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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A Famigerada Bancada Evangélica[1]

 


Hoje pela manhã ouvindo o pastor Marcos Feliciano falando na Rádio Jovem Pan, eu percebi nitidamente o tamanho da desfaçatez dos líderes religiosos que possuem cargos políticos no Brasil, a chamada bancada evangélica. Feliciano admitia que a Reforma da Previdência que ele votou favoravelmente e defendeu com unhas e dentes, retirava direitos da população. Por isso, os parlamentares tinham direito à receber as famigeradas emendas parlamentares, para compensar com obras nos Estados e municípios o direito que haviam retirados com seus votos a favor da Reforma[2].

O pastor terminou dizendo que essa prática nefasta faz parte da política nacional. Mesmo ele e o presidente da República sendo eleitos com discursos duramente contrários a ela, o chamado toma lá dá cá e velha política.

Numa atitude totalmente hipócrita e desumana, pois o mesmo admite que a tal reforma retirou direitos da população, sobretudo dos mais pobres.

A Frente Parlamentar Evangélica ou Bancada Evangélica é um nome genérico dado a parlamentares (senadores e deputados federais) em sua maioria líderes de igrejas evangélicas, de diversos partidos políticos.

Eles foram e são eleitos, sobretudo por seus discursos moralistas e religiosos, normalmente se colocam para suas congregações como os “homens e mulheres de Deus" que vão moralizar e trazer luz a política nacional. Além é claro, de dizerem que irão defender o nome de Deus de qualquer blasfêmia e as igrejas de quaisquer ameaças a seu funcionamento ou dignidade. Como se Deus precisasse de advogados e homens para defendê-lo.

As pautas mais defendidas por esse grupo são: contra a ideologia de gênero, contra o aborto, contra a eutanásia (estranho é que sendo contra o aborto e eutanásia deveriam defender a vida em todas as hipóteses, mas a maioria deles são favoráveis à pena de morte) e são contra casamentos de pessoas do mesmo sexo.

Eles também se opõem a criminalização da violência e discriminação contra os homossexuais, bissexuais e transexuais, ou seja, são contra a criminalização da homofobia, até porque nada é mais homofóbica que as próprias igrejas.
São contrários também a criminalização de castigos físicos impostos pelos pais aos seus filhos.

O grupo também tenta derrubar resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que impedem que psicólogos tratem a homossexualidade como uma doença, apesar da decisão do CFP estar de acordo com a resolução de 1990 da Organização Mundial da Saúde (OMS), que retirou a homossexualidade da lista de distúrbios mentais depois que diversas outras organizações psiquiátricas respeitadas, como a Associação Americana de Psiquiatria e a Associação Americana de Psicologia, terem feito o mesmo nas décadas anteriores.

A Bancada Evangélica ainda tem posições claras contra o Estado Laico, como querer fazer cultos em órgãos públicos e ter nos mesmos símbolos religiosos. Também buscam a aprovação do Estatuto da Família, que, entre outras disposições, define família como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher. Não aceitando a decisão do Conselho Nacional de justiça (CNJ) que desde 2012 permite a União civil entre homossexuais e que os mesmos adotem crianças.

Independentemente do que a Frente Parlamentar Evangélica defenda, que a meu ver e de tantos outros especialista em política, nada mais é que usar uma falsa pauta moral com o único objetivo de angariar votos. Pois a Bancada Evangélica é a campeã em escândalos, só ficando atrás da Bancada Ruralista (que é o maior câncer da política nacional). Para exemplificar o que estou afirmando, os líderes da Bancada Evangélica eram em 2013: Anthony Garotinho, Eduardo Cunha, João Campos Araújo e Magno Malta. Todos já responderam por corrupção dentre outros crimes.

A Frente Parlamentar Evangélica atua como testa de ferro das megas empresas-igrejas e de seus líderes exploradores da fé, como da IURD de Edir Macedo, Igreja Mundial de Valdemiro, Igreja da Graça de RR Soares, Renascer de Estevan Hernandes e a Assembleia de Deus de Manoel Ferreira, Malafaia, José Wellington e Samuel Câmara.

Todos esses líderes emprestam suas denominações para políticos evangélicos ou não religiosos, usarem suas igrejas como comícios, seus púlpitos como palanques e seus membros como curral eleitoral.

Ganharam em troca além de inúmeras concessões de TVs e Rádios em todo o Brasil, lembrando que até a Record foi comprada de Silvio Santos no governo Collor, com o corrupto PC Farias, como intermediário da compra da mesma.

Ganharam inclusive passaporte diplomático, facilidade na compra de Bancos, (como o Banco Renner, banco paranaense, vendido pela presidente Dilma a Edir Macedo em 2013, em troca de apoio político), terras, terrenos para templos, isenções de impostos e etc.

Portanto, a Frente Parlamentar Evangélica, é um ajuntamento de parlamentares que normalmente votam contra o povo, apoiam criminosos e impedem que os mesmos sejam investigados, como não permitiram em 2016, que o ex Presidente Michel Temer fosse investigado e até preso pelos muitos crimes que o mesmo cometeu. A Bancada Evangélica toda virou as costas ao clamor popular por justiça e manteve Temer impune, após o mesmo liberar bilhões em emendas parlamentares, como meio de comprar os congressistas para continuar presidindo o país.

Essa bancada está aonde o poder estar. Quando Collor era presidente estavam com ele. Estavam também com Itamar Franco, com FHC, com Lula, Dilma, Temer e agora, com Bolsonaro.

A Frente Parlamentar Evangélica com suas atitudes nefastas são motivos de escândalos e fazem o nome de Deus se escarnecido todos os dias no Brasil. Por trás de um discurso pseudomoralista escondem um covil de salteadores. A esse grupo de parlamentares cabem as máximas de Jesus: "São sepulcros caiados" e "raças de víboras".




 



[1] Escrito em 23/07/2019 com o intuito de refletirmos sobre a “Bancada Evangélica” ou Frente Parlamentar evangélica, considerada por muitos juristas uma violação ao Estado Laico, além de ser um exemplo de retrocesso e corrupção.

Obs.: Esse artigo também foi publicado no primeiro livro, que trata especificamente de Política. Por duas razões, primeiro porque esse texto fala da “Frente Parlamentar Evangélica” que é uma bancada político-religiosa, cabendo tanto nesse quanto no outro livro. Segundo, podem ser adquiridos separadamente e esse assunto abarca os dois temas propostos pelo autor.

[2] Link do vídeo de Marcos Feliciano: https://www.youtube.com/watch?v=6kwfNygwroQ

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