CURIOSIDADES

visitantes

contador de acesso

sábado, 31 de outubro de 2020

Precisamos de uma nova Reforma[1]!

 


“A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço”. (Martinho Lutero)

 Hoje é um dia muito especial para os protestantes do mundo inteiro. Hoje faz 503 anos que o monge agostiniano Martinho Lutero fixou as suas 95 Teses contra as indulgências e outros abusos praticado pela igreja Católica medieval.

Infelizmente a maioria absoluta das pessoas evangélicas desconhecem quem foi Martinho Lutero e o dia 31 de outubro de 1517. Uma data muito importante para a história universal, sobretudo do Ocidente.

Lutero dividiu o mundo. Lutou contra a maior força política e espiritual de todos os tempos, a igreja Católica Apostólica Romana. Obviamente que não conseguiria êxito se do seu lado não estivesse parte da nobreza alemã.

Em todos os livros de História no ensino público em nosso país, do sétimo ano, está sendo narrada a sua saga e de outros protestantes, como João Calvino e Zwnglio. Assim como, dos pré-reformadores Jan Huss e Savonarola.

O que motivou a Reforma foi principalmente a Venda de Indulgências, ou seja, a igreja comercializa o perdão, as pessoas pagavam uma quantia em dinheiro para livrarem seus parentes vivos ou mortos, do purgatório e do inferno. Foi através do comércio das indulgências que foi construída a Basílica de São Pedro.

Outro motivo foi a Simonia, compra ou venda ilícita de coisas espirituais (como cargos eclesiásticos e sacramentos) ou temporais ligados às espirituais (como os benefícios eclesiásticos). Era comum na Baixa Idade Média, séculos XI ao XV, os nobres comprarem cargos religiosos, como de Cardeal e Bispo por certa quantia de dinheiro. Lembrando, que até essa época a igreja não havia instituído os seminários.

Outra coisa denunciada por Lutero e demais reformadores foram as vendas de relíquias sagradas. O escritor português Eça de Queiroz nos diz que somente em Portugal, a igreja vendeu tantos pedaços da cruz que daria para fazer cem mil cruzes. Vendia-se de tudo, desde o leite dos seios da Virgem Maria, espinhos da cruz, objetos pessoais dos santos etc., sem contar que também se cobrava para ver ossos dos apóstolos, santos, como um caso muito interessante, João Batista que na bíblia teve sua morte por decapitação, a igreja nesse período tinha 13 cabeças autênticas dele e as pessoas pagavam para vê-las. Lutero em uma de suas pregações ironizava a prática do clero ao dizer, que dos doze apóstolos de Cristo, 18 estavam enterrados na Espanha.

Esses incontáveis absurdos que eu poderia aqui multiplicar, juntamente com a corrupção generalizada do clero, aqui incluindo os papas do período, como Alexandre VI e Leão X, levaram a um descrédito imenso a igreja. Ela de fato precisava ser reformada.

Lutero se enganou achando que poderia reformar a igreja. E quando o papa em 1521, declarou sua excomunhão e ele foi perseguido pelo Tribunal do Santo Ofício (Inquisição), como herege, ou seja, aquele que vai de encontro a sã doutrina, ou o que estava estabelecido pelos papas. E assim, à revelia de sua vontade e satisfazendo os interesses dos príncipes alemães que sonhavam em se livrar do jugo pesado de Roma, surge a Igreja Luterana, a primeira igreja protestante. Logo a seguir, Ulrich Zwínglio, João Calvino e o rei inglês, Henrique VIII, também levam a reforma a outros países europeus dividindo a cristandade no continente.

O papa Paulo III, em 1542, convocou um concílio. Que entre os anos de 1545 e 1563 se reuniu, na cidade italiana de Trento, para tentar conter os avanços da reforma protestante. Surge aí a Contra Reforma ou Reforma Católica.

Dentre as principais decisões do concílio de Trento, podemos citar:

- Condenação à venda de indulgências (um dos principais motivos da Reforma Protestante, que foi duramente questionada por Martinho Lutero).

- Criação do Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros proibidos) que condenavam obras contra os dogmas católicos ou aquelas que não agradavam o clero católico.

- Confirmação do princípio da salvação pelas obras e pela fé.

- Ressaltou a importância da missa dentro da liturgia católica.

- Confirmou o culto aos santos e à Virgem Maria.

- Reativação da Inquisição (Tribunal do Santo Ofício).

- Reafirmou a doutrina da infalibilidade papal.

- Confirmou a existência do purgatório.

- Confirmação dos sete sacramentos.

- Proibição do casamento para os membros clero (celibato clerical).

- Criação de seminários para a formação de sacerdotes.

- Confirmação da indissolubilidade do casamento.

- Medidas e decretos visando à unidade católica e o fortalecimento da hierarquia.

Umas das considerações mais importantes sobre a Contra Reforma, foi a admissão da igreja de muitos de seus erros, principalmente da Venda de Indulgências. Como também, as afirmações de outras doutrinas duramente criticada por Lutero e demais reformadores, tais como, os cultos aos santos e a infalibilidade papal.

O que me levou a escrever esse excerto, não foi o aniversário da Reforma a princípio, mas a notória observação que nós precisamos de uma Nova Reforma urgente!

Tanto a igreja Católica quanto as protestantes históricas e esse grupo chamado evangélico com suas inúmeras ramificações precisam rever muito de suas práticas e dogmas.

Hoje muitas igrejas agem como se tivessem na Idade Média, as indulgências voltaram, a barganha, a negociata e a falta de pudor eclesiástico são claramente percebidos.

Jesus deixou de ser um mestre, um transformador de corações e vidas e passou a ser marca, virou produto no famigerado mercado religioso. Seu nome gera bilhões de dólares. Virou de marca de refrigerante no Nordeste à empresa que lava dinheiro, como a de Eduardo Cunha, chamada: Jesus.com. Perdeu-se o temor!

Milhões de pessoas são espoliadas no Brasil e no mundo através do mal uso do nome de Jesus. A mensagem que deveria trazer libertação, tornou-se fonte de exploração.

Eu ouso a dizer que o que se instalou em nosso meio hoje é muito pior que Lutero enfrentou no século XVI. A igreja se tornou um ajuntamento de assaltados, pelos piores criminosos da história, àqueles que extorquem o último centavo da pessoa em nome de Deus.

Multiplicaram-se campanhas, as mais bizarras possíveis, como a famosa Fogueira Santa, que pede todo o salário do fiel. A igreja não sabe se precisa de dinheiro para viver ou se vive por causa do dinheiro. Numa inversão de valores extrema.

Nunca antes precisamos de uma reforma. Há um texto famoso nas escrituras que diz, que se não nos levantarmos a pregar e denunciar o erro as pedras clamarão. Espero que não seja necessário as pedras clamarem. Mas que nós possamos nos levantar e proclamar uma nova reforma.




[1] Artigo escrito originalmente em 31/10/2015, em comemoração aos 498 anos da Reforma Protestante, hoje esse evento que mudou a história do Ocidente tem 502 anos. O mesmo teve início em 31/10/1517.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Quem é Deus pra mim?

 

Pergunta que sempre me fazem. Ouso responder:

Deus é Auto Existente, Transcendente e Imanente. Além de ser o Ens Necessarium e a Causa não causada. Explico!

Deus é Auto Existente porque ele existiu de si mesmo. Nada o causou. Por isso, ele é a Causa não causada. O causador de tudo. Todas as coisas criadas são efeitos dessa causa primeira, que é Deus!

Também é o Ser Necessário. Ou seja, sem ele nada do que existe existiria, pois todos os seres e entes do universo são seres possíveis (mera contingência e possibilidade). Sem esse ser que É, nada poderia ser e existir nunca. E nada existiria jamais!

Ele também é transcendente. Porque ao mesmo tempo em que ele criou ou engendrou tudo. Ele não é esse tudo. Ele está fora da criação. Ele a transcende.

Ao mesmo tempo ele é imanente. Pois sendo a Causa de tudo e ao mesmo tempo transcendendo a criação. Ele permanece imanente a ela, presente na criação. Por isso a coisa criada dá testemunho do criador e é o esplendor de sua glória.

 

 


 

Hoje é dia do funcionário público reflita:

 Servidores não servem aos políticos e a nenhum governo, mas ao Estado e a população.

Quem quer acabar com o funcionalismo público quere antes de tudo a corrupção, o apadrinhamento, as portarias políticas e as “rachadinhas”.

Funcionários públicos concursados nunca permitirão dividirem seus salários com vereadores, parlamentares e assessores, pois a sua remuneração é fruto de seus estudos e do seu trabalho, não de negociação com um padrinho político.

Toda a tentativa de demonização do funcionalismo público está por trás a corrupção, o mandonismo e o domínio dos cargos públicos para negociá-los com seus cabos eleitorais e curral eleitoral.

Servidores públicos são livres. Votam em quem quiserem. Não vivem sobre amarras e pressões políticas.

 


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Aos depressivos, sem sentido e caminhantes ao suicídio

 

Se não há sentido em nós, não haverá no mundo.

Se não há amor por nós, não haverá pelo próximo ou familiares ou ocorrerá o pior; paixão extrema ao próximo e desamor por nós!

Antes de haver graça no mundo, temos que sentir graça em nós mesmos.

Só vive em plenitude quem sente amor por si, graça em si e sentido em seu viver.

Procure se enamorar de si mesmo e um novo horizonte se abrirá com novas perspectivas!

Lembrando: "O suicida não quer se matar, ele quer exterminar a sua dor".

Mas quando valorizamos a nós mesmo, superamos qualquer dor e adversidade.

Pois a vida é assim: ou a gente senta e lamenta, ou levanta e enfrenta.

    [1] Escrito em 02/12/2019, marcado pela preocupação por aqueles que sofrem de depressão, síndrome do pânico, fobia social e suicídio. Texto foi escrito por conta de uma postagem claramente suicida de uma amiga no Facebook, esse excerto foi minha resposta a sua postagem.

 


 

 

domingo, 25 de outubro de 2020

Não devemos abrir mão de um bom programa de lazer

 

 

Sei que vivemos um período de extrema dificuldade financeira onde milhões de pessoas estão desempregadas ou com subemprego que mal dá para pagar as contas do mês. A insegurança ronda todos nós, especialmente aqueles que habitam em grandes centros ou em regiões metropolitanas de grandes cidades.

Tanto a crise econômica como a insegurança e o crescimento da violência fazem com que nos encastelemos em nossas residências e não desfrutemos momentos de lazer com a família e os amigos.

As dívidas e o medo são poderosos inimigos do entretenimento e do lazer. Mas eu desafio-lhes, a não se limitar por sua condição financeira e pelo medo advindo da insegurança. Gosto da frase de um autor desconhecido que diz: "Se você obedece a todas as regras, acaba perdendo a diversão". Sim, não obedeça às regras do caos: transgrida-a! Divirta-se!

Rémy Gourmont já nos informava: "O lazer, eis a maior alegria e a mais bela conquista do homem".

O grande médico brasileiro, Dráuzio Varella, já nos passava seu brilhante receituário: "O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa”. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. O bom humor nos salva das mãos do doutor. Alegria é saúde e terapia!

O lazer não gera felicidade, entretanto gera momentos de prazer e entretenimento que aliviam a existência humana e tornam nossa caminhada mais leve, uni familiares e deixam mais fortes os laços de amizade. Os momentos de lazer tornam a alma mais leve!

Devemos buscar na boa música, cinema, teatros, jogos, passeios e viagens formas de entretenimento, mas não podemos deixar de ser um bom divertimento na vida das outras pessoas. Como salienta Ester Correia: "O melhor entretenimento é aquele que você leva beleza e alegria às pessoas felizes, e também consegue alcançar os desiludidos e tristes".




 



[1] Texto escrito em 12/10/2019 para refletirmos sobre a importância de momentos de lazer e entretenimento na vida dos seres humanos.  

A Globo é o Diabo de todo mundo[1]

 Numa postagem que fiz sobre a deputada Sâmia Bonfim que humilhava a Ministra do atual governo, a controversa e estapafúrdia Damares Alves, um amigo fez um comentário totalmente estranho e desconexo ao post, que dizia “80 Tiros só um morreu, e o motorista. Você anda vendo muito a Globo e acreditando muito em notícias sem analisar ANTES. Os do banco de trás não sofreram nada, só o motorista? Estranho né” (sic)[1].

Eu respondi o seguinte:

“Quem disse que foram 80 tiros não foi a Globo, foram os peritos da Polícia Civil. Informe-se melhor! A Globo cumpriu com o papel de levar informação, como os demais canais de TV. Por que só a Globo mentiu (pior inventou) se todos os canais também noticiaram a mesma informação????

O problema das pessoas é que elas transformaram a Globo no Diabo, no Bode Expiatório. Se por exemplo, ela crítica o PT, como fez e faz, sobretudo, no processo de impeachment e denunciando o Mensalão e o Petrolão, aí os petistas dizem que a emissora é de Direita ou está a serviço do PSDB. Se a Globo crítica o governo Bolsonaro e suas falas racistas e discriminatórias, ela é petista e de esquerda. Se criticasse o governo Temer e a políticos criminosos do PSDB, também era petista.

Os crentes e católicos não deixam de assistir suas novelas e seriados, mas abrem a boca para dizer que a Globo é do Diabo e que corrompe a juventude, destrói os valores familiares e corrompem os bons costumes.

Menos hipocrisia e mais realidade! A Globo não inventou essa notícia, assim como quase 100% do que passa no Jornal Nacional, ela simplesmente relatou o que os peritos disseram, assim como todos os meios de comunicação. Por que você não diz: tu andas vendo muito o SBT? A Record? A Bandeirantes? Pois todas noticiaram a mesma coisa.

Além do mais, para uma pessoa que se diz cristã (ele se declara evangélico) deveria dizer como a maioria disse: “Deus realizou o milagre, dando um grande livramento àquela família, pois somente um morreu, mesmo com 80 tiros dados, segundo a perícia.”

 

A humanidade sempre teve uma péssima mania de transferir culpa e de procurar bodes expiatórios para as próprias mazelas, para os problemas da vida e do mundo. E nos últimos anos para desculpar os erros graves e grotescos de seus partidos políticos, de corruptos de estimação e da sua ideologia. Nesse contexto que a Globo se tornou bode expiatório. Vejam só! As novelas globais sempre foram criticadas por “violência”, “pornografia” e por ser a favor do homossexualismo. As novelas da Record sempre mostraram muitas cenas de violência e também de relações sexuais. Assim como novelas da Antiga TV Manchete, como a lendária “Pantanal" e as novelas mexicanas do SBT.

Além do mais, programas como Zorra Total da Globo não tem nem 1% de falas pornográficas, se comparado ao Programa “Praça É Nossa" do SBT, com personagens como Paulinho Gogó e Mateus Ceará.

O programa de reality show da Globo, o Big Brother Brasil, em nada se diferencia da Fazenda da Rede Record da Igreja Universal, que inclusive é uma imitação piorada do primeiro. Em ambos os programas já rolaram cenas de sexo, na Fazenda teve até sexo na piscina com pênis aparecendo ao vivo[2].

E no campo político, como bem expressei acima, a Globo tem virado a desculpa para não admitir que políticos de estimação, sejam de fato criminosos, pois foi nela onde falaram de seus crimes, foi ela a primeira a noticiar aquele famoso esquema de corrupção, a sentença condenatória de um parlamentar, o mensalão, o esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) e etc. Ela não foi a única, mas a desculpa recai sobre a emissora!

Por isso, dá mesma forma que culpar a prisão do Lula, o impeachment da Dilma e os esquemas de corrupção do PT e seus aliados, como conspiração da emissora é um argumento burro e leviano, como o eleitor do PSL dizer que o Bolsonaro não é racista, misógino e preconceituoso só porque a Globo noticiou inúmeras das suas frases discriminatórias. Ou que não tinha candidaturas laranjas no PSL ou que o Flávio Bolsonaro não seja envolvido com milícias cariocas ou que seu parceiro, o sumido Queiroz, não seja criminoso.

Até quando vocês vão hipocritamente culpar a Globo, mas continuar usando suas inúmeras reportagens contra os seus adversários políticos e ideológicos, pois é assim que os hipócritas fazem, usam a reportagem da emissora contra inimigo político da vez. Mas não aceitam reportagem dela contra seu político de estimação, com a desculpa esfarrapada da manipulação que nesse caso só existe se for contra o seu corrupto predileto. Se for contra os adversários vale, e ainda a reportagem deve ser utilizada em redes sociais.

Assim como, você religioso que diz na sua igreja e em meios a seus “irmãos” de fé que a emissora é contra a família, mas tu, hipócrita, não perde um capítulo da novela das 9.

Menos hipocrisia, mas realidade e realismo!



[1]Texto na íntegra. O comentário desse meu amigo faz referência à morte de um músico numa comunidade do Rio de Janeiro assassinado por soldados do exército brasileiro com 80 tiros. Veja a reportagem: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/04/militares-do-exercito-matam-musico-em-abordagem-na-zona-oeste-do-rio.shtml.


[1] Escrito em 24/02/2019, falando da capacidade humana de criar bodes expiatórios.

[2] Texto na íntegra.

[4] Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A Sophofobia e o ataque paulatino ao saber

   

A “sophofobia” é a aversão ao saber. É a ojeriza aqueles que buscam o conhecimento, é o ódio a universidade como promotora de ciência, pesquisa e conhecimento. É o ressentimento contra aqueles que puderam se formar ou que estão concluindo o ensino superior. É a tentativa de rebaixar a academia. De desmerecer professores e a titulação acadêmica.

A “sophofobia” é a revolta do iletrado aos que passam ou passaram a vida toda dedicada ao conhecimento e a sua produção.

Sophia em grego significa sabedoria, já fobia tem o significado de medo, falta de tolerância ou aversão.

Creio que a “sophofobia”[1] é um neologismo criado por mim, se já existi, eu desconheço, mas ao pensar no que vem ocorrendo no Brasil, veio à mente essa palavra.

Muito se tem discutido nas últimas semanas sobre o corte ou como o governo prefere o contingenciamento na verba da educação. Uma coisa é certa, em todos os governos após a redemocratização houve cortes nas verbas destinadas a educação, saúde, segurança e inúmeras outras áreas. Bolsonaro não foi o primeiro nem será o último a fazê-los. Todavia, nunca houve em nenhuma outra gestão o que tem ocorrido nessa, que é a perseguição as universidades públicas promotoras de conhecimento, pesquisa e ciência. A perseguição esdrúxula aos professores, com a tentativa de amordaçá-los com o Projeto Escola Sem Partido que não teve início nesse governo, mas foi apoiado pelo presidente, seus filhos e principalmente pelo partido que os elegeram, o PSL.

O presidente e o ministro da Educação Abrahan Weintraub perseguem de forma leviana e abominosa a área humana, sobretudo, a Filosofia e Sociologia e já deixaram claro em seus discursos que irão retirá-las. Lembrando que ditadores e pseudoditadores odeiam essas duas disciplinas, por gerarem senso crítico, cidadãos autônomos, questionadores e pessoas atentas a realidade social.

A intenção do governo é perseguir Paulo Freire que é o maior educador do Brasil e da América Latina e um dos maiores do mundo, o terceiro autor mais citado em trabalhos acadêmicos, é também o patrono da educação brasileira e estudado no mundo inteiro pelas mais renomadas universidades.

Embora Paulo Freire possua mais de 30 títulos de doutor honoris causa, o governo quer retirar dele o título de patrono da educação do Brasil. Isso é um retrocesso e perseguição inominável!

O presidente também disse que não quer que os alunos estudem sobre política. Ele deixou claro em seu discurso na posse do novo ministro da educação que tem como um dos objetivos da pasta desestimular o interesse de crianças e adolescentes por política nas escolas. “Queremos uma garotada que comece a não se interessar por política, como é atualmente dentro das escolas, mas comece a aprender coisas que possam levá-las ao espaço no futuro[2]”, disse.

Jair Bolsonaro esqueceu que três de seus filhos são políticos. Flávio é senador pelo Rio de Janeiro, Eduardo é deputado federal por São Paulo e o Carlos é vereador também no RJ. A lógica é: filho de pobre não pode se interessar por política, mas meus filhos podem viver da política. Uma grotesca contradição!

Além de tudo isso, o presidente e seus filhos têm como ideólogo e guru, um pseudofilósofo, Olavo de Carvalho, que nem conseguiu concluir o Ensino Fundamental[3]. Por isso, percebe-se seu ressentimento da academia e acadêmicos.

Contudo ainda vemos os eleitores idólatras do “mito" destilando ódio as universidades públicas, ojeriza aos professores chamando-os de doutrinadores, marxistas, comunistas e menosprezando-os. Além de postarem avalanches de fotos fake news com imagens de jovens nus que eles dizem estarem numa universidade pública brasileira, e que na verdade é a maioria de estrangeiros, e, por conseguinte foram desmascaradas em inúmeros jornais e sites contra boatos nas redes sociais. Sem contar as postagens que chamam os estudantes de maconheiros e usuários de drogas. Essas atitudes têm o intuito de corroborar e ratificar o “contingenciamento” das verbas, tudo com a finalidade de desmerecer a academia e ratificar as atrocidades contra a educação.

Torno a dizer que o próprio ministro da educação nunca foi um acadêmico, coleciona histórico universitário medíocre e inúmeras notas baixas, como o zero no seu registro acadêmico na USP[4], por isso, é outro ressentido da academia.

Infelizmente vivemos sobre o império da Sophofobia. Essa é a discriminação do momento. Traduzida no ressentimento, na aversão e no ódio da academia e dos promotores do conhecimento.

Um país dirigido por quem tem ojeriza à educação nunca vai para frente!



[1]Eu ao escrever esse texto não tinha conhecimento desse neologismo: “sophofobia” (ojeriza ou aversão ao saber ou a aqueles que sabem). Eu simplesmente juntei essas palavras por conta de seus significados para formar uma nova palavra que tinha tudo a ver com o que queria escrever. Alguns leitores desse artigo disseram que esse neologismo já existia; o que foi uma grata surpresa.

[2] Acesse o link da matéria: https://veja.abril.com.br/politica/bolsonaro-cita-objetivo-de-desestimular-interesse-por-politica-nas-escolas/

[3] Acesse a matéria: https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/252212/olavo-de-carvalho-abandonou-escola-e-nao-concluiu-.htm

[4] Acesse o link: https://www.cartacapital.com.br/politica/ministro-da-educacao-confirma-que-tirou-nota-zero-na-usp/



sábado, 24 de outubro de 2020

E se houvesse pena de morte no Brasil?

 

A Constituição Federal de 1988 veda todo tipo de tratamento vil e desumano aos brasileiros natos e naturalizados; e também ao estrangeiro em território nacional. Com isso, a prisão perpétua e a tortura são proibidas em nosso país.

Mas a pena de morte está prevista em nosso ordenamento jurídico e na supra citada Constituição. Mas essa punição só poderá ocorrer no Brasil em caso de guerra declarada a nação estrangeira. E a execução será feita mediante fuzilamento. Portanto, mesmo proibindo o tratamento desumano aos presidiários, é permitida a pena capital em caso de guerra contra nações estrangeiras. Até porque nesse caso o mesmo se aplicará a nós brasileiros por parte da nação em conflito.

Mas à pena capital é proibida no país em tempos de paz.

As perguntas a serem respondidas são: Com a pena de morte haveriam menos crimes em território nacional? O contingente prisional cairia absurdamente? Muitos responderiam sim a essas questões. No entanto, não passa de ledo engano! Países como os EUA que possuem a séculos a pena capital[1] além de ter alto índice de criminalidade é o que tem o maior número de detentos no mundo.

A Revista Super Interessante nos informa:

“São os Estado Unidos, com cerca de 2,3 milhões de presos. Em seguida vêm China, com 1,65 milhão de detentos condenados – estima-se que haja outros 700 mil à espera de julgamento –, e Rússia, que passa dos 800 mil presidiários[2]”.

Depois da Rússia vem o Brasil, com cerca de 750 mil presos[3]. Esse número gritante de detentos nos presídios e delegacias brasileiras é porque 2/3 desse contingente ainda estão à espera de um julgamento.

Pena de morte em um país como o Brasil marcado por uma gritante desigualdade social e por ser extremamente punitivo a negros, pobres e favelados ao passo que as classes mais abastadas e a classe política gozam de impunidade histórica, seria um genocídio dos menos favorecidos.

A lei aqui nunca se aplicou igualitariamente a ricos e pobres. A classe política eleita e a cidadãos comuns. Os chamados crimes do colarinho branco ou crimes das elites abastadas, sempre andaram com a complacência do sistema jurídico nacional e com a prescrição de crimes.

Portanto, pena de morte no Brasil significaria o extermínio de negros, pobres e favelados. Extermínio esse que já ocorre todos os dias em inúmeras cidades brasileiras. Mas com a pena capital implantada pelo Estado só iria oficializar o genocídio diário dessas populações marginalizadas pelo poder público. Ao mesmo tempo em que a classe alta e política continuariam andando de tornozeleiras eletrônicas como punição para seus crimes, viajando e curtindo em grandes Resorts.

Não é o punitivismo das populações carentes que irá acabar ou amenizar a criminalidade. A criminalidade se combate minimizando as gritantes desigualdades sociais, diminuindo a concentração de renda nas mãos de uma elite, com políticas de geração de emprego e renda e com educação de qualidade, para que os jovens e adolescentes brasileiros se qualifiquem para o concorrente mercado de trabalho.

Enquanto houver pobreza e miséria haverá altíssima criminalidade. É por isso que uma grande cidade brasileira como Rio de Janeiro, São Paulo ou Fortaleza ocorrem mais crimes em um dia que na Noruega, Suécia e Finlândia em um ano. Pois esses países minimizaram as desigualdades e a concentração de renda, com um estado mais eficiente.

Enquanto não atacamos os geradores da violência e da criminalidade continuaremos querendo usar meios para punir os menos favorecidos, entre esses meios está a pena de morte num país desigual onde as elites são privilegiadas pela lei e pelo sistema de justiça.



[1] A primeira sentença de morte registrada nas Colônias norte-americanas britânicas foi do capitão George Kendall realizada em 1608, que foi executado por fuzilamento na Colônia de Jamestown por espionar em nome do governo espanhol.

[3] Segundo o site oficial do governo brasileiro em 2019 o Brasil tinha 758.676 detentos. Acesse: https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2020/02/dados-sobre-populacao-carceraria-do-brasil-sao-atualizados#:~:text=Considerando%20presos%20em%20estabelecimentos%20penais,liberdade%20em%20todos%20os%20regimes.

Perdemos a paixão pela Seleção

Eu nasci em maio de 1978, infelizmente a melhor das seleções brasileiras eu não vi jogar, a de 1982. Sempre nutri um profundo saudosismo, parafraseando a frase do momento: “saudades do que não vi". Até hoje tenho saudades do que não poderia assistir por conta do meu nascimento, essa citada seleção e a de Pelé, de 1970.

Como eu gostaria de ter visto Garincha e seus dribles desconcertantes, Rivelino, Didi e os gênios da bola.

Mas a Copa de 1986 eu lembro da derrota nos pênaltis para França, depois do empate por 1 X 1, com gols de Zico e Platini que me marcou profundamente. Pois junto com ela veio a decepção sobre Zico, o maior jogador do meu time, o Flamengo, de todos os tempos, que perdeu um pênalti na decisão. Zico, Careca, Sócrates, Edinho e outros craques ao perderem levaram uma nação inteira ao choro e desespero profundo. Acabaram com o sonho e churrasco de muitas famílias.

Depois veio a Copa de 1990, outra grande decepção: fomos derrotados por nosso maior inimigo, a arquirrival Argentina, com um golaço de Caniggia após jogada de Maradona. Assim o Jornal O Globo da Época comentou o fato:

 

“Pelas oitavas de final, o Brasil enfrentou a Argentina em 24 de junho, no Stadio Delle Alpi, em Turim. Na primeira meia hora, a Seleção Brasileira mostrou um futebol digno de seu prestígio. Entretanto, o tempo foi passando e o gol não saía. Aos 30 minutos do segundo tempo, a Argentina saiu jogando e a bola foi parar nos pés de Maradona. Em apenas oito segundos, o craque tirou Alemão do lance, escapou de um carrinho de Dunga, passou por Ricardo Rocha e tocou para Caniggia, que driblou Taffarel e chutou para o gol, que estava vazio. A partir de então, a Seleção Brasileira saiu dos eixos. Lazaroni chegou fazer duas substituições: Mauro Galvão por Silas e Alemão por Renato Gaúcho. Quando o árbitro Joël Quinou apitou o final do jogo, o Brasil estava fora da Copa, com uma das piores participações desde 1966, quando foi eliminado nas oitavas[1]”.

 

Em 1994, enfim o tetra campeonato com show da dupla infernal Bebeto e Romário. O grito de campeão mundial entalado desde 1970, foi solto de maneira emotiva e desesperada por Galvão Bueno abraçado com Pelé aos berros: É tetra, é tetra, é tetra... com certeza foi a narração mais apaixonada e entusiasmada do Galvão. Essa Copa nos marcou profundamente, digna do país do Futebol, um povo apaixonado por esse esporte de massas.

Já a Copa de 1998, foi ao meu ver a maior decepção de todos os tempos depois da Copa do Mundo do Brasil de 2014 e do maracanaço de 1950. O começo, na minha análise um tanto leiga, estava claro a falta de entusiasmo, de paixão e a notória passividade da Seleção brasileira. Pois todo torcedor reconhece quando seu time do coração ou seleção do seu país perde para um adversário mais forte ou num dia inspirado. O que ninguém aceita de jeito nenhum, é a apatia, falta de luta, de entusiasmo numa final de Copa do Mundo, ainda mais sendo a França, a anfitriã do evento.

O Brasil perdeu por três a Zero, dois gols de Zidane, o crack da Copa, e um de Petit. Foi um vexame tão grande que parte significativa dos brasileiros e comentaristas esportistas acreditam até hoje que foi vendida aquela Copa. A história da convulsão de Ronaldo Fenômeno, poucos minutos antes da partida ainda é um episódio sob suspeita.

Mesmo o Brasil se sagrando campeão mundial em 2002, com uma seleção brasileira com time mediano, que não era a franca favorita, não teve a paixão, o entusiasmo e o fervor dos tempos de outrora. Tivemos derrotas no passado que foram muito mais sentidas do que a vitória nesse campeonato. A população brasileira não era a mesma em relação a seleção.

Em 2006 em diante, pelo menos em minha cidade, acabou-se uma das coisas mais lindas e apaixonadas feitas pelos torcedores, que era pintar as paredes das casas de verde e amarelo, com caricaturas dos nossos heróis-jogadores, com bandeirinhas nos postes. Coisa mais linda. Nada mais apaixonante e sincero. Uma devoção do povo a sua seleção. Infelizmente, meus filhos nunca viram tal manifestação de amor. Talvez, nunca verão. Uma pena. Algo lastimável!

Nem em 2014, com a Copa do Mundo Fifa no Brasil, a população recuperou a paixão pela seleção brasileira. E o pior, parte significativa da população do “país do futebol” contestou o evento, dizendo que ao invés de gastar bilhões em construção e reformas de Estádios, deveriam investir em hospitais públicos melhores e em educação. Contestar o Mundial na nação considerada ultra apaixonada por futebol e que chorou vigorosamente com derrotas e vitórias em muitas Copas, é uma inversão de valores, expressa fim do entusiasmo com nossa seleção.

O Brasil não é o mesmo. A paixão acabou. Pouquíssimos são os brasileiros que mantém amor pela nossa seleção.

O 7X0 da Alemanha no Brasil no Mineirão foi a pá de cal que faltava para enterrar a paixão e amor de milhões de brasileiros.

Esse desamor pela Seleção só tem aumentado, principalmente por terem transformado os estádios em local privilegiado das elites e da classe média alta. Com os preços exorbitantes dos ingressos, a população pobre, foi expulsa do palco dos jogos. Agora só podem assistir as partidas pela TV. Fazer do esporte de massas, um privilégio de ricos é assassinar o esporte ou mata-lo paulatinamente.

Hoje, em plena Copa América, o segundo campeonato mais importante para a Seleção brasileira, vemos a população se queixando da interrupção do campeonato brasileiro. Um campeonato entre 20 clubes empolga mais que uma seleção recheada de atletas milionários, que não representa mais a nação. A que ponto chegamos! Estamos com saudades de ver o Flamengo, Corinthians, Palmeiras e os demais clubes brasileiros e querendo que a Copa América acabe logo, sem se importar se a nossa seleção será campeã ou não.

Término esse texto dizendo: chegamos no fundo do poço. Infelizmente não parece ter volta. Só temos que lamentar!



[1] https://oglobo.globo.com/esportes/argentino-sobre-brasil-na-copa-de-90-inacreditavel-quantidade-de-gols-que-perdeu-22781558. Acessado em 29/06/2019. 

Fazendo justiça em nome da História: sobre racismo no futebol

 

Hoje fui surpreendido por um colega, professor de Educação Física, que me "encomendou" um texto sobre Racismo no futebol, e logo depois, assisti a um vídeo numa rede social exaltando o Vasco da Gama como o clube pioneiro na inclusão de negros no esporte.

Essas duas situações levaram-me a pesquisar sobre o tema. Então, início essa reflexão com a afirmação de Peter Burke: "A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer". Pois bem, a sociedade tentar esquecer ou apagar muitas coisas, dentre elas a lembrança da escravidão, do racismo velado e da discriminação racial e social recorrente na sociedade brasileira.

Justiça seja feita, não foi o Vasco da Gama o pioneiro na inserção de negros no futebol brasileiro, como muitos pensam e afirmam apaixonadamente, apesar de que o clube teve fundamental importância nesse processo de inclusão do negro no esporte.

Entretanto foi o Bangu o primeiro clube carioca e brasileiro a colocar um atleta negro em campo, Francisco Carregal, em 1905. Num esporte que chegou ao Brasil, vindo da Inglaterra, como de elite, o Bangu fez história colocando homens de cor e operários pobres para jogarem. Os atletas eram formados, em grande parte, pelos operários da Fábrica de Tecidos Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro.

Essa audácia custou caro ao clube, em 1907, a Liga Metropolitana de Football publicou um documento proibindo o registro de "pessoas de cor". O clube, então, optou por abandonar a Liga e não disputar o Campeonato Carioca.

Infelizmente, há muitos anos, o Bangu deixou de ter a glória dos tempos de outrora, e por ter uma torcida minúscula, poucos são aqueles que exaltam a importância histórica do clube, principalmente para o povo negro.

Outro clube considerado pioneiro por muitos pesquisadores é o paulista, Associação Atlética Ponte Preta de Campinas. A Macaca, como é chamado, quer provar que foi o primeiro clube do Brasil a escalar um negro. Miguel do Carmo, um rapaz de 16 anos, é citado em ata de agosto de 1900 como um dos jovens fundadores e atletas do clube. Todavia a Fifa, órgão máximo do futebol internacional, se recusou a sancionar tal feito por não existir nenhuma comprovação em arquivos públicos. Tais como jornais e periódicos da época informando sobre esse feito. Entretanto há historiadores interessados em comprovar esse fato e têm feito um incansável trabalho de pesquisa, sem êxito até o momento.

Segundo o jornalista esportivo Mário Filho, os outros clubes cariocas na época, especialmente Botafogo e Fluminense se mantinham elitizado e somente com atletas ingleses.

Tanto o América quanto o Fluminense são acusados de escalarem jogadores negros e mulatos[1] com seus corpos maquiados com pó de arroz. No decorrer da partida o suor ia tirando a maquiagem e a torcida gritava "pó de arroz, esse episódio, segundo alguns pesquisadores, fez com que esse se tornasse o apelido da torcida do tricolor carioca.

O Vasco da Gama quando adotou o futebol como uma das suas modalidades esportivas, não tinha o dinheiro e prestígio dos clubes mais antigos e tradicionais no esporte, foi exatamente por isso, que ele montou um time com negros e operários pobres. Foi campeão do campeonato de 1922 da segunda divisão, subiu para a primeira e ganhou o campeonato de 1923.

Foi a partir desse segundo ano vitorioso, que surgiu uma polêmica racial. Os clubes ressentidos com os campeonatos conquistados pelo Vasco fundam uma nova liga, a AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Athleticos) e a condição que eles dão para que o clube cruzmaltino participe é a exclusão de 12 de seus jogadores, todos os homens de cor. Porque segundo a AMEA "eles não apresentavam condições especiais para o convívio esportivo". A diretoria do Vasco, que já havia feito história em ser o primeiro clube a ter um presidente negro no Brasil, em 1904, não aceitou as condições impostas e preferiu jogar campeonatos com clubes menores mantendo negros e pobres em seu elenco. Essa decisão fez o clube ganhar a simpatia de muitos torcedores.

Contudo por pressão popular, o Vasco da Gama voltou à liga entre os grandes cariocas e ainda construiu com ajuda popular, o maior estádio do Brasil na época, São Januário, que foi construído em 1927, e essa era outra exigência da Liga racista e preconceituosa, que o clube possuísse um estádio para jogar com os clubes ricos e elitistas.

Portanto, o Bangu, a Ponte Preta e o Vasco da Gama são os grandes responsáveis pela inserção do negro, do mulato e de operários pobres no futebol brasileiro.

Mesmo Pelé, o rei do futebol, o maior artilheiro de todos os tempos e eleito atleta do século XX sendo negro e o orgulho da nossa nação, não fez com que atos de injúria racial deixassem de ocorrer nos estádios brasileiros, tanto em jogos nacionais, como em jogos da Taça Libertadores da América.

Esse câncer que é o racismo estrutural, a discriminação racial e atos de injúria não foram erradicados em pleno século XXI.

Por isso, não basta não sermos racista, devemos denunciar o racismo e todas as formas de discriminação.

O esporte, sobretudo o futebol, deve ser usado como integração da população, nunca como instrumento de discriminação e inferioridade de certos grupos.

Parabéns aos clubes citados que em tempos de ignorância e de racismo declarado lutaram bravamente contra a opressão do negro e dos menos favorecidos.






[1] Existe uma interpretação etimológica da palavra “mulato” que deriva do substantivo mula, e hoje é considerada um termo racista.