Estamos
vivendo tempos sombrios na política nacional. Temos a polarização nefasta que
toma conta do país dividindo-o de um lado e, do outro, observamos o culto e a
adoração a velhos cacifes políticos, especialmente aqueles que pleiteiam cargos
do poder executivo (presidente da República, governadores de Estado e
prefeitos).
O povo
brasileiro tem uma velha tradição de tão somente valorizar e fazer campanhas
entusiásticas para cargos eletivos do executivo, além do fato de que pesquisas
já comprovaram que as pessoas esquecem para quem votaram tanto para deputado
federal, como para senador da República, com enorme facilidade, deixando nítido
a desatenção com os parlamentares[1] e com o poder legislativo
como um todo.
Essa
menor importância os eleitores dão aos vereadores, em âmbito municipal, aos
deputados estaduais e distritais, em âmbito estadual/regional e, aos deputados
federais e senadores, em âmbito federal, infelizmente é histórico e notório. As
pessoas mal sabem a função desses cargos. Poucos sabem que eles devem
fiscalizar o poder executivo, como propor Comissão Parlamentar de Inquéritos
(CPI) e o processo de impeachment do chefe do poder executivo, como também
elaboram projetos de lei, que afetam diretamente toda a coletividade. O
bem-estar pessoal e da nação como um todo perpassam pelas decisões das Câmaras
Municipais, das Assembleias Estaduais e do Congresso Nacional[2].
Sabendo-se
da relevância do Poder Legislativo, como deveríamos votar para eleger os
vereadores e os nossos parlamentares?
Em
primeiro lugar, deveríamos votar em vereadores do nosso bairro porque, ao
fazê-lo, estaremos elegendo uma pessoa que mora próximo e seria quem podemos
recorrer e cobrar o bom funcionamento dos serviços públicos que ocorrem em
nossa localidade, como escolas, postos de saúde, praças públicas e creches, por
exemplo.
O mesmo
ocorre com os parlamentares. Devemos votar em deputados estaduais e federais da
nossa cidade. Assim sendo, o estadual eleito irá pleitear junto ao governador
serviços públicos para o nosso município, ao invés de lutar por uma outra
cidade. Isso não é egoísmo, é sabedoria, pois, infelizmente no meio político
prevalece a máxima “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Portanto, devemos
eleger parlamentares que são nossos conterrâneos, que conhecemos, que moram
próximos de nossas residências para, assim, vermos os serviços que tanto
ansiamos e precisamos para a nossa comunidade, de fato acontecerem. Já os
deputados federais podem trazer verbas da União para o município ou mesmo
recursos das financeiros oriundos das famigeradas emendas parlamentares.
A outra
razão fundamental de como eleger vereadores e parlamentares é votar em quem faz
parte do mesmo grupo político e apoia o nosso candidato ao poder executivo.
Traduzindo, não adianta votar em Lula para presidente e num deputado federal e
senador bolsonarista; muito menos, votar em Bolsonaro para presidente e em
parlamentares ciristas[3] ou petistas; também não
adianta votar em Claudio Castro para governador e deputado estadual, que são da
base da candidatura do Marcelo Freixo, seu adversário político; nem votar em
José Bonifácio para prefeito de Cabo Frio, minha cidade, e em vereador da
bancada de doutor Serginho e vice-versa. Devemos, portanto, sempre votar em
parlamentares e vereadores alinhados com o nosso voto ao chefe do executivo
municipal, estadual e federal.
A
penúltima razão para eleger candidatos do poder legislativo é estar de acordo
com seu projeto parlamentar, com suas propostas legislativas e ter uma
afinidade e concordância ideológica com os candidatos. Questione os aspirantes a
cargos públicos sobre suas propostas e veja se as mesmas são exequíveis ou não.
A última
e fundamental razão, tão importante quanto às demais é votar em alguém que
representa a sua classe social e os anseios e lutas dos seus pares, ou seja, a
classe trabalhadora tem que parar de eleger aqueles que defendem tão somente ou,
exclusivamente, os empresários, muita das vezes sendo favoráveis à perda de
diretos trabalhistas e previdenciários do trabalhador; menos ainda, devemos
eleger ruralistas e madeireiros, sendo nós defensores do Meio Ambiente. Da
mesma forma que negros e índios não devem votar em quem são contrários aos
direitos constitucionais das nações indígenas e dos quilombolas, como o direito
à demarcação e da posse das suas terras, só para citar um exemplo. Vote em quem
têm compromissos e vai lutar pelos anseios da sua classe social e do seu
grupo.
Não
devemos esquecer jamais que, numa democracia representativa, na qual elegemos
nossos representantes legais, o voto exerce o poder de uma procuração, pois
estamos passando por meio dele o poder para outros nos representarem. Votamos em cargos do executivo para governar
e gerir o nosso município, estado e nação. Da mesma forma que vereadores e
parlamentares fazem leis em nosso lugar. Portanto, a nossa responsabilidade,
enquanto cidadãos, é enorme nesse sistema político.
Devemos
votar com responsabilidade sempre almejando o bem comum. A coletividade precisa
se sobrepor aos interesses pessoais, assim como devemos denunciar a compra de
votos e o recebimento de qualquer benesse dos candidatos como moeda de troca
para convencer eleitores. Um cidadão consciente não está à venda e não negocia
seus valores por benefícios em período eleitoral.
[1][1]
O parlamentar é um membro de um parlamento, o qual
exerce o poder legislativo. Em um sistema bicameral, os parlamentares são
geralmente divididos em deputados e senadores.
[2] O Congresso Nacional é o órgão constitucional que
exerce, no âmbito federal, as funções do poder legislativo, quais sejam,
elaborar/aprovar leis e fiscalizar o Estado brasileiro (suas duas funções
típicas), bem como administrar e julgar (funções atípicas). O Congresso é
bicameral, logo composto por duas Casas: o Senado Federal (integrado por 81
senadores, que representam as 27 unidades federativas (os 26 estados e o
Distrito Federal) e a Câmara dos Deputados (integrada por 513 deputados federais,
que representam o povo). O sistema bicameral foi adotado em razão da forma de
Estado instalada no País (federação), buscando equilibrar o peso político das
unidades federativas.
[3]
Que são do PDT, ou apoiam a
candidatura de Ciro Gomes.