As
Testemunhas de Jeová fazem parte de um grupo religioso apolítico, ou seja,
neutro em relação à política partidária, às ideologias políticas e a qualquer
candidato a cargos públicos.
Elas são
neutras em assuntos políticos por causa de seus dogmas religiosos, baseados em
interpretações de diversas passagens bíblicas, em especial, do Novo Testamento.
Elas não votam em candidatos ou partidos políticos, não concorrem a cargos
políticos e não participam de nenhuma ação para influenciar ou mudar governos.
Acreditam que a Bíblia dá bons motivos para serem neutras.
Essas
são algumas justificativas dadas pela Torre de Vigia[1] para as Testemunhas de
Jeová se manterem em neutralidade política:
“Seguimos o exemplo de Jesus, que
se recusou a aceitar um cargo político. (João 6:15) Ele ensinou que seus
discípulos não deveriam ‘fazer parte do mundo’ e deixou claro que eles não deveriam
se envolver em assuntos políticos. — João 17:14, 16; 18:36; Marcos 12:13-17.
Somos representantes do Reino de
Deus e temos a obrigação de anunciar a sua chegada. Por isso, somos neutros nos
assuntos políticos de todos os países, incluindo o país onde moramos. — 2
Coríntios 5:20; Efésios 6:20.
Por permanecermos neutros, podemos
falar as boas novas do Reino de Deus com todas as pessoas, não importa a
ideologia política que tenham. Tentamos mostrar por palavras e ações que
confiamos no Reino de Deus para resolver os problemas do mundo. — Salmo 56:11.
Como não há divisão política entre
nós, estamos unidos em uma fraternidade mundial. (Colossenses 3:14; 1 Pedro
2:17) Por outro lado, religiões que se intrometem na política causam divisão
entre seus adeptos. — 1 Coríntios 1:10”.
Assim
sendo, em países em que o voto é facultativo, como nos Estados Unidos, por
exemplo, normalmente, as Testemunhas de Jeová não comparecem para participar do
pleito eleitoral. No caso de países como o Brasil que, em regra[2], o voto é obrigatório,
elas comparecem. Todavia, votam branco ou nulo, demonstrando assim, serem neutras
no que tange ao processo eleitoral.
Elas só
comparecem às urnas no Brasil, mesmo sendo neutras, porque o voto é obrigatório;
se não aparecerem receberão sanções legais como, por exemplo, deixam de
participar em concursos públicos, ou melhor, não podem tomar posse como
servidores públicos, não podem obter empréstimos em bancos públicos ou
sociedade de economia mista, etc.
Embora
não se envolvam com política, as Testemunhas de Jeová respeitam as autoridades
governamentais dos países, estados e municípios nos quais vivem, tomando como
base o conselho do apóstolo Paulo, em Romanos 13:1, que diz: “Toda alma esteja
sujeita às autoridades superiores.”. Assim como obedecem às leis, pagam impostos
e tributos, além de colaborarem com as medidas tomadas pelos governos para o
bem-estar de seus cidadãos, não praticam ações que desestabilizem os governos e
seguem o conselho bíblico de orar pelos “reis e [por] todos em altos postos”,
principalmente quando estes precisam tomar decisões que possam afetar a
liberdade de culto. — 1 Timóteo 2:1, 2.
Elas
também respeitam o direito de outras religiões e credos, também de qualquer
cidadão, quando precisam tomar suas próprias decisões em assuntos políticos.
Por exemplo, não lutam contra a realização de eleições ou sua interrupção, nem
impedem aqueles que desejam votar.
Mas, por
conta de sua postura de neutralidade política e também por não adentrarem no
serviço militar foram perseguidos em diversos países, especialmente no período
da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha nazista. Muitas Testemunhas de Jeová
foram implacavelmente perseguidas pelo Terceiro Reich, inclusive lançados em
Campos de Concentração.
Essa
perseguição ocorreu, principalmente, entre 1933 e 1945, depois de se recusarem
a realizar o serviço militar e de se juntarem a organizações nazistas ou manterem
alianças com o governo alemão.
“Cerca
de 10 mil Testemunhas de Jeová – metade do número de membros na Alemanha
durante esse período – foram presas, incluindo 2 mil que foram enviadas para campos
de concentração nazistas. Cerca de 600 morreram sob custódia, incluindo 250 que
foram executados. Elas foram a primeira denominação cristã banida pelo governo
nazista e a mais intensamente perseguida[3]”.
Eu, como
historiador, considero as Testemunhas de Jeová muito radicais no que tange à
sua neutralidade política e à sua participação cidadã, inclusive, em relação à
sua negativa ao alistamento militar.
Mas, por
outro lado, considero a neutralidade do grupo infinitamente melhor que os
conchavos ordinários e a mistura abjeta que grupos religiosos têm mantido com o
poder político[4],
tornando-se pedra de tropeço, escândalo para o mundo e escárnio para a
sociedade.
Por que
estou afirmando isso? Porque enquanto grupos cristãos, especialmente católicos
e evangélicos, têm seus nomes na lama e na lata do lixo da história por conta
dos seus envolvimentos nefandos com a política partidária e com políticos
notoriamente corruptos, as Testemunhas de Jeová passam incólume, não recaindo
sobre elas nenhuma acusação, nenhuma suspeita e nenhuma interrogação sob sua
conduta no campo político, ou seja, essa neutralidade político-partidária tem
evitado muitos problemas éticos, e até criminais, envolvendo membros e líderes
da instituição.
No Salão
do Reino das Testemunhas de Jeová políticos não têm vez! Não fazem do local de
adoração comício eleitoreiro. Não fazem do púlpito palanque político e nem usam
da boa-fé dos membros como curral eleitoral. Os anciãos não enriquecem vendendo
o voto da membresia nem ganham concessão de emissoras de rádios e TV,
passaportes diplomáticos e quaisquer benesses dos políticos, ao contrário do
que ocorre em milhares de denominações cristãs Brasil afora.
Enquanto
as demais instituições cristãs têm feito o mundo pegar ojeriza e asco do Evangelho,
as Testemunhas de Jeová seguem nessa seara sendo respeitada por sua
neutralidade e por não terem envolvimento político.
Cabe ao
leitor avaliar qual postura é mais correta e sensata: a de neutralidade e
imparcialidade das Testemunhas de Jeová ou a da sujeição e envolvimento com a
política partidária, inclusive em ardorosos esquemas de corrupção e vantagens indevidas
praticadas por parte significativa dos membros e líderes das denominações
cristãs que mergulham fundo no lamaçal e no charco de lodo da política nacional.
[1]
Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados da
Pensilvânia (antigamente denominada no Brasil de "Sociedade Torre de Vigia
de Bíblias e Tratados") de acordo com site oficial (jw.org), é a
designação pela qual é conhecida a mais antiga das sociedades ou associações
jurídicas atualmente usada pela religião cristã Testemunhas de Jeová.
[2]
No Brasil o voto é facultativo
para os analfabetos, para os eleitores maiores de 16 anos e menores de 18 anos,
assim como para pessoas maiores de 70 anos.
[3] Garbe,
Detlef (2008). Entre Resistência e Martírio: Testemunhas de Jeová no Terceiro
Reich. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press. págs. 100, 102, 514.
[4] Infelizmente
tanto na sociedade e notadamente nas religiões, as pessoas são “8 ou 80”, ficam
em um extremo ao outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário