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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Eu NÃO respeito todas as formas de fé e muitos credos religiosos!

Hoje numa rede social um amigo, também especialista em Histórias das religiões, fez a seguinte publicação: “Em relação a Religião... não vejo como sermos unidos em IDEOLOGIAS e DOGMAS.... Só existirá um caminho que poderemos andar juntos... o RESPEITO! EU RESPEITO TODAS AS FORMAS DE FÉ”.
            Eu fiz um comentário deixando claro que não respeitava todas as formas de fé. E direi por que não respeito!
            Antes de responder gostaria de salientar que sou a favor da liberdade de crença, como ordena nossa Constituição Federal, no seu Art. 5º, creio que qualquer ser humano tem o direito de acreditar no que quiser, numa pedra, num pedaço de pau, num ídolo de gesso, na trindade, na reencarnação, em Jesus, em Alá, em Buda ou até mesmo o direito de não acreditar em absolutamente nada.
            Agora, o que não podemos é respeitar todas as formas de crença ou religião, pois muitas delas claramente são contrárias aos direitos fundamentais defendidos pela própria Carta Magma, supra citada e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de dezembro de 1948.
            As formas de fé e religiões que não respeito são:
·        Aquelas que não respeitam à vida, por exemplo proíbem que seus membros na iminência da morte não façam transfusão de sangue. As que apoiam atos terroristas, ou chacina étnica como ocorre principalmente na África. As que fazem “trabalhos” para destruir relacionamentos, e até para matar pessoas.
·        Aquelas que não respeitam à liberdade humana, maltratam às mulheres, fazem com que vivam aprisionadas e sem quaisquer direitos, e até quando são estupradas as mesmas são consideradas culpadas.   
·        Aquelas que compactuaram e justificavam no passado a escravidão, seja na América Portuguesa, Espanhola ou Inglesa. Que trataram por séculos o negro como mercadoria, diziam que os mesmos não eram seres humanos, mas animais; chamavam-nos de peças, diziam que os escravos não tinham alma, não os evangelizava e nem os permitiam entrar nas suas igrejas. O triste é perceber que hoje milhões de negros frequentam seus cultos e missas por não conhecerem seu passado histórico.
·        Aquelas que fazem do povo trampolim de enriquecimento da sua liderança. Não respeito as religiões e líderes que fazem do povo negócio. Os fiéis são usados para o enriquecimento da casta sacerdotal. São espoliados, iludidos por falsas promessas de prosperidade. Não posso respeitar religião e igrejas que mercadejam esperança! Fazem cultos, campanhas e eventos cujo fim não é a vida humana, mas levantamento de fundos.
·        Aquelas preocupadas com templos ornamentados e confortáveis, mas não com a vida humana. Não respeito religiões que tem seus templos suntuosos, enquanto parte significativa da sua membresia não tem o que comer. Já dizia uma canção da Banda Catedral: “Não vamos construir mais templos ricos e deixar crianças morrerem de fome, se preocupar com ouro e o granito enquanto o mais próximo não come”. Inverteu-se a lógica: estão amando as coisas e usando as pessoas, deveria ser o contrário, amar as pessoas e usar as coisas.
·         Aquelas que fazem de seus componentes mero instrumento político. Não há como respeitar líderes e religiões que usam os fiéis como curral eleitoral. Que fazem de seus púlpitos palanques para canalhas. E de seus membros-ouvintes massa eleitoral.   
·        Aquelas que perseguem minorias. Não respeito religiões que fazem verdadeiro tribunal do “Santo Ofício” (Inquisição), com aqueles que pensam diferentes ou que têm opção sexual distinta da maioria. A religião que não consegue amar além do discurso, é hipócrita e equivocada em sua missão.    

Respeitar denota um sentimento de apreço e estima a uma pessoa ou uma entidade. Também denota ações e condutas específicas daquela estima. Por essas religiões, líderes e igrejas que possuem as características descritas acima, a única coisa que lhes atribuo é minha total falta de apreço e respeito!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Religião e Colonização!




Semana retrasada, eu palestrava na II Feira inter-religiosa de Búzios, sobre a religião como um fenômeno social. Em um dos tópicos quando falava de Religião como fenômeno da colonização, usei dois exemplos clássicos para exemplificar minha fala: o Brasil que está localizado na América do Sul, longe do continente europeu, é o maior país católico do mundo, pois éramos uma colônia católico-portuguesa. Os Estados Unidos da América, localizado na América do Norte, é o maior país protestante do mundo, com mais de 80% da sua população professando essa fé, por que foi colonizado pela Inglaterra no século XVII, portanto, assim como nosso país, a grande maioria da sua população segue a religião do seu colonizador.

Sei que as pessoas religiosas normalmente são desprovidas de senso-crítico, sobretudo quando se trata de fazer uma análise da sua própria fé ou religião, elas consideram sua religião uma construção divina, no caso dos cristãos católicos e protestantes, uma dádiva do “único” Deus. Mas essa reflexão que agora trago, tem o objetivo de você se questionar: “A minha religião foi Deus quem trouxe a meu país ou foi uma imposição do nosso antigo colonizador?”

Colonização, para nós historiadores, se resume na imposição do mais forte sobre o mais fraco, é um estupro cultural. Aqueles que possuem maior capacidade bélica adentrando outros territórios e impondo sua cultura, seus valores, sua língua e sua religião. Além de explorar a terra, seus habitantes, inclusive por meio da escravização.

A religião nesse processo é fundamental, pois ela serve como braço político e ideológico do colonizador, fazendo com que em pouco tempo os explorados se sintam integrados a sua nova situação nefanda, porém, aceitando essa mesma situação. Em pouco mais de um século de catequização religiosa, ideológica e política poucos são aqueles colonizados que não vão aderir a esse processo massificante.

É por isso que falamos português e os norte-americanos inglês, diante disso temos os valores ibéricos enquanto eles possuem valores britânicos, portanto somos na maioria católicos romanos enquanto eles protestantes. Ambos vivendo no continente americano e possuindo os valores do continente europeu.

E suas populações continuam frequentando templos das religiões de seus exploradores e agradecendo a Deus pelas missões colonizadoras. Que mataram milhões de nativos, autóctones, que eles deram o nome genérico de índios. A religião com certeza é o melhor instrumento de manipulação social. Ópio do povo como dizia Marx. Pois só ela mantém as massas oprimidas e ao mesmo tempo agradecidas.



[1] Texto escrito em 01/08/2015, após minha palestra na Feira Inter-religiosa de Armação dos Búzios, cujo tema foi: “A Religião como Fenômeno Social”. 

  

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Quem governa o Brasil: ateus ou religiosos?

Hoje, numa Rede Social, um amigo judeu fez a seguinte postagem, se referindo ao governo da Dilma e ao PT: “Na Bíblia diz: ‘Bendita é a nação cujo Deus é o senhor.’” Infelizmente o Brasil está há anos sendo governado por pessoas ateias sem o menor temor ao Eterno, sem o menor escrúpulo e honestidade, ainda por cima apoiam, defendem e se aliam aos governos tiranos e às pessoas loucas iguais a essas (se referindo ao vídeo do Estado Islâmico).”

Eu não consegui me conter diante de tamanho equívoco e com todo respeito me posicionei contra o que ele afirmou, os ateus no Brasil são 0,39 % da população, conforme o censo de 2010, apesar de estarem em crescimento. O Brasil é o maior país católico do mundo e tem assistido um surto de crescimento dos evangélicos, além de sua múltipla religiosidade. Os ladrões, canalhas e picaretas que estão usufruindo do poder em nosso país são RELIGIOSOS, e dizem crer e servir a Deus. A segunda maior bancada do congresso é a evangélica, só ficando atrás da ruralista. E a maioria dos congressistas se declaram católicos.

O problema da nossa nação é que os ditos religiosos são de fachada, - vivem no faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço -, pior que as pessoas sem religião e sem fé!”

Em 2010, conforme o IBGE, cristão eram 86,8% da população brasileira; católicos que em 1970 eram 91% caíram para 64,6; e evangélicos em alta são 22,2%.

O colunista da Revista Veja, Reinaldo Azevedo, assim se referiu a esse fato:

 

"O Brasil ainda é a maior nação católica do mundo, mas, na última década, a Igreja teve uma redução da ordem de 1,7 milhão de fiéis, um encolhimento de 12,2%. Os dados são da nova etapa de divulgação do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tendência de redução dos católicos e de expansão das correntes evangélicas era algo esperado. Mas pela primeira vez o Censo detecta uma queda em números absolutos. Antes do levantamento de 2010, o quadro era apenas de crescimento de católicos em ritmo cada vez menor. Mantida essa tendência, em no máximo 30 anos católicos e evangélicos estarão empatados em tamanho na população. Os números mostram uma redução acentuada de poder da Igreja Católica no país nas últimas décadas: a mudança foi lenta entre 1872 e 1970, com perda de 7,9% de participação no total da população ao longo de quase um século; e tornou-se acelerada nos últimos 20 anos, quando a retração foi de 22%[1]".

 

O que estou querendo mostrar trazendo esses dados estatísticos é para que você, caro leitor religioso, não cometa o mesmo erro de meu amigo, acusar erroneamente o segmento minoritário de nossa sociedade do caos instalado política e economicamente em nosso país, sobretudo, em nível da moralidade.

Sei que é difícil para aqueles que vivem se auto intitulando os baluartes da moral e bons costumes admitirem que o fato de serem maioria absoluta, não quer dizer, muito menos garante historicamente, uma melhoria social e ética.

Nós somos uma nação cristã e com enorme pluralidade religiosa, o Brasil desponta no mundo, como um dos países com a maior quantidade de credos diferentes e antagônicos. Porém, essa religiosidade nunca nos elevou no sentido humanitário, educacional e moral. Continuamos sendo o país do jeitinho, da sacanagem, da picaretagem e da corrupção.

Estamos cheios de ditos homens e mulheres de “deus” nas câmaras municipais, assembleias estaduais e no Congresso Nacional. Sem contar que nenhum de nossos presidentes tenha se declarado ateu ou agnóstico, até porque se o fizerem não ganharão nenhuma eleição. Todos eles se declararam católicos, com exceção do General Ernesto Geisel, que era luterano, e governou no período ditatorial.

Cerca de 84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente; 57%, em uma mulher; 32%, em um homossexual... e apenas 13%, em um ateu, indicou uma pesquisa da revista Veja de 2007, a última deste tipo realizada no país.

Leonardo Boff costuma dizer que muito mais importante do que professar uma religião é ter uma boa conduta. Seja perante a família, a sociedade, aos amigos e também à política.

Jesus, certa feita, disse aos seus discípulos que os mesmos deveriam ser sal da terra e luz do mundo. Mateus 5: 13-14 “Vós sois sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte”.

O mestre quis dizer que os cristãos devem dar sabor, gosto aos desgostos humanos, deve purificar e preservar o que ainda pode ser preservado de valor nesse mundo (função do sal). Também devem ser luz, com a função de brilharem em meio as trevas da ignorância e endireitar e iluminar os caminhos tortuosos. Porém, se os mesmos falharem em sua missão, serão execrados, humilhados e achincalhados (pisados pelos homens). A igreja, as religiões e seus membros historicamente não cumpriram a missão que lhes fora confiada, com raríssimas exceções, por isso, caíram em descrédito e escárnio social.

Qual o impacto em se dizer cristão ou membro de qualquer outro credo religioso? Nenhum! Qual a garantia que um candidato cristão, pastor ou bispo após eleito será melhor que um não crente? Nenhuma! Qual a diferença de conduta social de um religioso para um não crente? Nenhuma, com raras exceções! A bancada evangélica líder de escândalos e falcatruas corroboram minhas respostas. Os políticos ditos religiosos – quase todos- de nossa região e município, também confirmam minha afirmação.

A religiosidade de um povo nunca foi e nunca será garantia de melhoria social. Os países com maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) têm paulatinamente se tornado não religiosos e laicos.

Ouvi uma história muito interessante há muitos anos e gostaria de terminar esse artigo com ela. É a história de um soldado do general e imperador Alexandre Magno, o Grande, que fora acusado de deserção e trazido até o rei. O imperador olhou para o soldado e se afeiçoou por ele, depois o perguntou: “É verdade que desertastes?” O jovem trêmulo lhe disse: “Sim é verdade.” O rei voltou a perguntar: “Qual é o seu nome?” Ele respondeu: “Meu nome é Alexandre.” Então o imperador mudou a feição e enfurecido e disse: “Ou você muda de nome ou muda de conduta, pois não pode carregar o meu nome e ter essa conduta!”

Amigo, se você se autointitula cristão e vive uma vida indigna desse nome, você só tem duas coisas a fazer, ou você muda de nome (deixa de ser cristão e religioso) ou muda de conduta, passando a ser verdadeiramente sal da terra e luz do mundo!

 

[1] Essa postagem foi feita sobre um vídeo do Estado Islâmico, meu amigo judeu, estava indignado pela Dilma apoiar tal grupo terrorista num encontro promovido pela ONU em 2014. 
[2] http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/06/os-ateus-no-brasil-e-seu-medo-de-sair-do-armario.html
[3]ttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_religiao_deficiencia/default_caracteristicas_religiao_deficiencia.shtm
[4] http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/06/os-ateus-no-brasil-e-seu-medo-de-sair-do-armario.html

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Religião e Insanidade


O islamismo é a segunda maior religião do mundo, com 1,6 bilhões de praticantes. Segundo sociólogos, historiadores e cientistas sociais em menos de quinze anos ela se tornará a maior religião do mundo, desbancando o cristianismo, religião que está em forte declínio na Europa, em suas múltiplas vertentes, como católicos, protestantes e ortodoxos. Diferente do islã, que está em vertiginoso crescimento no mundo todo.
Todo muçulmano deve cumprir com as seguintes obrigações:
  1. Sahada: Aceitar a profissão de fé "Não há mais Deus que Alá e Maomé é o enviado de Alá"
  2. Salat. Realizar as orações diárias a Deus olhando para Meca;
  3. Zakat. Fazer obras de caridade e a esmola;
  4. SwanJejum durante o Ramadã (em um mês de 29 ou 30 dias do calendário; lunar do Islã), que se inicia com a Hégira, a fuga de Maomé a cidade Saudita chamada Medina;
  5. HajjPeregrinar à Meca (Arábia Saudita), ao menos uma vez na vida de cada muçulmano se dispõe de meios para fazê-lo e saúde.
Estas cinco obrigações são os chamados "Cinco Pilares do Islã". Por conta dessa quinta obrigação, milhões de pessoas vão todo ano a cidade sagrada islâmica peregrinar em volta da Caaba, (construção cúbica localizada próximo ao centro da grande mesquita de Meca (Arábia Saudita), santuário venerado pelos muçulmanos como o local mais sagrado da Terra, e que contém a 'pedra negra' que teria sido enviada por Deus a Adão para redimi-lo de seus pecados), - para os pesquisadores essa pedra é um pedaço de meteorito -.
Todo ano centenas de pessoas são mortas pisoteadas ao se dirigirem a cidade Saudita de Meca, em peregrinação. Esse ano foram 769 mortos e 934 feridos, segundo o site G1[1].
Segundo Albert Einstein: Insanidade é fazer a mesma coisa dia a após dia esperando resultados diferentes.
As religiões sempre cometem atos de insanidade, como a supracitada peregrinação a cidade “santa”, por dois motivos óbvios: falta de racionalidade e não ser capaz de revisar seus dogmas e pressupostos teóricos e doutrinários.
Levar três milhões de pessoas numa praça andando em círculo em volta de um templo anos após anos, vendo e filmando a morte de centenas de pessoas e isso não ser capaz de levar seus líderes a fazerem uma reflexão sobre tal ato, é uma falta total de respeito a vida humana e uma gritante falta de bom-senso e racionalidade.
A religião precisa ter a grandeza da ciência e da Filosofia, que são capazes de admitir sua falibilidade, seus erros e que seus pressupostos podem ser revisados e alterados.
Não se deve insistir com dogmas equivocados e ultrapassados em pleno século XXI. Testemunhas de Jeová tem que revisar a insanidade de não permitir seus adeptos a realizarem transfusão de sangue, evangélicos têm que questionar parte de sua liderança endinheirada e picareta, católicos têm que questionar o dogma do celibato de seus clérigos, a proibição do sacerdócio feminino e assinar a Declaração Universal Direitos Humanos de 1948 que o Vaticano ainda não ratificou, as religiões de matriz africana tem que se questionar sobre o sincretismo em seus cultos, que muitas das vezes é uma exaltação a conteúdo dos cultos europeus, povo que outrora os escravizaram e etc..    
Questionar-se e rever conceitos e posições é uma prova de grandeza, sanidade, bom-senso e dignidade.
Mas como diz o cético Carl Sagan: Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.




[1] http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/numero-de-mortos-por-tumulto-em-peregrinacao-meca-sobe-para-769.html

terça-feira, 1 de setembro de 2015

As religiões e a Intolerância!

Em minhas aulas como professor de Ensino Religioso, Sociologia e Filosofia, sempre gosto de ressaltar essa característica inerente as distintas religiões: a intolerância! Estranho, será que eu não me equivoquei? Será que o que de fato caracterizam as religiões não é o inverso, a Tolerância, o respeito as demais crenças e o direito constitucional do outro descrer? Não, caro leitor! Não estou equivocado, infelizmente. No decorrer da história humana, e por conseguinte, das religiões, as mesmas são marcadas pelo extremo desrespeito as crenças de outros grupos de fé.
Tolerância significa respeitar o direito do outro viver, crer e ser no mundo, mesmo não concordando com o modus vivendi do outro. Ou seja, tolerar é diferente de concordar! Seria eu e você respeitar as escolhas do outro mesmo discordando dela, pois do mesmo jeito que eu e você, vivemos, cremos e somos no mundo o outro tem o mesmo direito de ser, viver, crer e agir de maneira distinta.
Já a Intolerância é seu oposto, é a não aceitação do modos de viver do diferente. É achar que a única janela correta para se enxergar a vida é a nossa. A nossa pseudodemocrática civilização ocidental sempre agiu assim em relação aos povos do Oriente, Ásia, África e América, excetuando-se na América os norte-americanos. 
Temos a péssima mania de querer impor o nosso modo de pensar, agir e crer sobre os outros. Isso ocorre culturalmente, quando principalmente os Estados Unidos e Europa tentam imprimir seus valores culturais aos demais países e povos, numa marcada prática etnocêntrica, valores como democracia, cristianismo, "liberdade", capitalismo, globalização e etc.
Mas, em nenhuma outra ação humana é tão notório a intolerância quanto nas religiões. Por quê? Porque as religiões, sobretudo as monoteístas, aquelas que professam a crença num único Deus, como judeus, cristãos e muçulmanos, se colocam como os únicos possuidores da "VERDADE". Aí, reside o problema das religiões, a suposta posse da verdade. Pois não pode haver duas ou mais verdades antagônicas sobre o mesmo tema ou objeto. Uma coisa não pode ser outra coisa ao mesmo tempo, pois isso feriria o princípio da racionalidade e da lógica. Traduzindo, Se existe somente um Deus, obviamente pensam os religiosos, esse deus é o meu, da minha religião, do meu credo, aquele que cultuo e professo. E os outros deuses? Ou não existem, portanto, são falsificações. Ou são todos eles, manifestações do Diabo. Pois, se uma religião possui a verdade ela é de Deus, e se a outra que é contrária, portanto antagônica, é diferente a divindade, o culto e os ritos ela é mentirosa e, portanto do Diabo. Essa é a lógica da Inquisição católica medieval. A igreja se reputava como única portadora da verdade, possuía o monopólio de Cristo, quem pensava diferente era o Herege, portanto é aquele que necessita ser morto, pois o mesmo é um instrumento de Satanás, podendo através de falsas doutrinas contaminar todo o rebanho.
Até o ato de proselitismo, tão comum nas religiões, é um ato de intolerância. Pensem, por que será que as instituições religiosas tem missionários que são enviados a pregar em outros povos e civilizações que já possuem suas religiões? E por que os crentes das distintas religiões estão sempre querendo convencer o de outro credo que ele está equivocado? Porque ele crer que é possuidor e portador da verdade sobre Deus, e os seguidores de outras religiões estão nas trevas da ignorância, são enganados e vivem na mentira achando estarem na verdade, por isso ele deve ser evangelizado e convertido a verdadeira religião, só assim ele encontrará a verdade e a salvação. Pois se permanecer na sua estará perdido.
A lógica é a seguinte, como expressa no quinto parágrafo. Cabe aqui exemplificar, se a salvação é através do sacrifício de Jesus na cruz do calvário, todas as formas de reencarnações são falsificações, e vice-versa. Como seriam falsas a auto-salvação budista, o Carma hinduísta, a proclamação islâmica e todas as outras formas diferentes de pregações salvíficas. Ou seja, para as religiões não cabe o famoso ditado que: "todo caminho leva a Roma", querendo dizer que todo caminho leva a Deus. Não, isso é inaceitável e incoerente com as pregações religiosas. Pois somente o caminho pregado por cada religião leva a deus, portanto, as religiões são dogmáticas e intolerantes, e não relativistas como pensam os incautos. 
Como pesquisador do fenômeno religioso, diante da problemática exposta, a única postura aceitável é o ceticismo. Isso pelo fato de que as religiões são diversas em constante crescimento e multiplicação de doutrinas e ritos antagônicos e todas elas se autoproclamando a única possuidora da verdade e com o monopólio sobre Deus. Sendo impossível aferir tal "verdade" ou quem de fato está com a "verdade". A não ser que o próprio deus ou deuses viessem pessoalmente à terra e nos revelasse o correto, fora isso, os discursos religiosos nada mais são que suposições vazias, subjetivas que carecem de provas e objetividade.


Jesus é o Caminho e as "Igrejas" o Pedágio!

Jesus é o caminho as “igrejas” o Pedágio

Tem um versículo do livro de João muito utilizado para a prática de proselitismo, ele diz: Disse Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Não tenho nada contra o texto, e na verdade, o considero muito belo e capaz de suscitar uma excelente reflexão teológica.
Mas se Jesus é o caminho, infelizmente muitas igrejas são o pedágio, que são mais caro que o da Vialagos, e o valor cobrado por essa concessionária é um dos mais exorbitantes do Brasil.
Até o terceiro século da era cristã, a igreja que nesse período não era institucionalizada, mais era como a tradução do termo Eclésia no grego indica “os chamados para fora”, uma comunidade que se reunia em nome de Jesus, sobretudo, para ajuda mútua e ensino das escrituras.
O livro de Atos na bíblia nos mostra de maneira clara e explícita o quão diferente era aquela comunidade conhecida como igreja Primitiva das ditas igrejas modernas. Hoje essa comunidade se tornou um modelo e um arquétipo do cristianismo verdadeiro.
Com a liberdade concedida através do Édito de Milão promulgado a 13 de junho de 313 pelo imperador Constantino (306-337), assegurou a tolerância e liberdade de culto para com os cristãos, alargada a todo o território do Império Romano. Mais tarde com o Édito de Tessalônica também conhecido como Cunctos Populos ou De Fide Catolica foi decretado pelo imperador romano Teodósio I a 27 de fevereiro de 380 d.C. pelo qual estabeleceu que o cristianismo tornar-se-ia, exclusivamente, a religião de estado, no Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro do império, agora chamada de práticas pagãs.  
A partir da institucionazação da igreja, o que se viu e o que a história demonstra é que não existe nada tão aviltantemente anticristão, que o dito “cristianismo”. O Cristianismo do quarto século aos nossos dias é a negação do que Jesus foi, encarnou e viveu. O Cristo dos evangelhos não se parece em nada do Cristo das religiões cristãs.
No evangelho Jesus ama as pessoas e investe em amor nelas, o cristianismo ama prédios (que eles chamam erroneamente de igreja) e os adornam como se Deus estivesse preocupado com templos luxuosos, Ele se preocupa é com a vida humana.
Nos evangelhos Jesus manda dar ao pobre não explorá-lo, e a Igreja de Atos partilhavam tudo entre si, as ditas igrejas/institucional tiram dinheiro do pobre, se puderem arrancam até o seu último tostão da passagem de ônibus, através da prática legalista do dízimo judaico, das ofertas, das ditas primícias, dos cultos de “libertação”, das campanhas esdrúxulas e de correntes ridículas; baseadas nos textos do Velho Testamento. Muitos líderes inescrupulosos usam de meios escusos e reprováveis para arrancar do povo o último centavo, a fim de viverem no fausto e no luxo. Sem contar a falta de transparência na prestação de contas e o povo não sabe (muitos nem querem saber) o quanto entra nos cofres da igreja nem onde os recursos são aplicados.
Jesus mandou amar as pessoas, as igrejas e seus líderes usam as pessoas como mero meio de obter lucros, com raras exceções. Se o Brasil fosse um país minimamente sério, a maioria dos líderes religiosos, sobretudo, os pregadores midiáticos já estariam mofando na cadeia e seus bens nas mãos do Estado. 
Pois foi uma vergonha para a nação brasileira assistir na TV que um líder picareta e sua esposa foram presos e ficaram detidos nos EUA, mostrando que na América do Norte a justiça e as leis funcionam e aqui no Brasil são motivos de piadas.
Infelizmente, concluo esse texto dizendo: Jesus continua a ser o caminho, enquanto a maioria “igrejas” um caro pedágio.  



Acioli Junior: Graduado em História e Filosofia, especialista em Ciências da Religião e mestre em Ensino de História.

Os verdadeiros heróis da fé!



Na década de 1990 um livro intitulado “Heróis da Fé” de Orlando de Boye fez grandioso sucesso. Ele falava dos ilustres reformadores protestantes, Lutero, Calvino e Zwingli; além dos considerados pré-reformadores como Wycliff e Jan Hus e Savonarola.
Inúmeras religiões possuem entre seus líderes homens que podíamos chamar de verdadeiros heróis da fé. A Igreja Católica tem Francisco de Assis, um dos maiores exemplos de humanidade, que segundo Leonardo Boff: “Depois do único (Jesus) ele é o primeiro.”, além de Tomás de Aquino e outros. O hinduísmo tem o famoso pacifista Mahatma Gandhi, que lutou contra o imperialismo inglês, dando uma verdadeira lição de humanidade. O protestantismo moderno tem a figura exemplar de Martin Luther King Junior, pastor batista, que lutou pelo direito dos negros norte-americanos. No Brasil temos no kardecismo a figura extremamente humanitária e despojada de Chico Xavier.
Por mais que eu seja um grande admirador desses grandes homens e os considerarem grandes exemplos de humanidade, venho aqui falar sobre outros heróis, que existem aos milhares dentro de diversas religiões e muitas vezes fora dela, que levam uma mensagem salvadora ao mundo e aos homens, todavia, ninguém conhece seus nomes, mas eles são os verdadeiros heróis e heroínas da fé, os anônimos que segundo o livro de Hebreus, “são homens dos quais o mundo não é digno”.[1]
Quem são essas pessoas inomináveis? São aqueles que a cada domingo e dia de visitação estão nos hospitais visitando doentes, trazendo-lhes uma mensagem de conforto e esperança. Visitando asilos, onde as famílias depositam seus idosos, e eles são os únicos que agora podem ser chamados de parentes dos velhinhos, pois na verdade são os únicos que se importam com eles. São aqueles que visitam presídios, tanto masculino quanto feminino, daqueles que a sociedade considera a escória da terra e indignos. Até nesses lugares os anônimos da fé, os verdadeiros heróis de nossos tempos estão. Também estão em presídios de menores e em lugares impenetráveis como favelas dominadas pelo narcotráfico, mas ninguém conhecem seus nomes.
Ledo engano, as pessoas considerarem que os pregadores poliqueiros midiáticos que estão mais interessado no dinheiro alheio, fama e poder político são os verdadeiros baluartes da fé, pelo contrário, são picaretas travestidos de sacerdotes.    
Para aqueles que acreditam no Grande dia do Juízo, com certeza terão enorme surpresa. Pois aqueles que se assentarão a mesa do Pai, serão os anônimos da fé. Pois tais homens e mulheres se alimentam da discrição, enquanto os picaretas da propaganda.
Jesus disse que naquele grande dia, ele dirá aos “justos”, os anônimos heróis da fé:

Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me.
Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar?
O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Ele continuou a história e disse aos “injustos”, religiosos de fachada e alegradores de auditórios (pseudopregadores):

Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, (...)
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.
E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos?
Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.[2]

Abraham Lincoln, ex presidente norte-americano, certa feita disse: “Se faço o bem, fico bem; se faço o mal, fico mal. Portanto, minha religião é o bem”. O apóstolo Tiago afirma: “Aquele, pois, que pode fazer o bem e não o faz, comete pecado”.[3]
“A religião que Deus, nosso Pai, aceita como sincera e imaculada”, diz-nos o supracitado Tiago, “é visitar as viúvas e os órfãos em suas dificuldades...”.[4]
Diante do exposto, espero caro leitor, que você seja capaz de diferenciar e valorizar os verdadeiros heróis e heroínas da fé, que gastam sua vida em prol da humanidade, mesmo em total anonimato; dos que mercadejam a palavra de “Deus” e daqueles que muito gritam em nome Dele, mas que suas vidas são vazias de prática e significado. Não se esquecendo, que encenação e coreografia religiosa não é sinônimo de espiritualidade.





[1] Hebreus 11:38
[2] Mateus 25: 34-46
[3] Tiago 4:17
[4] Tiago 1:27