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sábado, 6 de maio de 2017

O Abandono do Bairro Perinas e da Praia Nordeste



No dia 6 de maio de 2017 eu fui a Perynas fazer trabalho de campo: gravar um documentário sobre a Praia Nordeste, a menos conhecida de todas as praias de Cabo Frio, e tentar fotografar os escombros da antiga Companhia Salinas Perynas, a primeira grande indústria de sal do Brasil e entrevistar antigos funcionários tanto dessa refinaria como da Sal Cisne, empresa ainda em atividade, situado no mesmo local.

Ao chegar na localidade deparei-me com uma corrente no portal de entrada do bairro. Algo normal, já havia visto aquela cerca e guarita com vigia antes, então, me dirigir ao senhor que trabalhava e perguntei se estava liberado a passagem, como sempre esteve, ele me respondeu que não. Expliquei que fui no local para pesquisar sobre meu livro e que não iria até os escombros da indústria (já que ele me avisou que era proibido ir até lá) mas somente na praia, o vigia gentilmente deixou, ainda mais por eu estar de motocicleta, na verdade a corrente está ali para impedir, principalmente a entrada de carros. Lembrando que de fato quase ninguém vai mais até a Perynas.

Eu fiz o documentário sobre a Praia Nordeste, fiquei muito triste por perceber que um lugar tão especial vive em total abandono e é extremamente desconhecido da população cabo-friense e, principalmente dos turistas.

Ao sair da praia quis passar pelo bairro, local onde eu na minha adolescência costumava jogar futebol, num campo no centro do bairro, ao lado da igreja Católica.

Ao caminhar pela localidade percebi que todas as casas sem exceção estão em completo abandono. Não existe sequer uma família ou um único morador no bairro. Todos deixaram suas casas. A maioria das residências têm portas e janelas abertas ou furtadas por assaltantes, que aproveitam a situação de total deserção para praticar furtos.   

A situação é tão caótica que quase todos os postes de luz da localidade tiveram seus fios de cobres furtados. Inclusive, o sino de mais de cem quilos da Igreja Católica, que também está abandonada, foi levado por assaltantes. 

Esse bairro ou vila, como muitos preferem chamar, tem quase 200 anos. Foi formado por trabalhadores da primeira indústria salineira do Brasil, a Salina Grande, criada pelo alemão Luiz Lindemberg, no ano de 1828, mas que recebeu autorização de construção pelo imperador D. Pedro I, em 1823.

Em 2008, com a decretação de falência da Companhia Salinas Perynas, fez com que a maioria de seus moradores, que eram funcionários ou aposentados da empresa, começam a se retirar do local. Ficando a mesma deserta.

O dono da área quer construir um gigantesco empreendimento imobiliário no local, porém, ele está impedido judicialmente, pois ainda não pagou cerca de 300 funcionários indenizações trabalhistas.  E sem fazê-lo, não poderá iniciar o projeto. Além é claro, de haver sérios problemas com a legislação ambiental em vigente no Brasil.

Visitar Perynas é andar em meio a um cemitério de casas, salinas,  indústria e dos sonhos de centenas de trabalhadores e antigos moradores. Além disso, é perceber que a população e os turistas não terão o direito de conhecer uma das mais belas praias lacustres de Cabo Frio, a praia Nordeste!!

 



2 comentários:

  1. Prezado, você sabe dizer se a empresa MOC SAL, que atualmente está ativa, atua na região das salinas da antiga Companhia Salinas Perynas, bem como a que título a Sal Cisna explora as salinas, tendo em vista que os terrenos seriam da Comapnhia Salinas Perynas?
    Muito obrigado.

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  2. Amigo, a Ponta do Costa (Sal Cisne) tem quase a totalidade de sua produção no Nordeste, muito pouco em Cabo Frio e Região.. Mesmo assim eles compram a produção de pequenos salineiros na região.. Assim como a Perynas, ainda funciona no Nordeste, conforme entrevista de três funcionários para meu segundo livro, que fiz no final de 2016.

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