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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O que são os Direitos Humanos? Qual sua importância? Para que servem?[1]

 

 

Todos os dias vejo pessoas atacando os Direitos Humanos ou organizações e ONGs de DH. Esses ataques obviamente são feitos por total ignorância, desconhecimento do que sejam, da sua importância, da sua história e, principalmente, das lutas incessantes por sua conquista, que resultou em milhões de mortes, guerras, derramamento de sangue e perseguições.

De forma simplificada, Direitos Humanos são direitos que os seres humanos possuem por serem humanos.

Eles são compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. Deve-se reconhecer que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou filosófica, origem social, nacional ou condição de nascimento.

Eles pertencem a todos. Ao policial honesto e ao criminoso. Ao heterossexual e ao homossexual. Aos negros e aos brancos, aos pobres e aos ricos. Aos letrados e aos iletrados. Essa redundância é necessária para os que negam os Direitos Humanos, ou que os consideram tão somente direitos de bandidos possam perceber a estupidez de suas falas. Por isso, vou usar uma definição do Wikipedia, que é acessado por todos via Google para passarmos a outro ponto de análise:

“Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres humanos. São direitos civis e políticos; direitos econômicos, sociais e culturais; direitos difusos e coletivos[2]”.

A importância dos Direitos Humanos está no fato de serem garantidos por inúmeros países que ratificaram o documento de 1948, “A Declaração Universal dos Direitos Humanos” e por diversas legislações nacionais, como a CF/88, que protege indivíduos e grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana. Assim sendo, ao discursar contra os DH, estou discursando contra Direitos que me pertencem e me protegem, como pessoa humana.

Algumas das características mais importantes dos direitos humanos, segundo a ONU, são:

• Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
• Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;

• Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;

• Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;

• Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa.

Outra questão fundamental é entendermos o processo ou a historicidade desses Direitos. Nesses 71 anos de sua promulgação.

O mundo caminhou por milhares de anos sem oferecer direitos e garantias quaisquer às pessoas. Se por sorte estivéssemos vivendo num império poderoso, poderíamos gozar de garantia de sobrevivência, mas não de direitos como liberdade, livre expressão e crença. Ninguém possui tal direito vivendo debaixo de um governo de tiranos e déspotas. E quem, por azar, não vivesse nesse império poderoso e opressor, não teria nem o direito à vida garantido, pois a qualquer hora poderia ter seu território invadido e morrer numa guerra ou ser escravizado, como sempre ocorreu na história. A vida sempre foi assim, sem quaisquer garantias de direitos e na prática sem nenhuma.

A história de direitos começou a se desenhar no século VI antes de Cristo. Foi Ciro, o Grande da Pérsia, que ao conquistar o império Babilônico em 539-8 a. C., fez algo revolucionário no seu tempo: decretou que todos os escravos eram livres, foi assim que, por exemplo, acabou o cativeiro dos judeus em Babilônia; depois ele, o rei Ciro, disse também que as pessoas tinham o direito de escolher suas religiões, não importando de que grupo faziam parte. Ele deixou seu Édito escrito no famoso “Cilindro de Ciro", descoberto há pouco mais de cem anos e exposto no museu Britânico, em Londres.

Essa ideia de Direitos estendeu-se para a Grécia, China, Índia, até chegar à Roma, que os chamou de Leis Naturais. O problema é que imperadores e déspotas sempre pisaram nesses direitos e não os reconheceram.

Séculos depois na Inglaterra, mais especificamente em 1215, o Rei João, depois de ter violado um número de leis antigas e costumes pelos quais a Inglaterra tinha sido governada, foi forçado pelos súditos a assinar a Carta Magna, que enumera o que mais tarde veio a ser considerado como direitos humanos. Entre eles estava o direito da igreja de estar livre da interferência do governo e também o direito de todos os cidadãos livres possuírem e herdarem propriedade e serem protegidos de impostos excessivos. O que estabeleceu o direito das viúvas que possuíam propriedade a decidir não voltar a se casar, e estabeleceu os princípios de processos devidos e igualdade perante a lei. Essa lei também contém provisões que proíbem o suborno e a má conduta oficial.

Por isso, esse documento é fundamental para entender a História dos DH.

Outro documento fundamental é a Constituição dos Estados Unidos da América. Após sua independência da Inglaterra em 1776, os norte-americanos aprovaram sua primeira e única constituição em 1787.

As dez primeiras emendas da Constituição — a Declaração de Direitos — entraram em vigor em 15 de dezembro de 1791, limitando os poderes do governo federal dos Estados Unidos e protegendo os direitos de todos os cidadãos, residentes e visitantes do território americano.

A Declaração de Direitos protege a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, o direito de ter e portar armas, a liberdade de reunião e o direito de petição. Ela também proíbe busca e apreensão injustificada, punição cruel e abusiva e a autoincriminação forçada. Dentre as proteções legais que sustenta, a Declaração de Direitos proíbe que o Congresso crie qualquer lei referente ao estabelecimento de religião e proíbe o governo federal de privar qualquer pessoa de sua própria vida, liberdade ou propriedade sem o devido procedimento legal. Em processos penais federais ela exige acusação por um grande júri para qualquer crime capital ou crime de infâmia, garante um julgamento público rápido com um júri imparcial, no distrito onde o crime tenha acontecido, e proíbe dupla penalização.

Muitas críticas foram e ainda são feitas à Constituição norte-americana por proteger o direito à vida e à liberdade e mesmo assim manter a escravidão negra em seu território.

A escravização só terá fim em 1863, com a Proclamação de Emancipação de Abraham Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana. Ou seja, quase cem anos depois da Constituição que reconhecia inúmeros direitos, entre eles o da liberdade.

Os franceses durante a Revolução Francesa criaram seus próprios Direitos, numa lista bem maior que os Direitos dos norte-americanos. Eles insistiram que esses direitos não foram inventados, mas que eram naturais. Graças a isso, as Leis Naturais romanas foram ampliadas e vistas pelos franceses como Direitos Naturais.

 Assim permaneceu até Napoleão Bonaparte subir ao Poder como imperador francês, com perspectivas de dominação mundial. Após sua derrota o tema dos Direitos voltou a ser discutido entre os países que derrotaram Bonaparte.

Os vencedores fizeram acordos para garantir direitos pela Europa. Tão somente para a Europa, pois os países de outros continentes como África e Ásia eram invadidos, roubados e dominados pelas nações europeias e pelos EUA.

Foi o advogado e pacifista Mahatma Gandhi quem se levantou contra a dominação de seu país e a favor da universalização dos Direitos individuais, civis e políticos. Ele insistiu que todas as pessoas da Terra tinham direitos, não só os europeus e norte-americanos.

Muitos europeus passaram a concordar com as ideias de Gandhi, porém, eclodiram na Europa as duas Grandes Guerras, as mais sanguinárias da História da humanidade, com uso de tecnologias jamais vistas.

Durante a Primeira Guerra Mundial morreram 9 milhões de pessoas, com 30 milhões de feridos, entre civis e militares.

Na segunda Guerra Mundial Hitler matou aproximadamente a metade do povo judeu, em Campos de Concentração. Ao todo foram mortos 47 milhões de pessoas entre militares e civis. Só a União Soviética perdeu 26 milhões de pessoas na guerra. Foi a guerra mais letal da humanidade.

Nunca os Direitos Humanos foram tão ameaçados.

Os países então criaram as Organizações das Nações Unidas (ONU) em 1945, tendo como objetivo principal garantir a paz no mundo através do bom relacionamento entre os países. E, embora não tenham atingido seus objetivos em alguns casos, apresenta fundamental importância na tentativa de amenizar as desigualdades sociais no mundo.

Sua finalidade é: “...Para reafirmar a fé nos direitos básicos fundamentais, na dignidade e valor da pessoa humana..”

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que delineia os direitos humanos básicos, foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.

Embora não tenha força de Lei e sua adesão seja voluntária para os países membros da ONU, serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos da ONU de força legal: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

Mesmo com todo esforço para que houvesse esse reconhecimento internacional dos Direitos Humanos, os EUA, na década de 1960, não cumpria ainda o previsto em sua Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os negros ainda não desfrutavam de inúmeros direitos, como o direito ao voto, e o racismo era uma realidade cultural. Como o era em toda a Europa.

Martin Luther King Jr. e Malcolm X foram assassinados por lutarem pela igualdade de direitos entre brancos e negros. Assim como Gandhi foi assassinado por lutar pelos direitos dos indianos e pelos direitos fundamentais dos seres humanos.

Milhões de seres humanos vivem sob nações que ainda desrespeitam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Bilhões ainda não possuem o mínimo de direitos fundamentais, como acesso à água potável e ao saneamento básico, e ainda o direito à vida e à liberdade, uma vez que vivem sobre governos déspotas.

O Brasil só passou a respeitar os DH após o fim da Ditadura Civil Militar, em 1985. Sobretudo, com a Promulgação da Constituição Federal de 1988, a Chamada Constituição cidadã. Indico a leitura do seu Artigo 5°, pois ele trata dos Direitos e Garantias Fundamentais.

A História dos Direitos Humanos é árdua e milenar. Por isso, é fundamental conhecê-la, assim como lutarmos por nossos direitos e pela manutenção dos mesmos.

O preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz:

 

"...A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios estados-membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição[3]".

 

Diante de tudo que foi exposto, espero ter respondido a contento as questões postas no título do texto, contando com o respeito e a compreensão dos nossos direitos, os Direitos Humanos.





[1] Artigo escrito em 29/05/2019, em resposta a professores que falavam de “Direitos Humanos” igual aos incautos e ignorantes fazem em Redes Sociais, achando que os mesmos são exclusivos de criminosos. Por conta desse erro do senso comum, feito por ditos professores, foi que me levou a escrever o texto como contestação.

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_humanos

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