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quinta-feira, 28 de abril de 2022

O formidável comércio!


Em 2013, a Revista Forbes, que é especializada em grandes fortunas, trouxe uma lista dos líderes religiosos mais ricos do Brasil: Edir Macedo, dono da Igreja Universal, aparecia em primeiro lugar com US$ 950 milhões, em segundo aparecia Valdemiro Santiago, dono da Igreja Mundial, com US$ 220 milhões, seguido por Silas Malafaia, dono da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, com cerca de US$ 150 milhões. R R Soares, com US$ 125 milhões, vem em quarto lugar. Estevam Hernandes e a sua esposa a bispa Sônia têm juntos US$ 65 milhões, estando em quinto colocado no ranking.
Todos esses valores estão em dólares. Portanto, multiplique cada quantia por 5. Assim, chegará próximo ao total da fortuna de cada um em Real.
Eu trouxe em memória a matéria da Forbes para falar dessa fantástica fábrica de dinheiro que é o comércio da fé. Como bem disse o pastor Ed Rêne Kivitz, “negociar a religião é melhor que vender droga”, pois, além de ser extremamente rentável não se tem nenhum risco de ser preso no Brasil, ainda. Os mercenários da fé, dispõem de poder e influência política para elegerem seus candidatos “ungidos” em nome de Deus ou de Jesus, por exemplo.
Mas, ganhar dinheiro com a religião e em nome de Deus não é uma prerrogativa cristã somente dos evangélicos, lembrando, que o que mais fez a Igreja Católica durante toda sua história foi negociar a fé e vender a entrada no céu, através das indulgências que motivaram às duras críticas dos reformadores protestantes, especialmente de Lutero. Além de praticarem a chamada simonia - compra ou venda ilícita de coisas espirituais (como cargos eclesiásticos e sacramentos) ou temporais ligadas às espirituais (como os benefícios eclesiásticos) -. Sem contar que o último grande escândalo financeiro envolvendo religiões no Brasil veio do padre Robson de Goiás, que movimentou 2,2 bilhões de reais, comprou mais de 50 fazendas, além de ser envolver em promiscuidade sexual e ser extorquido por um hacker.
Também não é uma prerrogativa do cristianismo, em suas vertentes católico-protestante-evangélico, o ignominioso comércio da fé. Mas, esse negócio nefasto ocorre em quase todas as grandes religiões mundiais.
Um dos casos mais interessantes e controversos é do Estado de Israel e dos judeus que recebem bilhões, anualmente, dos cristãos em suas infindas visitas turísticas à Terra Santa, mesmo eles - os judeus-, não tendo a mínima consideração pela figura histórica de Jesus, não acreditam ser ele o Messias, e o consideram um ser humano comum. Nem mesmo um simples profeta o judaísmo considera o Cristo do cristianismo. Mas, isso não os impede de ganhar rios de dinheiro através da exploração do seu nome, da sua história e dos lugares que passou quando esteve entre os humanos no século I.
Israel tem, no turismo religioso, o ponto forte do seu Produto Interno Bruto (PIB). Em 2019, recebeu cerca US$ 6,7 bilhões com o turismo receptivo. Tudo isso explorando os lugares que marcaram a trajetória histórica de Jesus Cristo em Israel e na Cisjordânia.
Israel, sem crer em Jesus como Messias, fabrica coroas de espinhos e vende aos visitantes cristãos. Lá criam-se porcos e não comem por causa da sua religião, o judaismo, que tem esse animal como impuro, mas vendem para os chamados gentios (povos não judeu).
Outros credos religiosos não ficam atrás. Correntes budistas ganham muito dinheiro com o turismo religioso e o comércio de diferentes estatuetas do Buda; o islamismo e, também, o cristianismo e o Hinduísmo ganham bilhões com o comércio de seus livros sagrados, - Alcorão, Bíblias e o Rig Vedas -, outras religiões vendem materiais idolátricos e místicos que geram grandes fortunas ao redor do mundo.
Até as religiões de matrizes africanas fazem um rentável comércio no Brasil, além de muitos líderes religiosos cobrarem valores altos para fazerem cerimônias e "trabalhos" espirituais.
As bugigangas religiosas são de fato um fenômeno maravilhoso de venda, gerando trilhões em receitas anuais. Como no capitalismo tudo vira mercadoria: a religião, Deus, Cristo, orixás, santos, os símbolos e escrituras sagradas não poderiam estar de fora. E o comércio da fé já dura milênios, está cada dia mais sofisticado, informatizado e globalizado.
Pequenas religiões e igrejas se tornaram potencias grandes negócios. Mega religiões e igrejas são grandes corporações capitalistas que geram bilhões de dólares anuais.
Vende-se de tudo. Negocia-se tudo. Perdeu-se o pudor, a dignidade e a vergonha na cara. Nada mais indigno e vil que o comércio da fé. Nada mais desprezível que usar a boa fé alheia para enriquecimento ilícito.
Como alertava Oton Rodrigues, "a fé sem caráter se torna comércio".
O apóstolo Pedro em sua segunda epístola nos fez séria e grave advertência, quando afirmou: “Também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme ”.
Jesus desafiou o sumo sacerdote Caifás, os líderes religiosos e os comerciantes do templo de Jerusalém, pois estavam fazendo comércio na “Casa de Deus”. Numa atitude de ira e fúria jogou as mesas dos cambistas e vendedores no chão e usou de um chicote contra todos que comercializavam no local, dizendo: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”.
Infelizmente, este grandioso comércio místico-religioso nunca findará. Enquanto estiverem seres humanos aptos e dispostos a comprarem os caros produtos da fé, estarão gerando trilhões para os ardilosos e eficientes mercadejadores de esperança. E as palavras de Jesus e de seu apóstolo Pedro que condenam essa prática abjeta, estarão sendo lembradas como censura e denúncia ao ignominioso comércio.