Há aproximadamente duas semanas, tenho me
atentado para os números da agressão contra a mulher nesses tempos de
isolamento social, é fato que durante este período a violência doméstica
cresceu no mundo.
Eu já afirmei em outro artigo, que a violência
contra as mulheres não possui classe social, não está circunscrita à determinada
região ou país, nem à renda alta ou baixa. Simplesmente está em todo o lugar.
Do Japão ao Brasil, da África à Oceania.
A misoginia que é a discriminação contra as
mulheres está difundida em todo o Globo e existe há milênios, sendo reforçada
pela cultura patriarcal e as religiões, que notadamente, tratam a mulher como
ser inferior, submisso e incapaz em relação ao homem.
Nadine
Gasman, porta-voz da ONG Mulheres no Brasil, disse: que “A violência contra as
mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de força nas
relações de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e
reproduzida pela sociedade[1]”.
O
feminicídio normalmente é cometido por homens, mas, algumas vezes, também
envolve membros da família da vítima – inclusive do sexo feminino. Ele difere
do homicídio masculino, pois a maioria dos casos de feminicídio é cometido por
parceiros ou ex-parceiros e pode envolver o abuso contínuo em casa, com ameaças
ou intimidação, violência sexual ou situações onde as mulheres têm menos poder
ou recursos que o homem.
Dados do Ministério da Saúde afirmam que no
Brasil a cada 4 minutos uma mulher é agredida por um homem. Violência se dá em
casa, com agressor conhecido. Em 2018 foram registrados 145 mil casos de
violência contra a mulher, podendo ser agressão física, psicológica, sexual ou
uma combinação delas. E se formos analisar as vítimas que faleceram esse número
cresce mais, pois casos de feminicídio não são contabilizados nesse índice. Há
também as mulheres que não fazem a denúncia por medo do agressor ou mesmo
vergonha.
A Justiça do Rio de Janeiro
registrou um aumento de 50% nos casos de violência doméstica durante o período
de confinamento para evitar a disseminação do Covid-19[2].
O movimento no Plantão
Judiciário, inclusive, surpreendeu as autoridades. A maioria das pessoas que
buscaram ajuda da Justiça é de mulheres vítimas de violência.
Os Estados Unidos admitem o
assustador número de violência doméstica, na Índia o número dobrou, no mundo
todo os casos cresceram de maneira assustadora durante a quarentena. A ministra
Damares Alves, falou que o governo vai criar um aplicativo para denunciar esse
tipo de violência que foi o que mais cresceu no Brasil nesse período de
confinamento. Pois deixar a vítima e o agressor confinados no mesmo local por
um período enorme e que não se sabe quando acabará, só poderia de fato elevar
os números da violência contra as mulheres.
É certo que a humanidade sofre
com a contaminação do novo coronavírus, está na chamada “sinuca de bico”, é como
diz o adágio popular “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”. Por
enquanto, o que pode ser feito para conter os números da contaminação e
consequente morte de milhões de pessoas é o isolamento social, embora isso acarrete
problemas socioeconômicos terríveis, como aumento da miséria e da fome e até a
violência doméstica.
Espero que a pandemia do Covid-19
melhore a humanidade, nos torne mais solidários, humano e compassivo. Pois pior
que já está não pode ficar!
[1] Retirado de: https://saojoaquimonline.com.br/della-rosa/2019/01/06/feminicidio-o-auge-da-violencia-contra-a-mulher/. Acessado em 12/04/2020.
[2] O dado foi revelado na segunda-feira
(23/03/2020) pelo RJ2.
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