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domingo, 18 de dezembro de 2022

Ano novo e antigas falsas promessas de saúde, paz e prosperidade

 


Embora eu não acredite em signos, li, agora há pouco, uma postagem na qual dizia que meu suposto signo (Touro) está entre os que mais conseguirão prosperidade financeira em 2023, juntamente com Aires e Sagitário. Será mesmo que todos os taurinos, arianos e sagitarianos ou parte significativa deles vai enriquecer em 2023? Acreditar nisso é o mesmo que acreditar em Papai Noel, Duendes e Fada Madrinha.

Não vai demorar muito e as igrejas irão começar – se já não começaram – a fazer campanhas fajutas e milagrosas com promessa de prosperidade, saúde física e felicidade com os títulos: "Ano de Davi", "Ano de Abraão", "Ano de Gideão" e ano de qualquer outro importante personagem do Velho Testamento.

Já está em tempo das previsões mentirosas e mirabolantes dos astrólogos e profetas da última hora sobre o próximo ano.

As empresas de Rádio, TV e, esse ano, também de podcast, já estão levando os fanfarrões, vendedores de ilusão prometendo um ano de 2023 maravilhoso, como eles fazem todos os finais de ano.

Segundo esses orientadores, cada ano que se iniciar será maravilhoso! Daí, quando se chega em março ou abril a ficha cai e os iludidos nas religiões, pela mídia e pelos prognósticos caem na dura e triste realidade que têm de trabalhar muito e passar por apertos, dores e perda no ano que se inicia.

Os profetas da felicidade, saúde e prosperidade também prometeram e previram que 2020 e 2021 seriam maravilhosos, esplêndidos, com muita saúde e riqueza. Mas, como todos eles são mentirosos, charlatões e incapazes de preverem o futuro, não contaram com a Covid-19, que trouxe milhões de mortos no mundo todo (700 mil só no Brasil), gerou aumento significativo da violência de gênero por conta do confinamento, além de aumento expressivo da pobreza, da miséria e da fome. Ou seja, aqueles que acreditaram, mais uma vez, caíram no "Conto do Vigário" e foram enganados.

Os profetas e adivinhos ucranianos também previram para 2022, um ano de paz e prosperidade. Mas, não contavam e nem adivinharam que a Rússia iria provocar uma guerra contra a Ucrânia com milhares de mortes, perda da residência de milhões de pessoas, exílio em países vizinhos, miséria, fome e o opróbrio.

Os profetas e adivinhos do futebol também previram que o Flamengo, por ter um timaço e o mais caro da América, fosse sagrar-se como Campeão Brasileiro de 2022 – essa até eu como bom flamenguista prévia também. Mas, tanto eu, como os profetas, erramos.

E, a seleção brasileira não ia levar o hexa, molinho? Cheguei a assistir adivinhos falando isso num programa de TV. Não deram certo as previsões: perdemos a Copa, fomos eliminados para a Croácia, isto é, se nem no Futebol somos capazes de acertar, quanto mais sobre a vida, o país, o mundo. Ninguém sabe, ninguém tem esse poder. Mas, milhões, talvez bilhões, adoram ser enganados, ainda pagam pelo engano: dão dinheiro em campanhas de prosperidade, pagam para um picareta ler a sua mão, gastam dinheiro no jogo de cartas e búzios, enfim, vivem nesse ciclo vicioso sendo levados pela ilusão.

Mas, o que mais gosto de ver são as pessoas iludidas e esperançosas que acreditam que, usando o branco, terão paz; com o vermelho terão sorte no amor; com o amarelo, prosperidade, etc. Normalmente, a nossa vida é uma "guerra": temos que matar um leão por dia para vivermos, ou seja, o branco não serviu de nada. Quase ninguém tem sorte no amor, ainda mais em tempos de relacionamentos líquidos e da cultura do descartável. Caro leitor, é capaz de você usar vermelho a vida toda e nunca ser plenamente feliz num relacionamento. E você, amigo pobre e de classe média, como eu: melhor cair na realidade e saber que nenhuma cor produz dinheiro ou riqueza, assim como dinheiro não dá em árvores, nem surgem com amuletos religiosos, nem aparece com rezas. Vamos levantar a cabeça, trabalhar e passar pelos algozes da vida.

Em suma, não perca seu tempo com campanhas mentirosas de prosperidade de qualquer religião ou igreja. Só os mercenários da fé que pregam tais coisas alcançam sucesso financeiro às custas do dinheiro dos contribuintes dessas campanhas fajutas. Não acredite em falsas promessas de horóscopo, adivinhos, "pai de santos", "babalaôs" e profetas da última hora: são todos mentirosos e incapazes de preverem o rumo das suas próprias vidas.

Não existe ano da vitória, da prosperidade, de Davi, de Gideão e de Abraão. O que existe é uma vida construída com muito trabalho, suor, dores e pautada na contingência e no infortúnio da vida. Mais realidade e menos engano.

Está na hora de crescer e amadurecer.

 

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A petição do PL sobre as urnas eletrônicas e a resposta de "Xandão"

 Nunca vi uma canalhice tão grande quanto a petição do Partido Liberal (PL) – comandado pelo ex-mensaleiro e ex-presidiário Valdemar da Costa Neto, o qual lançou a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República.

O partido questiona as urnas eletrônicas e o segundo turno das eleições presidenciais, insinuando que as urnas fabricadas antes de 2020 poderiam ter falhas em seu funcionamento, mas não questiona o primeiro turno que utilizou as mesmas máquinas na eleição que elegeu Jair Bolsonaro, em 2018. Também, obviamente, não pode contestar o pleito inicial (primeiro turno) pelo fato de ter sido a agremiação partidária que mais elegeu deputados federais, assim como elegeu 14 dos 81 senadores, formando a maior bancada no Senado Federal, além de eleger 2 governadores e inúmeros deputados estaduais e distritais, em todo o país.

 

Sendo assim, querem questionar, exclusivamente, o segundo turno e, como se não bastasse, tão somente a eleição para presidente da República. Curioso é que o pleito para governadores que utilizou as mesmas urnas eletrônicas não foi questionado na petição do Partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, acabou com a excrescência do partido de Bolsonaro e Valdemar, em seu despacho. Ele deu um prazo de 24h para que o PL se posicione sobre o primeiro turno das eleições; se assim não o fizer, a petição será indeferida. “As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas, tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas”, escreveu Moraes.

 

Ou seja, em poucas palavras, "Xandão", como é conhecido, acabou com a palhaçada, dando fim a essa petição asquerosa e vexatória.

 

No mais, Bolsonaro e sua caterva: "Aceita que dói menos!". E, não se esqueçam: "O choro é livre". "Perdeu, Mané!".

 

Autor: Acioli Junior



domingo, 13 de novembro de 2022

O furto do Canhão da Praia do Forte praticado por um professor e um grupo de alunos


"Um pequeno Trecho do Roteiro Ambiental e Patrimonial da Cidade de Cabo Frio. A História de um Canhão do Forte São Mateus que foi furtado, levado a Nova Friburgo e nunca mais voltou."
Durante os anos 1940 e 1950 do século passado, tanto o Forte São Mateus como seu material bélico (os canhões) viviam entregues à própria sorte. Alguns canhões estavam na areia da praia abandonados, corroendo-se e entregues à maresia, por negligência do poder público e da população cabo-friense, todos os dias quando a maré subia as águas do mar submergiam-nos.
Esse era um período em que poucos lugares e pessoas davam o devido valor ao patrimônio cultural, seja ele histórico ou ambiental, tanto da União, dos Estados e dos Municípios.
No ano de 1953, numa segunda-feira, um grupo de 20 alunos com idade em torno de 12 anos, vieram de Nova Friburgo, juntamente com seu professor, passar uns dias de férias na Praia do Forte, em Cabo Frio. Eles eram do Colégio Nova Friburgo da Fundação Getúlio Vargas, o CNV/FGV.
Esse grupo de estudantes e seu professor furtaram um dos canhões que se encontrava na areia da Praia do Forte. Eles esconderam o canhão debaixo de uma grande lona e o levaram para sua escola em Nova Friburgo.
O canhão do Forte São Mateus ficou de 1953 até 1977 no Colégio Nova Friburgo da FGV, ano que ele encerrou as atividades educacionais. Sei que pode parecer “história da Carochinha”, mas a fim de proteger o canhão do abandono, do Campus do Colégio ele foi enviado ao Clube de Regatas Flamengo na Gávea, ficando lá até 1986, isso porque o ex-presidente do Flamengo à época, Márcio Braga, foi um dos alunos que estava naquela excursão que levou o canhão do Forte São Mateus das areais da Praia do Forte.
Só com a eleição do médico Ivo Saldanha ao cargo de prefeito de Cabo Frio, que se iniciou uma campanha para o retorno do canhão do Forte para seu devido lugar. Lembrando que foi Ivo o prefeito que mais realizou tombamentos via Decreto Municipal de quase todos os bens patrimoniais da cidade de Cabo Frio, no ano de 1989, deixando um extraordinário legado de amor e apreço ao patrimônio municipal.
Vários jornais da época se empenharam em narrar a história e de pedir a devolução do bem público cabo-friense, que infelizmente nunca ocorreu.
“Jornal O dia – 24/11/83 -seção de esportes – 23 – Canhão do Forte – Canhão do Forte São Mateus também é atração na Gávea.
- Ivo Saldanha acusa Márcio Braga – peça foi parar na Gávea.
- Contestação – O deputado Márcio Braga contestou a versão de Ivo Saldanha, dizendo...
- Passeata está organizada para dezembro...
O Fluminense – 04/ e 05/12/1983 – seção: Lagos -Repórter Levi de Moura.
- “Comissão Especial” - foi criada uma comissão especial, para apurar o caso do canhão.
- 10/12/1983 – em quase meia página ‘Vereadores querem o Canhão de volta a Cabo Frio e com letras bem maiores: ‘Professor disse que na Gávea está bem guardado’.”
Com a reabertura do Colégio Nova Friburgo em 1986, ficou acordado entre os responsáveis da escola e Márcio Braga, que o canhão retornaria a suas dependências na cidade serrana, e assim aconteceu.
Anos mais tarde, o Museu Histórico de Cabo Frio, no dia 27/10/1999, enviou um ofício ao diretor do Instituto Politécnico do Rio de Janeiro, solicitando a devolução da peça histórica pertencente ao acervo do Forte São Mateus, o que seria feito como arranjos e parte dos festejos dos 500 anos do descobrimento do Brasil (22/04/2000).
Como o ofício foi parar nas mãos de Márcio Braga, que era presidente da associação de ex-alunos, professores e servidores do Colégio Nova Friburgo da FGV, ele, sabiamente, o remeteu ao jurista e ex-aluno do Ginásio, Marcelo Cerqueira.
O eminente jurista argumentou que o canhão era um bem público dominical pertencente à União. E, como bem público, embora abandonado (res derelictare), não pode ser objeto de apropriação... alegou ainda que o Decreto 22785/1993 estabelece a imprescritibilidade dos bens públicos, entre outros argumentos.
Terminou sua argumentação dizendo: “Nessa conformidade, o aludido canhão não pode ser reivindicado pelo Museu Histórico de Cabo Frio. Por se tratar de bem público, somente a União poderá exercer o direito, se aprovada a sua propriedade”.
Cabe ressaltar que o real proprietário do Forte São Mateus e do seu acervo é a União (Governo Federal), pois o Forte São Mateus e todo seu entorno foi tombado pela Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que tombou o imóvel, o penedo em que se ergue e a ponta da praia, num círculo de quinhentos metros a partir do centro do forte em 30/11/1957. Além é claro, de ele pertencer à cidade de Cabo Frio e a sua população.
Nenhum argumento falacioso como o do jurista, Marcelo Cerqueira, mencionado anteriormente, dá o direito do Ginásio Nova Friburgo, de seus ex-alunos e ao Clube de Regatas Flamengo, nem a ninguém de ter posse de um bem patrimonial pertencente a Cabo Frio e a sua população.
Da mesma forma, nenhuma entidade ou quaisquer pessoas têm o direito de se apropriar de um bem patrimonial pertencente à cidade de Nova Friburgo. O que os alunos e o professor fizeram em 1953 foi uma ação execrável chamada de furto. Com agravante de ser um bem patrimonial, pertencente a toda coletividade e à cidade acima citada.
Lendo sobre a história do ocorrido, impressionou-me dois testemunhos narrados por dois alunos que estavam na excursão de 1953. O primeiro do aluno Robert Gayer que relata que ao contar para o pai ao chegar em casa que “praticamos uma boa ação, resgatamos um canhão do Forte São Mateus e o levamos ao Colégio. Ele continua: Meu pai ficou bravo, nunca o tinha visto fora de si.” “_ O quê? Levaram um canhão que não lhes pertencia e você considera isso uma boa ação? _ Mas pai, o canhão estava largado na areia. Junto com outros, abandonado pela autoridade pública, desprezado pela população local.” Procurava justificar-me diante da fúria de papai.
“_Boa ação seria pegar o canhão e colocar no alto do Forte donde nunca deveria ter sido levado.”
Termina ele: “os meus argumentos não adiantaram, apenas agravava minha situação diante da ameaça de meu pai. Fui prudente em desviar o assunto para outro tema, caso contrário, eu teria levado, até uns tapas, tal era a severidade do velho”.
A outra história que me chamou atenção foi a do ex-aluno e excursionista Jaceck Rafael Chmlieviski, o Jack, o professor Joaquim Trota, ex-professor do Colégio Nova Friburgo e excursionista da fatídica viagem que carregou o canhão, conta-nos que o reencontrou em 2002, na Ilha Porchat, em São Vicente – São Paulo. Nas conversas que ambos tiveram veio à tona o assunto canhão. E Jack lembrou ao professor que ele fora o único aluno a ser contra a retirada da peça bélica das areias da Praia do Forte, não encostou um dedo para o retirar e reclamou inflamadamente do feito o tempo todo. Discutiu com todos os que queriam levá-lo. Como era o único contra, foi feita a vontade da maioria.
O professor disse que depois de muito tempo entendeu por que Jack foi contra tal feito. Era porque o pai dele tinha casa em Cabo Frio e ele não aceitava sua cidade sendo despojada de uma peça que pertencia ao patrimônio cultural do município.
O canhão do Forte São Mateus continua sobre um pedestal de granito, na lateral do prédio da Fundação Getúlio Vargas, no Bairro Parque Cascata. Esse prédio foi construído para se tornar um cassino, mas após a proibição do jogo no Brasil, as instalações tornaram-se o Colégio Nova Friburgo da FVG.
Anos depois de encerrar as atividades suas dependências, foram cedidas a UERJ que instalou no local o Instituto Politécnico. Logo após os desastres de 2011 que ocorreram em decorrência de fortes chuvas na região serrana, a UERJ foi transferida para outra localidade. Até hoje, as instalações estão desativadas, estão tão somente sobre a guarda patrimonial de alguns vigias da instituição.
O Canhão de Cabo Frio desde 1953 repousa fora da sua verdadeira residência, o Forte São Mateus. O poder público municipal não mais se interessou em reaver o patrimônio do município para seu povo e para testemunha de sua história. A população cabo-friense em sua absoluta maioria não conhece essa história e muitos não dão a mínima importância para a história da sua cidade e os bens culturais de seu município.
Espero que este texto possa mais uma vez despertar o poder público, os agentes governamentais, o MPF e a população cabo-friense para lutar por seus bens culturais e pela preservação da sua história.
Notas:
Obs.: 1 As citações que não aparecem numeradas nesse texto foram retiradas do Anuário de Cabo Frio 2013. “Um canhão de Cabo Frio em Nova Friburgo. Autores: Joaquim Trota e Rose Fernandes.
Obs.: 2 SPHAN era uma Autarquia do governo Federal substituído pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (IPHAN).
Obs.: 3 Os cassinos no Brasil foram fechados pelo decreto-lei 9215, de 30 de abril de 1946, do presidente Eurico Gaspar Dutra.

sábado, 12 de novembro de 2022

Dia da Consciência Negra reflexo de luta para as "minorias"


O dia da Consciência Negra começou a ser comemorado no Brasil em 2003, com a implantação da Lei Federal 10.639/03 da qual tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro- brasileira e instituiu o "Dia Nacional da Consciência Negra", no calendário escolar.

Desta maneira, o ensino da cultura afro-brasileira passou a fazer parte do currículo escolar em todo o país. Tanto das escolas públicas como das privadas.

Em alguns estados do país, o Dia da Consciência Negra é feriado como no Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Também é feriado em quase mil cidades brasileiras.

O dia 20 de novembro foi escolhido por se tratar da morte de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, o maior agrupamento de negros fugidos e alforriados da história. Essa data lembra a luta do negro contra a escravidão. A não aceitação da condição cativa. E o papel do negro como protagonista da sua história. Como aquele que prefere a morte a perda da sua liberdade.

O dia da Consciência Negra tem como finalidade promover a identidade cultural dos negros, designa a percepção histórica e cultural que a população negra tem de si mesmo, afirma sua trajetória de lutas, sua importância na construção da história do Brasil.

Também representa a luta dos negros contra a discriminação racial e a desigualdade social.

A discriminação sentida em todas as áreas, tornou o negro excluído da sociedade, da educação e consequentemente, do mercado de trabalho.

Além disso, o Dia da Consciência Negra tem o intuito de conscientizar a população para a importância dos afrodescendentes na formação social, histórica e cultural de nosso país.

É uma data de afirmação. De valorização. De lembrar os horrores do escravismo. Mas sobretudo, mostra o papel daqueles que lutaram pelo fim da escravidão. Lembra também que o Brasil foi o local que mais recebeu escravos no mundo e foi o último país ocidental a por fim ao trabalho compulsório.

Essa data deve servir a outros grupos como inspiração para que os mesmos reivindiquem e tenha seus direitos assegurados e respeitados. Um povo que conhece a sua história sabe que nenhuma luta é em vão.

E que fique claro: nenhum direito é dado! Sempre são conquistados através de lutas! 



sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Identificando ideologicamente os cacifes da política nacional

 Alguns dos principais nomes da política nacional e suas identificações ideológicas: 

Luiz Inácio Lula da Silva, político de centro ou Social Liberal. Por muitos anos, especialmente, quando iniciou sua carreira política, era de esquerda; passou a centro-esquerda e, ao chegar à presidência, foi se deslocando ao centro. Chamá-lo de comunista ou socialista é de uma ignorância colossal, e assumir o analfabetismo político. Implantar políticas de assistência social, que até ideólogos liberais propuseram em seus artigos e livros, nada tem a ver com comunismo e marxismo. 

Jair Messias Bolsonaro, político de “extrema direita”, pelo menos, no discurso; não na ação política. Ele, por décadas, se posicionou contra às privatizações – que são políticas de direita –, especialmente durante o governo FHC. Agora, no final do seu mandato, notadamente há poucos meses da eleição, implantou inúmeras políticas assistencialistas, ditas de esquerda, que ele mesmo passou a vida inteira criticando, enquanto parlamentar, chamando-as de "Bolsa Esmola". Eu o definiria, muito mais, como um político reacionário com algumas ideias nazifascistas. É o político brasileiro que tem o maior número de seguidores fanáticos capazes de matar e morrer por ele.  

Ciro Gomes, político que já transitou da centro-direita ao centro, chegando à centro-esquerda. É, claramente, um socialdemocrata. Diferentemente de Lula, que às pessoas julgam, equivocadamente, que é de esquerda, o Ciro foi quem apresentou ideias revolucionárias nesse pleito eleitoral, como taxar grandes fortunas e grandes heranças. Ele está à esquerda de Lula.  

Simone Tebet, senadora da República de centro-direita e em clara ascensão política. Extremamente bem articulada, inteligente e defensora do liberalismo econômico e do agronegócio. 

João Amoedo e Romeu Zema, ambos políticos do partido Novo, legítimos representantes da direita. O Novo é o único partido claramente de direita do Brasil. Tem compromissos claros com o liberalismo econômico, com as ideias de estado mínimo, com às privatizações, com a defesa dos banqueiros e dos grandes empresários brasileiros. É a única agremiação partidária que não aceitou o chamado “Fundão Eleitoral”, financiamento público de campanha, sendo mantido por doações de seus membros. Eu os citei nesse texto, pois vislumbro que o Zema será uma grande força política em 2026.

Para saber mais sobre as diferentes ideologias políticas e socioeconômicas indico a leitura do "Dicionário Político" organizado pelo filósofo italiano, Norberto Bobbio.

 


Não foi somente Bolsonaro quem perdeu a eleição

De acordo com o resultado do segundo turno das eleições para presidente do Brasil, perderam Jair Bolsonaro e o bolsonarismo. Este último, uma força política que está muito além da pessoa do presidente da República que, mesmo derrotado, viverá por muito tempo entre nós. 

Também perderam as fakes News, a máquina de mentira e de assassinato de reputação bolsonarista que está viva e atuante com força total desde 2018. 

Foram derrotadas as manipulações através das redes sociais com desinformação em massa, principalmente. 

Derrotado foi, ainda, o uso inescrupuloso e criminoso da máquina estatal e do próprio imposto da população em favor da campanha de Jair Bolsonaro, com mais de 273 bilhões sendo utilizado em auxílios na reta final do pleito eleitoral e na esperança de angariar votos. Até crédito consignado do Auxílio Brasil foi criado a menos de 15 das eleições. 

Derrotadas e envergonhadas foram as ameaças à Democracia, às instituições democráticas, à Justiça Eleitoral e a tentativa de refundar um novo AI-5. 

Perdeu a TV Estatal Jovem Pan e outras dezenas de blogs que trabalhavam, diuturnamente, para exaltar Bolsonaro, aumentar seus feitos presidenciáveis, ludibriar a sociedade e manchar a reputação dos seus adversários políticos.   

Derrotados e humilhados foram os líderes religiosos manipuladores, ameaçadores, sem escrúpulos, que usaram os púlpitos das igrejas de forma jamais vista, com ameaças aos fiéis, impedindo membros de participarem da santa ceia, com pregação sobre Bolsonaro e contra o PT e a “esquerda”, no altar, fazendo sinais de arminhas em cultos e louvando Jair Bolsonaro e atacando Lula, no período de louvor. 

Derrotados foram o negacionismo, a anticiência, a ojeriza à cultura, o ódio à educação e aos professores. 

Derrotadas foram as discriminações, o racismo estrutural, a homofobia e o preconceito de origem contra nordestinos, a xenofobia.   

Perderam os madeireiros ilegais, garimpeiros, invasores de terras indígenas demarcadas e aqueles que não respeitam a causa socioambiental.

Perderam aqueles que odeiam os pobres, que acham normal um punhado de gente com muito dinheiro e vivendo no luxo, enquanto a maioria absoluta vive de migalhas e próximo à miséria. 

Perderam também os patrões e grandes empresários que, de forma abjeta e criminosa, ameaçaram seus funcionários e quiseram comprar os votos deles a favor de Bolsonaro. 

Derrotados e perdedores foram Jair Bolsonaro e todos aqueles que corroboram seu modo de pensar, agir e suas falas abjetas e discriminatórias.  

Venceu a Democracia, a pluralidade cultural, a diversidade, o Estado Laico, a igualdade de oportunidade. Venceram as instituições que estavam sobre ameaça, os pobres, os nordestinos, as mulheres e o povo brasileiro, sofrido! 

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A igreja de “Satanaro” e os profetas satanarianos

 Antes de analisar os líderes religiosos, servos de Satanaro, e a igreja do falso Messias, eu preciso fazer um apontamento realístico e necessário: antes mesmo da ascensão de Jair Bolsonaro e do chamado “bolsonarismo”, parte substancial da igreja evangélica, em especial as chamadas pentecostais, como inúmeros ministérios das Assembleias de Deus e as denominações neopentecostais, tais como IURD, Mundial, Igreja da Graça, Plenitude do Trono de Deus e centenas de outras, já viviam na politicagem, apoiando candidatos de distinto viés ideológico no Brasil todo, como também, os ex-presidentes da República, assim como se beneficiavam das benesses dos políticos, como concessão de rádios, empresas de TV, passaporte diplomático, isenção de impostos e ganho de muito dinheiro, além, é claro, de empregos como funcionários fantasmas e cargos de confiança, tanto em prefeituras, como nos Estados e na União. Bolsonaro só acentuou, vertiginosamente, a politicagem há décadas praticada no seio dessas instituições, além de ter arrastado igrejas que se gabavam de uma suposta neutralidade e imparcialidade política, como a Batista (tradicional) e as igrejas históricas, como a Presbiteriana.

Dito isto, para ser justo e honesto, passo a analisar a igreja de Satanaro e seus líderes.

Os líderes da igreja de Satanaro, ou se preferir do Bolsofera, são aqueles que fazem cultos, procissões, missas e grandes eventos, como a “Marcha pra Jesus”, com fins políticos-eleitoreiros, com direito a “sinal de arminha” no culto e discursos inflamados para exaltar seu deus-mito. Ademais, até o batismo do falso Messias no Rio Jordão, em Israel, feito pelo pastor, atualmente presidiário, Everaldo, ouviu-se gritos de “mito, mito, mito”, blasfemando o sacramento do batismo cristão.

Pastores de Satanaro estão ameaçando os crentes de exclusão do rol de membros da igreja, caso não votem no mito. Outros líderes estão proibindo a santa ceia (eucaristia) para quem votar em candidatos da “esquerda”, além da ameaça do fogo do inferno para os irmãos “esquerdistas”. Algumas instituições religiosas satanarianas, criaram uma espécie de ‘Tribunal do Santo Ofício” para averiguar a conduta de pastores e ovelhas, não adeptas ao bolsonarismo, ou seja, para esses líderes, Deus e Jesus são de Direita e isso é pregado em milhares de sermões de maneira explícita nos púlpitos das igrejas do Bolsofera. Inclusive, há dezenas de vídeos disponíveis com tais conteúdos nas redes sociais.

Por conta de discursos extremistas proferidos por pastores satanarianos contra a “esquerda” e o suposto comunismo que querem implantar no Brasil, além da exaltação do falso Messias Satanaro, fez com que um membro fosse baleado dentro da Igreja Congregação Cristã do Brasil, num culto em Goiânia, por um policial bolsonarista.

Na igreja de Satanaro esqueceram que Jesus ordenou que amássemos uns aos outros. Atualmente, só “amam” quem pensa igual e aqueles que corroboram o discurso do Mito. Se você pensa diferente ou critica as ações bolsonaristas e a postura do presidente é visto como comunista e desviado.

Na igreja do Bolsofera prevalece a máxima do “bandido bom é bandido morto”, sem a menor misericórdia, mesmo tendo consciência que Cristo, nos Evangelhos, perdoou um criminoso e lhe prometeu o paraíso. Parece que esqueceram, também, que a igreja tem um lindo histórico de assistência aos presidiários e evangelização dos malfeitores.

Líderes religiosos a serviço de Satanaro, estão pregando o armamento dos fiéis, justificando as falas de Bolsonaro sobre o uso indiscriminado de armas de fogo pela população. Estão inventando que Jesus é a favor do belicismo e que se o mesmo vivesse hoje andaria armado ou estaria munido numa guerra. Esqueceram que Jesus é o Príncipe da Paz e condena todo o tipo de violência.

Mas, na igreja blasfema satanariana, o pastor fez rifa de uma espingarda calibre 12, no Espírito Santo. Ungiram com óleo ungindo armamentos de grosso calibre num culto em meio a orações e gritos de aleluia. Pastores e instituições que outrora condenavam o armamento populacional, como o próprio profeta de Satanaro, Silas Malafaia, e os líderes presbiterianos, agora, defendem inescrupulosamente o que há pouco tempo condenavam com veemência.

Os profetas de Satanaro promovem discurso de ódio e violência em suas homilias. Mentem, caluniam, difamam pessoas e políticos de viés ideológico distinto do falso Messias. Amedrontam e ameaçam os fiéis, a ponto de Edir Macedo, dono da IURD, escrever uma carta dizendo o porquê que um cristão não pode ser de “esquerda”. Ele só esqueceu que ele mesmo ficou por 14 anos apoiando os governos petistas e que seu sobrinho e bispo Marcelo Crivella foi ministro da Pesca do governo Dilma, em 2012.

Não podemos esquecer que há vídeos tanto de pastores, como de padres bolsonaristas, profetas de Satanaro, mentindo sobre as vacinas, divulgando mensagens falsas, dizendo que vacinas continham o vírus HIV e provocavam câncer. Um padre teve a desfaçatez de dizer que os imunizantes eram feitos de fetos abortados. São os porta-vozes da política genocida do falso Messias.

A igreja satanariana se orgulha de ser homofóbica, de reproduzir estereótipos e preconceitos contra minorias e mulheres. Os templos deixaram de ser hospitais e locais de afago e acolhimento: tornaram-se lugares de exclusão, daqueles que se julgam com pedigree religioso, os fariseus dos períodos bíblicos, chamados hoje de cidadãos de bem.

Uma das situações mais tristes e vexaminosas da igreja do Satanaro e seus líderes inescrupulosos, é a promoção horrenda da idolatria. Sem vergonha, pudor e disfarce, chamam Bolsonaro de Mito, inclusive em cultos e dentro de templos; acreditam, piamente, que Bolsonaro é um “Messias”, o salvador da pátria enviado por Deus para salvar o Brasil.

Nas igrejas Assembleia de Deus, em diversos cultos, como o ocorrido em templos nas cidades de Araruama e Rio Bonito, no Rio de Janeiro, pararam a festividade e os louvores a Deus, colocaram Jair Bolsonaro num telão, ao vivo, falando com a congregação e fazendo politicagem. Esses líderes inescrupulosos esqueceram-se de que Deus não divide a glória Dele com ninguém, além do fato de que ninguém brinca com sua santidade.

Nunca, em nossa história política, se usou tanto o nome de Deus, de maneira tão aviltante e blasfema. Nunca pastores e padres se subjugaram a um político de forma tão idolátrica e fanática. Nunca se manipulou e mentiu tanto em nome de um projeto nefasto de poder.

A Igreja de Satanaro e seus profetas precisam, urgentemente, se converterem a Cristo, se arrependerem de seus maus caminhos e voltarem ao primeiro amor. Eles devem se preocupar em espalhar as boas novas da salvação, abrindo mão da perniciosa e enganosa pregação política. Os cristãos de hoje ficam horas nas redes sociais, diariamente, promovendo o falso Messias, com entusiasmo jamais visto. Nunca falaram de Jesus de maneira tão apaixonada e vigorosa como falam de Bolsonaro. Até de mentira se utilizam para convencer pessoas à causa bolsonarista.

A igreja e seus líderes há muito deixaram de ser sal da terra e luz do mundo; tornaram-se trapos de imundícia. A mensagem que pregam é política, terrena, humana, vil e mesquinha. Não olham mais para o alto e nem contemplam a Cristo, cujo reino não é deste mundo.