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quarta-feira, 13 de julho de 2022

A neutralidade política das Testemunhas de Jeová e o envolvimento partidário de algumas religiões cristãs

 


As Testemunhas de Jeová fazem parte de um grupo religioso apolítico, ou seja, neutro em relação à política partidária, às ideologias políticas e a qualquer candidato a cargos públicos.

Elas são neutras em assuntos políticos por causa de seus dogmas religiosos, baseados em interpretações de diversas passagens bíblicas, em especial, do Novo Testamento. Elas não votam em candidatos ou partidos políticos, não concorrem a cargos políticos e não participam de nenhuma ação para influenciar ou mudar governos. Acreditam que a Bíblia dá bons motivos para serem neutras.

Essas são algumas justificativas dadas pela Torre de Vigia[1] para as Testemunhas de Jeová se manterem em neutralidade política:

 

“Seguimos o exemplo de Jesus, que se recusou a aceitar um cargo político. (João 6:15) Ele ensinou que seus discípulos não deveriam ‘fazer parte do mundo’ e deixou claro que eles não deveriam se envolver em assuntos políticos. — João 17:14, 16; 18:36; Marcos 12:13-17.

Somos representantes do Reino de Deus e temos a obrigação de anunciar a sua chegada. Por isso, somos neutros nos assuntos políticos de todos os países, incluindo o país onde moramos. — 2 Coríntios 5:20; Efésios 6:20.

Por permanecermos neutros, podemos falar as boas novas do Reino de Deus com todas as pessoas, não importa a ideologia política que tenham. Tentamos mostrar por palavras e ações que confiamos no Reino de Deus para resolver os problemas do mundo. — Salmo 56:11.

Como não há divisão política entre nós, estamos unidos em uma fraternidade mundial. (Colossenses 3:14; 1 Pedro 2:17) Por outro lado, religiões que se intrometem na política causam divisão entre seus adeptos. — 1 Coríntios 1:10”.

 

Assim sendo, em países em que o voto é facultativo, como nos Estados Unidos, por exemplo, normalmente, as Testemunhas de Jeová não comparecem para participar do pleito eleitoral. No caso de países como o Brasil que, em regra[2], o voto é obrigatório, elas comparecem. Todavia, votam branco ou nulo, demonstrando assim, serem neutras no que tange ao processo eleitoral.

Elas só comparecem às urnas no Brasil, mesmo sendo neutras, porque o voto é obrigatório; se não aparecerem receberão sanções legais como, por exemplo, deixam de participar em concursos públicos, ou melhor, não podem tomar posse como servidores públicos, não podem obter empréstimos em bancos públicos ou sociedade de economia mista, etc.

Embora não se envolvam com política, as Testemunhas de Jeová respeitam as autoridades governamentais dos países, estados e municípios nos quais vivem, tomando como base o conselho do apóstolo Paulo, em Romanos 13:1, que diz: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores.”. Assim como obedecem às leis, pagam impostos e tributos, além de colaborarem com as medidas tomadas pelos governos para o bem-estar de seus cidadãos, não praticam ações que desestabilizem os governos e seguem o conselho bíblico de orar pelos “reis e [por] todos em altos postos”, principalmente quando estes precisam tomar decisões que possam afetar a liberdade de culto. — 1 Timóteo 2:1, 2.

Elas também respeitam o direito de outras religiões e credos, também de qualquer cidadão, quando precisam tomar suas próprias decisões em assuntos políticos. Por exemplo, não lutam contra a realização de eleições ou sua interrupção, nem impedem aqueles que desejam votar.

Mas, por conta de sua postura de neutralidade política e também por não adentrarem no serviço militar foram perseguidos em diversos países, especialmente no período da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha nazista. Muitas Testemunhas de Jeová foram implacavelmente perseguidas pelo Terceiro Reich, inclusive lançados em Campos de Concentração.

Essa perseguição ocorreu, principalmente, entre 1933 e 1945, depois de se recusarem a realizar o serviço militar e de se juntarem a organizações nazistas ou manterem alianças com o governo alemão.

“Cerca de 10 mil Testemunhas de Jeová – metade do número de membros na Alemanha durante esse período – foram presas, incluindo 2 mil que foram enviadas para campos de concentração nazistas. Cerca de 600 morreram sob custódia, incluindo 250 que foram executados. Elas foram a primeira denominação cristã banida pelo governo nazista e a mais intensamente perseguida[3]”.

Eu, como historiador, considero as Testemunhas de Jeová muito radicais no que tange à sua neutralidade política e à sua participação cidadã, inclusive, em relação à sua negativa ao alistamento militar.

Mas, por outro lado, considero a neutralidade do grupo infinitamente melhor que os conchavos ordinários e a mistura abjeta que grupos religiosos têm mantido com o poder político[4], tornando-se pedra de tropeço, escândalo para o mundo e escárnio para a sociedade.

Por que estou afirmando isso? Porque enquanto grupos cristãos, especialmente católicos e evangélicos, têm seus nomes na lama e na lata do lixo da história por conta dos seus envolvimentos nefandos com a política partidária e com políticos notoriamente corruptos, as Testemunhas de Jeová passam incólume, não recaindo sobre elas nenhuma acusação, nenhuma suspeita e nenhuma interrogação sob sua conduta no campo político, ou seja, essa neutralidade político-partidária tem evitado muitos problemas éticos, e até criminais, envolvendo membros e líderes da instituição.

No Salão do Reino das Testemunhas de Jeová políticos não têm vez! Não fazem do local de adoração comício eleitoreiro. Não fazem do púlpito palanque político e nem usam da boa-fé dos membros como curral eleitoral. Os anciãos não enriquecem vendendo o voto da membresia nem ganham concessão de emissoras de rádios e TV, passaportes diplomáticos e quaisquer benesses dos políticos, ao contrário do que ocorre em milhares de denominações cristãs Brasil afora.

Enquanto as demais instituições cristãs têm feito o mundo pegar ojeriza e asco do Evangelho, as Testemunhas de Jeová seguem nessa seara sendo respeitada por sua neutralidade e por não terem envolvimento político.

Cabe ao leitor avaliar qual postura é mais correta e sensata: a de neutralidade e imparcialidade das Testemunhas de Jeová ou a da sujeição e envolvimento com a política partidária, inclusive em ardorosos esquemas de corrupção e vantagens indevidas praticadas por parte significativa dos membros e líderes das denominações cristãs que mergulham fundo no lamaçal e no charco de lodo da política nacional.



[1] Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados da Pensilvânia (antigamente denominada no Brasil de "Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados") de acordo com site oficial (jw.org), é a designação pela qual é conhecida a mais antiga das sociedades ou associações jurídicas atualmente usada pela religião cristã Testemunhas de Jeová.

[2] No Brasil o voto é facultativo para os analfabetos, para os eleitores maiores de 16 anos e menores de 18 anos, assim como para pessoas maiores de 70 anos.

[3] Garbe, Detlef (2008). Entre Resistência e Martírio: Testemunhas de Jeová no Terceiro Reich. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press. págs. 100, 102, 514.

[4] Infelizmente tanto na sociedade e notadamente nas religiões, as pessoas são “8 ou 80”, ficam em um extremo ao outro.

 

segunda-feira, 11 de julho de 2022

As duas maiores forças políticas do Brasil: o antibolsonarismo e o antipetismo


Para as pessoas mal-informadas ou, para aquelas que são incapazes de perceber o cenário político atual ou, ainda, aquelas que caem no jogo ardiloso e desinteligente da polarização, acreditam que as maiores forças políticas do Brasil sejam o lulopetismo e o bolsonarismo. 

Pensar assim é uma demonstração inequívoca de que não se faz a leitura da realidade circundante, não se sabe ler pesquisas eleitorais e que se faz de cego e surdo diante da complexidade do momento atual.

Não, caro amigo. Não se trata de Lula e Bolsonaro, que possuem a primazia no momento político atual, mas a sua negação e oposição: o antipetismo e o antibolsonarismo. 

O fato de ambos estarem à frente nas pesquisas não quer dizer que a população está com eles, mas que, simplesmente, estão os escolhendo pela aversão e rejeição que possuem por cada um dos dois. Eu explico.

Vamos pensar em 2018, na vitória de Jair Bolsonaro. Ele não ganhou às eleições por ser um grande político, até porque ele sempre foi um parlamentar medíocre e falastrão do baixo clero na Câmara; aprovou dois míseros projetos sem qualquer relevância social em 28 anos como parlamentar; não dirigiu, se quer, uma comissão e nunca governou, absolutamente nada. Portanto, não tinha credenciais para ganhar uma eleição presidencial. O que gerou a vitória dele foi o antipetismo, ou seja, esse sentimento ainda espraiado na população de rejeição e aversão ao Partido dos Trabalhadores (PT). A maioria absoluta de quem votou em Bolsonaro não o fez por conta de seus méritos, mas por ódio e ojeriza ao lulopetismo, motivado por inúmeros escândalos de corrupção veiculado pela mídia e insuflado pela Operação Lava Jato, especialmente pelas condenações judiciais dos grandes empresários e políticos de renome aliados ao partido.

É esse mesmo antipetismo, que ainda dá sustentabilidade a Bolsonaro e o mantém em segundo lugar nas sucessivas pesquisas de intenção de votos, além, obviamente, do fanatismo e da cegueira de seus seguidores que, hoje, estão na casa dos 28% dos eleitores brasileiros. Esses que mesmo pagando R$ 9,00 na gasolina ou diesel, R$ 130,00 no botijão de gás e, indo ao supermercado, mesmo estando com R$1.000,00 e, não fazendo uma compra digna e satisfatória, ainda assim consideram (ou fingem) que o governo é maravilhoso. 

As pesquisas eleitorais dos seis principais institutos são claras: a rejeição de Jair Bolsonaro varia de 52% a 61%, enquanto que a de Lula varia de 43% a 47%. Isso é uma inequívoca e incontestável demonstração de que as duas principais forças políticas do Brasil são o antibolsonarismo e o antilulopetismo.

Traduzindo, as pessoas declaram votar em Bolsonaro com medo de Lula, enquanto outras votarão em Lula por pavor de Bolsonaro. O voto está sendo decido pelo medo, ódio, asco e ojeriza a um ou ao outro.

A população está em parte apavorada com a volta de Lula e do PT ao poder, enquanto outra parte está horrorizada com a permanência de Bolsonaro na presidência da República. 

Por conta disso, não conseguem apostar na ascensão de outros candidatos ao poder. Essa é a razão do naufrágio da candidatura do Ciro Gomes e da chamada terceira via. O medo de certo grupo político faz as pessoas somente visualizarem aquele que se mostra como seu principal adversário ou opositor. Assim sendo, pensam a maioria que, para tirar Bolsonaro do poder, a única solução é votar no Lula, enquanto outros pensam que, para o PT e Lula não voltarem ao poder, a única possibilidade é votar no Mito.

Eu, particularmente, não caio nesse jogo de eleger o menos pior. Nunca permitiria que a minha mente seja vassala da mediocridade e da polarização, que só consegue visualizar dois candidatos ou dois grupos políticos num universo diverso de ideias, partidos e perspectivas. Por isso, continuarei rejeitando o petismo e o bolsonarismo. Sim, eu sou um ardoroso antipetista e antibolsonarista. Nenhum dos dois grupos e projetos de poder me representam nem possuem meu respeito e a mínima consideração. Eu rejeito a ambos, tenho asco deles e não comungo com nenhum dos dois grupos.

Seja capaz de enxergar como águia, de se colocar acima do senso comum e da polarização nefanda. Não vote em candidatos extremamente rejeitados e que não possuem nem projeto de poder e nem proposta coerentes e exequíveis.

Democracia não é Teocracia: apontamentos sobre o período pré-eleitoral

 

Em todos os pleitos eleitorais procuro, voluntariamente, definir o que é Democracia e descrever o funcionamento do sistema democrático, em sua forma Direta, como fora criado pelos atenienses na Grécia Antiga, no século V a.C., em sua forma Representativa, que é a mais utilizada no mundo, sendo aquela em que o povo vota e elege seus representantes. Também cito a forma Mista ou Plebiscitária, que é a forma utilizada no Brasil, sendo a junção da Democracia Direta e Representativa. Isso ocorre porque o Artigo 14 da CF/88 prevê o Plebiscito, o Referendo e a Lei de Iniciativa Popular como forma direta e, assim, define a nossa Democracia:

Art. 14. “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.”

 O termo Democracia, significa "governo do povo" ou "governo de todos", como bem definiu Abraham Lincoln: "A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo".

Portanto, sendo a Democracia o governo do povo não cabe, nesse sistema, a utilização do nome de Deus, do Cristo, dos santos, dos orixás e dos entes sobrenaturais para pedir votos, fazer campanhas políticas e, muito menos, comparecer em locais de cultos e adoração às divindades com tal propósito nefando.

 Os entes divinos não são eleitores, não possuem títulos de eleitor, não são filiados a partidos políticos, não são adeptos às ideologias de direita, esquerda ou centro. Ninguém é ou será eleito em seus nomes porque eles, também não são cabos eleitorais, não autorizaram nenhum líder religioso a pedir votos em seus nomes, nem que utilizem a "Casa de Oração" como local de comício. Menos, ainda, que utilizem a membresia como curral eleitoral. 

Usar o nome divino, templos religiosos, shows de música gospel, cultos, procissões ou quermesses com fins políticos-eleitoreiros deveria ser criminalizado, independentemente para quais candidatos ou quaisquer partidos e/ou ideologias fossem.

Lembrando, que o segundo Mandamento, descrito em Êxodo 20, afirma, categoricamente, que Deus não terá por inocente quem usar o seu Santo nome em vão. Que isso sirva de aviso aos politiqueiros e enganadores de plantão!

O que eu estou afirmando e reafirmando é que os ex-presidentes Collor, FHC, Lula, Dilma e Temer, assim como nosso atual presidente, Jair Bolsonaro, foram eleitos pelo voto popular, como outros que os antecederam. O povo os elegeu, embora alguns, no passado, tenham sido eleitos pelo Colégio Eleitoral, como Tancredo Neves, mas nenhum deles conquistou o cargo por nenhuma divindade. Alcançaram seus postos por responsabilidade da população. O povo é o único responsável pelos políticos que elege. 

Portanto, não faça da Democracia, o governo do povo, uma teocracia, o governo divino. 

Não jogue no colo de Deus, do Cristo e dos entes sobrenaturais a nossa responsabilidade, enquanto eleitores e cidadãos. Somos nós que elegemos nossos representantes políticos através do nosso voto direto e secreto.

Não faça de um evento que deveria exaltar a Cristo, como a "Marcha pra Jesus", por exemplo, virar palanque de líderes religiosos inescrupulosos, mercenários da fé e do falso "Messias" que eles, os líderes, gananciosamente, apoiam. Não se esqueça, "Deus não divide sua glória com ninguém" e o papel da igreja é exaltar e adorar a Cristo, não ser serviçal de candidatos a cargos públicos. 

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!