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segunda-feira, 31 de maio de 2021

A saúde pública no Brasil

 

Pode parecer antagônico, mas o Brasil possui um dos melhores sistemas de saúde pública do mundo. O SUS (Sistema Único de Saúde) é universal. Universal no sentido de que todos em território nacional, até mesmo os estrangeiros, são atendidos gratuitamente em nosso país, em qualquer hospital público, de qualquer Estado e município brasileiro. Até mesmo hospitais privados de ponta prestam serviço ao SUS.

Só para ilustração, a cidade de Armação dos Búzios, ex-distrito de Cabo Frio/ RJ, é uma das cidades brasileiras, desde a década de 1980, que mais atende estrangeiros gratuitamente, por conta da quantidade gigantesca de visitantes, sobretudo da América do Sul, ao Balneário.

O ex-presidente Lula certa feita numa palestra disse que se virou para o ex- presidente norteamericano Barack Obama e afirmou: "Obama, cria o SUS nos Estados Unidos". Pode parecer piada, o próprio Lula conta isso em tom jocoso. Mas teoricamente a saúde pública brasileira é melhor que a dos EUA e da maioria dos países do mundo, por ser gratuita e universal.

Por exemplo, o Brasil desponta como um dos poucos países do mundo que custeia tratamentos e remédios caríssimos, como o coquetel do HIV, remédios importados de doenças degenerativas e o tratamento de todos os tipos de cânceres, com quimioterapia e radioterapia.

E nos demais países, como o supracitado Estados Unidos, e nações riquíssimas da Europa, a saúde é paga. Ou seja, não existe gratuidade, muito menos universalidade. Nesse sentido eles são infinitamente piores que nós. Pois se não se tem como pagar, simplesmente não há atendimento, internação e cirurgias. Só em alguns casos, todavia, a conta do hospital irá para o endereço do paciente. Não pagando, esse perderá a casa ou automóvel.

O filme "Um ato de coragem[1]" que tinha Denzel Washington como ator principal, é uma denúncia grave aos EUA, pois um pai sequestrou parte da equipe médica de um Hospital e os obrigou que fizessem o transplante de coração de seu filho porque ele não tinha como pagar a cirurgia e seu plano de saúde não cobria a operação. Mostrando que o país mais rico do mundo não possuí saúde gratuita nem aos mais necessitados de sua população.

Para minimizar o acesso à saúde privada e cara de seu país, Obama criou em 2014 o "Obamacare", uma lei federal que deixava a saúde mais barata para a população norteamericana mais pobre. Isso beneficiou 19 milhões de pessoas, mas a lei foi abolida por Donald Trump, no primeiro mês de seu governo.

Mas se o Brasil tem um sistema de saúde pública tão bom na teoria e na lei (em muitos aspectos na prática, dependendo do município e governante), por que existe o caos da saúde pública no Brasil? Por que ela é tão sucateada? Por que o atendimento é péssimo e as condições dos hospitais públicos normalmente são horrendas?

Em primeiro lugar, essas condições têm como principal fator a corrupção generalizada. Segundo a Agência Brasil, nosso país gasta 3,8% do PIB com a saúde pública.

"Os gastos públicos com saúde no Brasil equivaleram a 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2015. O país está na 64ª posição em gastos com saúde, no ranking com 183 países, ‘ligeiramente superior’ à média da América Latina e Caribe, que gastam 3,6% do PIB, e abaixo dos países desenvolvidos, que aplicam, em média, 6,5% do PIB em saúde[2]".

 

Segundo o "Transparência Brasil[3]" o orçamento da Saúde para 2019 é de R$ 122,60 bilhões. Parte significativa desse montante infelizmente é desviado.

A corrupção mata por falta de ambulâncias para recolher os doentes.
Mata por falta de equipamentos nos hospitais.

Mata por falta de investimento em insumo e medicamentos, inclusive, bem baratos.

Mata por falta de equipamentos, sobretudo nas UTIs dos hospitais públicos.

Mata por não contratar bons profissionais para atender à população carente.

Mata porque quem marca as consultas rápidas nas prefeituras são vereadores e seus assessores, e os enfermos que não querem usar esse meio corrupto e nefasto só conseguem marcar suas consultas para depois de 3 meses.

Mata porque desviam o dinheiro destinado a esse fim nobre: o cuidado com a saúde da população.

Aqueles que desviam e roubam o dinheiro da saúde pública são bem mais que corruptos, são bem mais que assassinos, são genocidas! Pois não matam como fazem o ladrão comum e o traficante, uma, duas ou dez pessoas. Eles matam milhões de seres humanos que deveriam ser tratados com dignidade e que os elegeram sonhando em ser bem representados.

O político corrupto é o mais vil e indigno dos seres humanos. São assassinos em série quando assaltam a saúde pública.

Em segundo lugar, soma-se à corrupção o desamor e a falta de cuidado de muitos profissionais de saúde que, ao atenderem aos mais ricos em hospitais privados e através de plano de saúde, promovem um atendimento vip e extremamente cuidadoso. Mas quando estão a atender no posto de saúde e na UPA os menos favorecidos, nem olham no rosto do paciente, sempre dão o mesmo diagnóstico: Virose!

Infelizmente, o fato também ocorre em minha área, muitos profissionais da Educação dão tratamento diferenciado nas escolas privadas, em detrimento da escola pública. Posturas antiéticas, desumanas e lastimáveis!

Poderia citar também fatores preponderantes como a informatização do sistema de saúde pública, a burocratização e outros, mas os citados acima são os que de fato fazem toda a diferença.

Não adianta a teoria ser perfeita se a prática é abjeta e ignominiosa!

 



[2] Acesse o site: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-11/brasil-gasta-38-do-pib-em-saude-publica

[3] Lançado pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União em 2004, o Portal da Transparência do Governo Federal é um site de acesso livre, no qual o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é utilizado, além de se informar sobre assuntos relacionados à gestão pública do Brasil.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

O que deveria ocorrer com baladeiros e quem faz aglomerações sem máscaras, especialmente para políticos?

 Essa é uma pergunta que sempre faço. Muitas das vezes admito que quase perco a humanidade em desejar que aqueles que se aglomeram em baladas, shows e especialmente para exaltar políticos deveriam ficar sem hospitais e respiradores em caso de contaminação pelo novo coronavírus.

Esse sentimento me ocorre sempre que eu vejo postagens em Redes Sociais daqueles que são apaixonados por determinados políticos que não respeitam o distanciamento social, não usam máscaras e fazem aglomerações que são grande fonte de contágio.

Mas esse sentimento que me sobrevém é algo que devo controlar e vigiar, pois como diz as escrituras: “Irai-vos mas não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Não devemos transformar momentos de ira e indignação em ódio ou rancor. 

Conversando com um grande amigo, cristão exemplar e uma pessoa extremamente digna e compassiva, eu lhe relatei esse sentimento e a aversão que tenho a pessoas insanas que colocam suas próprias vidas e da sua família em risco por conta de aglomerações que poderiam ser evitadas. Ele sabiamente me disse:

“Eu entendo sua indignação, penso um pouco parecido, por exemplo, baladas não deveriam ser impedidas nem fechadas, mas permitidas e registradas pela equipe de saúde e segurança pública, deixando claro o seguinte: fiquem aí, divirtam-se, mas se precisarem de hospitais e respiradores já sabem, serão os últimos da fila. Primeiro serão atendidos os trabalhadores que são obrigados a saírem para trabalhar colocando muitas das vezes suas vidas em risco pegando ônibus e trens lotados por conta da necessidade e sobrevivência. Esses terão prioridade, baladeiros e tietes de políticos serão os últimos e se houver vagas”.

Achei extremamente sábio o que meu amigo disse, as autoridades sanitárias e de segurança não deveriam tirar-lhes o direito ao tratamento de saúde, mas retirar a prioridade, dando valor aqueles que de fato estão em risco não por livre vontade, mas pelas forças das circunstâncias e condições de sobrevivência.   

Se o Brasil tivesse um povo bem educado, consciente e com bom senso: as manifestações provocadas pelo presidente da República com centenas ou milhares de pessoas aglomeradas sem máscaras e as baladas que desdenham de 450 mil mortos por covid-19, seriam vistos como algo vil, desprezível e ignominioso. 

Num país sério o Chefe de Estado não promoveria tais coisas, se o fizesse receberia o repúdio social, seria execrado, perderia o cargo e teria seu péssimo exemplo condenado pela sociedade. 

Como bem disse hoje o repórter André Trigueiro:

“Em vez de passeios de motocicleta ou aglomerações antissanitárias, que tal ocupar os fins de semana...

Visitando hospitais;

Encorajando equipes de saúde;

Encorajando famílias enlutadas;

Distribuindo cestas básicas;

Doando sangue;

Divulgando ações solidárias”. 

Como bem disse Lima Barreto; “O Brasil não tem povo, tem público”. Devemos deixar de ser meros expectadores e sermos sujeitos ativos, que cobrem postura digna da população e também do chefe maior da nação.





sábado, 22 de maio de 2021

Discordarmos política e ideologicamente não deveria fazer de nós inimigos

 Um amigo no Facebook me marcou numa postagem onde ele criticava de maneira ácida o doutor Serginho, um dos pré-candidatos à Prefeitura de Cabo Frio/RJ para a eleição 2020. 

O vídeo da postagem mostrava o doutor Serginho, um conhecido deputado bolsonarista, no aniversário de um deputado estadual do PT, André Ciciliano. Ambos são parlamentares na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), eleitos no último pleito eleitoral. 

O vídeo ridicularizava Serginho, zombava dele com frases do tipo: "Aliança pelo Poder", numa provocação ao novo partido de Jair Bolsonaro, Aliança pelo Brasil.

Ao assistir ao vídeo eu fiz o seguinte comentário:

"Bem, o doutor Serginho não é nem seria meu candidato. Primeiro porque não o conheço. Segundo, porque ele é de uma ideologia política totalmente contrária ao que defendo. Todavia, não vejo nenhum problema nesse vídeo, pelo simples fato de que políticos em partidos "rivais" ou em ideologias antagônicas, não precisam ser necessariamente inimigos, pelo contrário, podem ser amigos.

Eu tenho inúmeros amigos bolsonaristas, mas eu sou um crítico ferrenho do bolsonarismo e da idolatria e paixão que os “bolsominions” têm a seu "mito". Estar em lados opostos na política não deveria fazer de ninguém inimigos. Creio que esse seja o caso do vídeo".

Eu nunca desfiz amizades por causa de posicionamentos políticos. Mesmo sendo um crítico ferrenho e ácido de muitos que nos governaram, seja no âmbito municipal, estadual e federal. Criticava bravamente os governos de FHC, do PT, de Temer e agora de Bolsonaro. Assim como fiquei 5 eleições para governador anulando no segundo turno e quatro vezes nas eleições presidenciais por não me sentir representado. Mas isso nunca vai fazer eu perder o contato e convívio com aqueles que pensam diferentemente de mim. 

Não relativo amizades, pois sei da importância que são os amigos em nossa vida, principalmente daqueles que dizem na nossa cara que estamos equivocados, que nos criticam esperando de nós uma melhoria em nossa vida. Os verdadeiros amigos são aqueles com quem nós não precisamos usar máscaras e fingir que somos algo que de fato não somos. Os amigos verdadeiros nos amam e respeitam mesmo apontando nossos equívocos e estando em campo político ou ideológico distinto do nosso.

Eu não sei o que levou o doutor Serginho a ir ao aniversário do deputado petista. Até porque não conheço ambos. Mas se foi a amizade, ambos estão de parabéns. Demonstraram que diferença em campos políticos não são superiores à amizade.

Como eu adoro dizer: "Nem toda amizade se baseia em amor, mas o amor se traduz em amizade".

Pense nisso e valorize seus verdadeiros amigos. Eles são preciosos e raros.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Reflexões sobre Homofobia e sua criminalização[1]

 

 

Durante minhas aulas de Sociologia, falo sobre diversos tipos de discriminação. Os temas que tenho abordado são sobre o preconceito, racismo, injúria racial, misoginia, xenofobia e homofobia.

Muito mais importante que levar conhecimento a meus alunos sobre essas temáticas, que são importantíssimas, é levar cidadania e humanização.

Dentre esses tópicos, gostaria de esclarecer o leitor sobre a Homofobia. Isso porque, dentre as discriminações ela e a misoginia são as mais expressivas no Brasil. Infelizmente em nosso país há uma generalização desse comportamento. Atitude essa que tem sido reforçada quando autoridades políticas e religiosas fazem discursos homofóbicos, o que de certa forma "autoriza" outros a fazê-los ou encoraja-os.

O termo homofobia surgiu pela primeira vez nos EUA, nos anos 70. Mas foi a partir dos anos 90 que passou a ser difundido no mundo.

Homofobia é o ódio ou aversão aos homossexuais ou à homossexualidade, é o preconceito e a discriminação contra gays, lésbicas, transexuais, travestis e bissexuais.

O que caracteriza a homofobia são o sentimento e ações de perseguição, xingamento, humilhação, difamação até assassinato de homossexuais ou LGBTQ.

Muitas pessoas erroneamente acreditavam que a Homofobia era crime no Brasil há alguns anos. Ledo engano! Só há 8 meses ela foi reconhecida legalmente como conduta criminosa, no dia 13/06/2019.

E o mais interessante é o fato de que quem a determinou como conduta criminosa foi o Supremo Tribunal Federal (STF), alegando omissão inconstitucional do poder legislativo. Foram 10 de 11 ministros que reconheceram a letargia do parlamento em tratar do tema.

Diante desta omissão, por 8 votos a 3, os ministros determinaram que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por "raça, cor, etnia, religião e procedência nacional".

O que eu queria discutir com esse texto é o que gerou essa evidente omissão legislativa em relação a essa questão. Por que a nação onde mais LGBTQI+ são assassinados no mundo demorou tanto a criminalizar a homofobia?

Porque infelizmente a maioria absoluta dos brasileiros são homofóbicos. Aprovar uma lei que puna essa conduta nefasta é o mesmo que fazer com que os parlamentares que votassem a favor dessa matéria perdessem milhares de votos, podendo por fim a sua carreira política.

Pense comigo! Imagine parlamentares da segunda maior bancada do Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Evangélica, ter um ou mais de seus membros votando favorável à lei que puniria a homofobia. Esses congressistas não ganhariam mais eleições nem para síndicos de prédio, quanto mais para deputados e senadores, ainda seriam execrados por suas bases eleitorais, as igrejas evangélicas, sendo taxados de endemoninhados e apostatas da fé.

Mesmo outros parlamentares que não fazem parte da bancada religiosa ao votarem a favor dessa matéria, perderiam milhares de votos. Já deixei bem claro que a homofobia é uma discriminação horrenda, porém generalizada na sociedade brasileira.

Pode parecer antagônico, porém o que dá milhares ou até milhões de votos no Brasil não é combater a homofobia, como parece ser o correto e sensato. Mas ao contrário, é fazer declarações homofóbicas, é destilar preconceito, é ser insensível e desrespeitoso com a sexualidade dos homossexuais, é acusar os gays e lésbicas de promíscuos e coisas terríveis e vis. Pois, fazendo assim, aqueles milhões de discriminadores dirão: “Esse me representa. Esse tem coragem de dizer o que eu penso.” Ou ainda: “Esse tem coragem de expressar o que eu não tenho coragem, mas acredito que seja o certo.”

É por isso que muita gente não compreendeu o sucesso de políticos como Jair Bolsonaro e de líderes religiosos como Silas Malafaia. Eles simplesmente são porta vozes de milhões de pessoas que pensam como eles, que são discriminadores e homofóbicos como ambos. Muitos explicitam suas discriminações outros por medo ou receio de se expressarem e serem mal vistos, têm neles seus heróis, suas vozes, suas inspirações.

Sei que é difícil e desalentador admitir que somos um povo medíocre, preconceituoso, insensível e ignorante. Que tratamos nossos semelhantes, os homossexuais, como se fossem inferiores e anormais. Mas anormal e horrendo são aqueles que não conseguem enxergar e constatar que o outro tem o direito de ser, viver e crer de forma diferente. Que a mesma humanidade que os heterossexuais possuem, os homossexuais também possuem. Que a mesma cidadania e respeito dado a um têm que ser imputado ao outro.

Em tempos de perseguição ao STF, que eu sempre destilei duras críticas, vai aqui meu agradecimento, por ter feito dessa prática horrenda, a Homofobia, crime no Brasil.





[1] Texto escrito motivado por uma série de aulas que ministrei sobre Homofobia. Esse texto faz parte da aula sobre a criminalização da homofobia e por que o poder legislativo se eximiu de criminalizá-la. Foi escrito em 04/03/2020.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Por que a Princesa Isabel não foi protagonista no processo de Abolição da Escravatura?

 

1- O Brasil sofria pressão internacional da Inglaterra e outros países que já haviam a décadas posto fim a Escravidão.
2- Havia uma pressão pelo Brasil ser o último país a manter o trabalho compulsório no mundo Ocidental e nas Américas.
3- Havia um forte movimento abolicionista no Brasil, no final do século XIX, com jornais de grande circulação e influência, com abolicionistas negros e brancos.
4- A maior prova de que o fim da Escravatura não foi uma benesse da monarquia, ou da princesa Regente Isabel, foi o fato de que um ano e seis meses após a Promulgação da Lei Áurea, teve fim o período monárquico, com a Proclamação da República em 15/11/1889 e o exílio da monarquia.
5- A Lei Áurea veio precedida de 4 outras leis abolicionistas, não sendo ela a única como pensam muitos leigos em História.
Teve a Lei Feijó, conhecida como "a Lei para inglês ver", de 1831 que proibia o tráfico de escravos e impõe penas aos importadores;
A Lei Eusébio de Queiroz de 1850, que de fato põe fim ao Tráfico Transatlântico e criminaliza quem a infringisse;
A Lei do Ventre Livre de 1871, que considerava todos os filhos nascidos de escravos livres a partir da data da Promulgação da lei;
E a Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotegipe, de 28 de setembro de 1885, que concedia liberdade aos cativos com mais de 60 anos de idade.
6- Mesmo antes da Lei Áurea abolir o fim da Escravidão no Brasil, algumas províncias (Estados) já haviam posto fim a Escravidão, como o Ceará, que foi o primeiro em 25 de março de 1884 e o Amazonas.
7- No fim do século XIX a escravidão antes aceitável e vista como natural, passou a ser enxergada como algo cruel, vil, desumano e desprezível por um número cada vez maior de pessoas no mundo ocidental e no Brasil.
Essas são razões históricas que acabam com o mito do protagonismo da Princesa Isabel e com a falácia que o fim do escravismo foi uma benesse da monarquia. Na verdade, o governo monárquico estava moribundo e próximo do fim em 1888, ano da Promulgação da Lei Áurea.
Texto: Acioli Junior, historiador nascido em 13/05/1978, noventa anos após a Lei Áurea.
Obs.: Hoje completam 133 anos após o fim oficial da escravidão e da Promulgação da Lei Áurea.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Ação da Polícia no Jacarezinho: alguns apontamentos


A ação policial hoje na Comunidade do Jacarezinho bateu recorde de número de mortes, foram 25, sendo 24 suspeitos e 1 policial civil, superando e muito a chacina de Vigário Geral, que teve 21 mortes, em 29 de agosto de 1993.

O Brasil e o Rio de Janeiro mais uma vez se tornam manchete mundial por conta de uma ação policial contra o tráfico de drogas.
As perguntas que se sobrepõem num momento como esse são as seguintes: “Alguém já viu a polícia agir como agiu hoje em territórios dominados pelas Milícias? Ou será que o intuito foi retirar o tráfico e colocar os Hermanos dominando a comunidade?
Tanto as organizações criminosas como Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando (TC ou TCP), Amigos dos Amigos (ADA) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), esse último que atua principalmente em São Paulo, são instituições criminosas como são as Milícias, que têm como membros em sua maioria ex-militares, tais como membros das Forças Armadas, das Polícias e de membros do Corpo do Bombeiro Militar, grande parte de agentes aposentados ou reformados.
As milícias oprimem centenas de comunidades no Brasil, no Rio de Janeiro seu domínio se estende a inúmeros bairros e favelas, cerca de 12 milhões de pessoas vivem oprimidas pelas suas ações.
Mas a Polícia quase nunca entra em áreas de milícias, muito menos comete chacinas em seu reduto. Assistem elas crescendo, especialmente na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, inclusive construindo condomínios e furtando terras do Estado e do Governo Federal.
As Milicias cobram tarifas de comerciantes, do transporte coletivo, especialmente de Vans, dominam o serviço de internet, a chamada “gatonet”, assim como serviços de gás de cozinha, além de hoje se aliarem com o tráfico de drogas e também traficarem. Além de elegerem políticos, serem apoiados por ex-prefeitos, ex-governadores, por deputados estaduais e federais e até pelo atual presidente da República, no período que ele era deputado.
Além disso tudo, milicianos foram condecorados na ALERJ por deputado, mesmo alguns deles estando preso, como Adriano da Nóbrega, assim como receberam de Flávio Bolsonaro a maior honraria do Estado, a Medalha Tiradentes, e serem fantasmas junto com seus familiares no gabinete citado deputado.
As Milícias que são tão criminosas como as facções do tráfico de drogas não recebem o mesmo tratamento do poder público, pelo contrário, estão em conluio com o mesmo, ajudam elegê-los e financiam suas campanhas.
Além de todo esse estado escabroso de coisas, assistimos o total desrespeito da Polícia contra os mais pobres, invadindo suas casas sem mandado judicial, assassinando pessoas dentro da casa de moradores da comunidade, atirando a esmo e com total falta de respeito. Nunca ocorreria o mesmo num bairro de classe média e muito menos num condomínio de luxo.
Devemos sim combater o crime organizado. Mas para tanto não se pode passar por cima da Constituição Federal e muito menos deixar de respeitar os moradores e suas garantias individuais e coletivas.



domingo, 2 de maio de 2021

Apontamentos sobre as manifestações do 1º de Maio

 No sábado, 1º de maio, muita gente saiu as ruas em carreatas e manifestações a favor de Jair Bolsonaro, contra o STF, contra o poder Legislativo e pedindo Intervenção Militar. 

Isso acontece no mesmo momento em que o Brasil é o “covidário” mundial, lidera em números de mortes, com milhões de casos de covid-19, além de ser produtor de novas variantes de coronavírus.

Como pode alguém com o mínimo de bom senso, amor a sua vida, da sua família e que respeita a sociedade sair às ruas e se aglomerar para exaltar políticos?

No mesmo dia dessas manifestações o Brasil passou de 406 mil mortos e teve 2656 mortes num único dia decorrente da Covid-19.

Qualquer festinha em casa com mais de quatro pessoas no momento que estamos vivendo já é altamente condenável pelos especialistas e de grande risco a saúde, quanto mais em uma manifestação com centenas ou milhares de pessoas e com maioria sem máscaras, é a festa do Coronavírus. É a maior manifestação de fanatismo, estupidez, ignorância e desamor.

Esse texto não é uma censura aos correligionários do presidente da República somente. Toda e qualquer aglomeração, seja por fins de divertimento, como baladas, jogos de futebol e festinhas, como de reunião religiosa e, obviamente, aglomeração com cunho político-partidário. Portanto, se as manifestações fossem para Lula, Ciro Gomes, Sérgio Moro, Mandeta e para quaisquer outros candidatos ou possíveis candidatos ao pleito eleitoral de 2022, continuaria sendo uma manifestação idolátrica, estúpida, contra a vida, abjeta e ignominiosa.

Não importa a favor de quais políticos foram as manifestações, importa destacar que ela deve ser condenada e vista como uma ação criminosa contra a saúde pública, ou seja, contra a coletividade. Vivemos num momento pandêmico, onde a conscientização e a participação da sociedade é fundamental para o controle e propagação da doença e consequentemente da queda dos números de contágio e mortes. 

O que merece ser destacado é que parte do povo brasileiro, além de envergonhar a nação perante o mundo por suas ações nefastas, ainda se gaba pelo mal que faz e pela estupidez e idolatria de suas ações. 

A maior prova de que se exaltam por suas atitudes horrendas são as imagens falsas que postam das manifestações, com intuito de torna-las gigantescas, infinitamente maiores do que de fato foram. Imagens essas que são da Jornada Mundial da Juventude de 2013, assim como das Manifestações de Junho de 2013, que começaram por causa de vinte centavos. 

Além de serem contra a vida, igualmente dão prova os manifestantes  que são ignorantes ou com grave deficiência de caráter. Quem repassa fake News sem saber é ignorante e quem o faz sabendo é mentiroso, sem escrúpulos e mau-caráter. 

O fanatismo político no Brasil tem o mesmo perfil suicida do fanatismo religioso de inúmeros grupos religiosos ao redor do mundo. Só temos que lamentar e esperar que se crie leis para punir tais gestos contra a sociedade. 

Não fazem qualquer sentido lógico as manifestações e aglomerações para quaisquer fins, especialmente para fins políticos. A vida, o bom senso e a razão agradecem!