

Estamos assistindo uma tragédia humanitária no Afeganistão. Tragédia esta que afetará, em cheio, principalmente mulheres e crianças.
 
Mulheres que, até ontem, trabalhavam, estudavam e possuíam um mínimo de liberdade de expressão, a partir de hoje, não terão mais esse direito básico: voltarão a andar de burca cobrindo seus olhos, só poderão sair de casa acompanhada por um homem e, se não cumprirem a ordem dos fundamentalistas do Talibã, poderão ser queimadas com ácido ou serem mortas sem nenhuma cerimônia ou compaixão.
 
A Sharia – lei islâmica extremista – será a base da ordem do sistema político e social trazendo opressão, falta de liberdade e fanatismo religioso.
 
A população afegã está desesperada, tentando fugir do país e encontrar abrigo em nações vizinhas. Estradas e aeroportos lotados com mulheres, crianças e idosos fugindo da nova realidade e da vingança dos Talibãs que ficaram 20 anos fora do poder, desde a expulsão pelas tropas norte-americanas, em 2001.
 
O desespero foi tamanho que pessoas se agarraram a partes do avião americano que abandonava o país e caíram a muitos metros de altura. Essas pessoas preferiram a exposição à morte do que viver sobre o jugo de extremistas fanáticos.
 
O mundo todo assiste, consternado, inerte e imóvel a destruição de um povo e a decadência de uma nação.
 
Triste é constatar que a Organização das Nações Unidas (ONU), os EUA, inúmeras potências europeias e outros países que poderiam ajudar a diminuir a dor e a aflição do povo afegão, simplesmente assistem, de braços cruzados e sem a menor empatia, a tragédia populacional.
 
Sempre gosto de ressaltar que “o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença”. Quando a dor do outro não nos sensibiliza e nos move à prática do bem, somos semelhantes às bestas-feras ou a um ente inanimado como uma pedra, impermeável e impassível ao clamor alheio.
 
Devemos cultivar a compaixão, que era o sentimento que movia Jesus e que o impulsionava a amparar e remediar a dor daqueles que sofriam.
 
Compaixão é se colocar no lugar do outro. É se importar. É sentir a dor alheia. É sentir a tragédia pessoal ou coletiva de outrem, acompanhado do desejo de minorá-la. Também é a participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor.
 
Mesmo quando seres pequenos, como nós, relés mortais, sem poder político e grande influência considerarmos que nada podemos fazer pelo povo sofrido afegão, precisamos lembrar que devemos fazer, pelo menos, uma oração e súplica por eles, espalhar, nas redes sociais, a dor e o desespero daquela população e conclamar outras pessoas a também orarem, se possível doarem para minimizar o sofrimento daqueles nossos irmãos.
 
Sempre há a possibilidade de fazer algo no tocante ao próximo, por mínimo que seja; o que não podemos é nos mantermos inertes.
 
Não sentir a dor do outro e não ser tocado pela tragédia de nossos semelhantes é prova cabal de nossa insensibilidade, mediocridade e desumanidade.
 

 
*Acioli Junior é professor das redes públicas e privada de ensino. Possui quatro graduações, sendo três Licenciaturas (História, Geografia e Filosofia), uma graduação como Tecnólogo, no curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, e escritor.