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sexta-feira, 20 de julho de 2018

Entendendo a Universalidade do Fenômeno Religioso!



Em minhas aulas de Filosofia, Ensino Religioso e nas Formações que ministro a professores, sempre trabalho com a temática: Religião. Aqui nesse excerto, venho falar da religião como fenômeno universal. Mas o que seria isso?

O fenômeno religioso é universal. Em todos os tempos, lugares e povos encontramos as manifestações religiosas. Nunca houve uma única civilização ateia. Todos os povos, civilizações e culturas possuem crenças em Entes Sobrenaturais e Deuses.

O único elemento social que é reproduzido em todos os povos, é o fenômeno religioso. Obviamente, que esse fenômeno é múltiplo, diverso e muitas das vezes antagônico e contraditório. Mas a universalidade desse fenômeno é atestado por várias ciências como a História, a Etnologia, a Antropologia e a Arqueologia.

Alguns dos grandes pensadores da humanidade asseveram a universalidade de tal fenômeno, vamos a eles:

Plutarco: “Podereis encontrar uma cidade sem muralhas, sem ginásio, sem leis, sem cultura de letra, sem uso de moeda como dinheiro, mas uma cidade sem Deus, sem ritos religiosos, sem sacrifícios, tal nunca se viu.“

João Calvino: “Não há raça tão bárbara, nem tão bruta, que não esteja impregnada com a convicção de que há um Deus. O senso de divindade está tão naturalmente gravado no coração humano que até os depravados são forçados a reconhecê-lo”.

Cícero: "Não existe povo tão bárbaro, tão primitivo, que não admita a existência de deuses, por mais que se engane sobre a sua natureza”.

Jung: “Entre todos os meus pacientes com mais de trinta e cinco anos não há nenhum cujo problema não fosse o da religação religiosa. A raiz da enfermidade de todos está em ter perdido o que a religião deu a seus crentes, em todos os tempos; e ninguém está realmente curado enquanto não tiver atingido, de novo, o seu enfoque religioso”.

Face ao exposto, cabe a pergunta: Quais as razões (motivos) para a universalidade do fenômeno religioso? Eu daria as seguintes respostas:

1.    Medo da morte

A humanidade nunca aceitou o fato de morrer. Nunca aceitou o fim da sua existência. O homem além de não querer morrer, ao perceber a inevitabilidade da morte, criou a religião e as doutrinas religiosas que tratam da eternidade. Se o leitor for um pouco atento, perceberá que todas as religiões dão respostas para o além vida. Seja a salvação por meio da expiação do pecado, seja o paraíso, o purgatório, seja o nirvana, a reencarnação e até o inferno para os maus. Ou seja, o homem por não aceitar morrer, ou não aceitar o fim da sua existência após a morte física criou as religiões para dá conforto e trazer a eternidade.

Lembrando: nem o suicida quer morrer, ele quer acabar com seu sofrimento!

2. Medo da Natureza

A natureza sempre causou medo aos seres humanos. Mesmo hoje, em pleno século XXI, com milhares de espécie animais em extinção, como também a extinta Mega fauna (animais gigantes que viveram a alguns milhares de anos como o Mamute, Mastordonte e Tigre-dente-de-sabre que podiam devorar os seres humanos com facilidade) o homem ainda em contato com a natureza pode encontrar a morte. Existem milhares de animais peçonhentos como serpentes, aranhas, escorpiões e outros que podem nos matar com facilidade; e outros como leões, tigres, tubarões, crocodilos que podem nos devorar.

Por conta desse medo da natureza, os homens criaram as religiões, como também, ritos de proteção. Até as pinturas rupestres (pinturas sobre rochas) encontradas em cavernas em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, são na realidade rituais de magia para trazer sorte na caça. Pois normalmente as figuras pintadas são de homens caçando e de animais.

3. Medo dos fenômenos naturais (raios, trovão, tsunamis, eclipses, maremotos, terremotos, etc.)

Os fenômenos naturais sempre horrorizaram os seres humanos. É quase impossível encontrar alguém que não tenha medo de tempestades, raios, trovões; quanto mais de maremotos, terremotos, ciclones e de erupções vulcânicas. Mesmo o Brasil sendo um país privilegiado, de vez em quando ocorrem alguns fenômenos de colocar medo, como chuva de granizo.

Todos esses fenômenos citados por trazerem medo, morte e destruição foram entendidos desde tempos imemoriais que os deuses estavam irados com os seres humanos, por isso, criaram ritos religiosos e sacrifícios para aplacar a fúria dos deuses. Muitas das vezes sacrifícios humanos.

Sem contar que inúmeras religiões primitivas têm astros como deuses, por exemplo o Sol e a Lua. E muitos deuses do politeísmo estão associados a fenômenos da natureza, como Deus da chuva, do Trovão, do raio e etc.

4. Falta de conhecimento científico e racional

Quando não se possui conhecimento racional e científico da realidade, as pessoas vão recorrer aos deuses para explicar a realidade circundante. Os mitos foram criados assim. O que é o Mito? Mito é uma narrativa sagrada. Que conta como os Entes Sobrenaturais trouxeram a realidade a existência, seja o cosmo (mundo), seja o homem, seja uma ilha, seja um vegetal, seja a morte e etc.

Lembrando que a ciência surge com Galileu e Copérnico no século XVII, ou seja, é um conhecimento muito recente e pouco socializado. Que ocorre principalmente nos países ocidentais, sobretudo os europeus, os EUA e o Japão, ficando os outros povos a margem desse conhecimento. Com isso, quando eu não tenho como explicar a realidade baseado na razão e na ciência (que também não são capazes de explicar tudo) eu crio as religiões e apelo aos Entes sobrenaturais.
5. A natureza como testemunha do criador. É quase impossível atribuir ao acaso a beleza e exuberância da criação.

O apóstolo Paulo afirma em Rm 1:20 “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;”
O que o apóstolo está dizendo de maneira clara é que a criação da testemunho do seu criador, sendo assim, se os homens não ouvirem a pregação da própria natureza, ou se negarem a ouvi-la, se tornam indesculpáveis ou imperdoáveis. Essa é a revelação divina por meio das coisas criadas. Não precisando portanto, de nenhuma escritura sagrada, religiões e quaisquer ritos religiosos, pois a própria criação é fonte natural de conhecimento do divino.

Por conta desse quinto argumento, muitos teólogos vão defender que a existência de um Poder Superior é percebível desde os primórdios da humanidade através do testemunho das coisas criadas.

Até o líder intelectual do ateísmo, Richard Dawkins, afirmar isso num debate[1], que quando ele está diante de uma natureza exuberante vem o sentimento da adoração.
E esse sentimento é o mesmo que nos advém diante de um céu estrelado, quando nós nos perguntamos: Quem é que fez essa maravilha? Quem criou algo tão majestoso e infindo? Ou diante de uma praia maravilhosa, como muitas da nossa região, ou diante de uma cachoeira ou das cataratas do Iguaçu. Sempre diante de uma natureza majestosa nosso coração se enche de entusiasmo, louvor e de questões metafísicas.

Esses são a meu ver os principais motivos para a universalidade do fenômeno religioso.



[1] Debate Deus Um Delírio feito por uma organização cristã norteamericana. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=dG04YnJxWOU&t=1098s&ab_channel=FADBA-MarceloTorres. Acessado em 21/10/2020.



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