A “sophofobia” é a aversão ao saber. É a ojeriza aqueles que
buscam o conhecimento, é o ódio a universidade como promotora de ciência,
pesquisa e conhecimento. É o ressentimento contra aqueles que puderam se formar
ou que estão concluindo o ensino superior. É a tentativa de rebaixar a
academia. De desmerecer professores e a titulação acadêmica.
A “sophofobia” é a revolta do iletrado aos que passam ou passaram
a vida toda dedicada ao conhecimento e a sua produção.
Sophia em grego significa sabedoria, já fobia tem o significado
de medo, falta de tolerância ou aversão.
Creio que a “sophofobia”[1] é um neologismo criado por
mim, se já existi, eu desconheço, mas ao pensar no que vem ocorrendo no Brasil,
veio à mente essa palavra.
Muito se tem discutido nas últimas semanas sobre o corte ou como
o governo prefere o contingenciamento na verba da educação. Uma coisa é certa,
em todos os governos após a redemocratização houve cortes nas verbas destinadas
a educação, saúde, segurança e inúmeras outras áreas. Bolsonaro não foi o primeiro
nem será o último a fazê-los. Todavia, nunca houve em nenhuma outra gestão o
que tem ocorrido nessa, que é a perseguição as universidades públicas
promotoras de conhecimento, pesquisa e ciência. A perseguição esdrúxula aos
professores, com a tentativa de amordaçá-los com o Projeto Escola Sem Partido
que não teve início nesse governo, mas foi apoiado pelo presidente, seus filhos
e principalmente pelo partido que os elegeram, o PSL.
O presidente e o ministro da Educação Abrahan Weintraub perseguem
de forma leviana e abominosa a área humana, sobretudo, a Filosofia e Sociologia
e já deixaram claro em seus discursos que irão retirá-las. Lembrando que
ditadores e pseudoditadores odeiam essas duas disciplinas, por gerarem senso
crítico, cidadãos autônomos, questionadores e pessoas atentas a realidade
social.
A intenção do governo é perseguir Paulo Freire que é o maior
educador do Brasil e da América Latina e um dos maiores do mundo, o terceiro
autor mais citado em trabalhos acadêmicos, é também o patrono da educação
brasileira e estudado no mundo inteiro pelas mais renomadas universidades.
Embora Paulo Freire possua mais de 30 títulos de doutor honoris
causa, o governo quer retirar dele o título de patrono da educação do Brasil.
Isso é um retrocesso e perseguição inominável!
O presidente também disse que não quer que os alunos estudem
sobre política. Ele deixou claro em seu discurso na posse do novo ministro da
educação que tem como um dos objetivos da pasta desestimular o interesse de
crianças e adolescentes por política nas escolas. “Queremos uma garotada que
comece a não se interessar por política, como é atualmente dentro das escolas,
mas comece a aprender coisas que possam levá-las ao espaço no futuro[2]”, disse.
Jair Bolsonaro esqueceu que três de seus filhos são políticos.
Flávio é senador pelo Rio de Janeiro, Eduardo é deputado federal por São Paulo
e o Carlos é vereador também no RJ. A lógica é: filho de pobre não pode se
interessar por política, mas meus filhos podem viver da política. Uma grotesca
contradição!
Além de tudo isso, o presidente e seus filhos têm como ideólogo
e guru, um pseudofilósofo, Olavo de Carvalho, que nem conseguiu concluir o
Ensino Fundamental[3].
Por isso, percebe-se seu ressentimento da academia e acadêmicos.
Contudo ainda vemos os eleitores idólatras do “mito"
destilando ódio as universidades públicas, ojeriza aos professores chamando-os
de doutrinadores, marxistas, comunistas e menosprezando-os. Além de postarem
avalanches de fotos fake news com imagens de jovens nus que eles dizem estarem
numa universidade pública brasileira, e que na verdade é a maioria de
estrangeiros, e, por conseguinte foram desmascaradas em inúmeros jornais e
sites contra boatos nas redes sociais. Sem contar as postagens que chamam os
estudantes de maconheiros e usuários de drogas. Essas atitudes têm o intuito de
corroborar e ratificar o “contingenciamento” das verbas, tudo com a finalidade
de desmerecer a academia e ratificar as atrocidades contra a educação.
Torno a dizer que o próprio ministro da educação nunca foi um
acadêmico, coleciona histórico universitário medíocre e inúmeras notas baixas,
como o zero no seu registro acadêmico na USP[4], por isso, é outro
ressentido da academia.
Infelizmente vivemos sobre o império da Sophofobia. Essa é a
discriminação do momento. Traduzida no ressentimento, na aversão e no ódio da
academia e dos promotores do conhecimento.
Um país dirigido por quem tem ojeriza à educação nunca vai para
frente!
[1]Eu ao escrever esse texto não tinha
conhecimento desse neologismo: “sophofobia” (ojeriza ou aversão ao saber ou a
aqueles que sabem). Eu simplesmente juntei essas palavras por conta de seus
significados para formar uma nova palavra que tinha tudo a ver com o que queria
escrever. Alguns leitores desse artigo disseram que esse neologismo já existia;
o que foi uma grata surpresa.
[2] Acesse o link da matéria:
https://veja.abril.com.br/politica/bolsonaro-cita-objetivo-de-desestimular-interesse-por-politica-nas-escolas/
[3] Acesse a matéria:
https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/252212/olavo-de-carvalho-abandonou-escola-e-nao-concluiu-.htm
[4] Acesse o link:
https://www.cartacapital.com.br/politica/ministro-da-educacao-confirma-que-tirou-nota-zero-na-usp/
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