
Semana retrasada, eu palestrava na II Feira inter-religiosa de Búzios, sobre a religião como um fenômeno social. Em um dos tópicos quando falava de Religião como fenômeno da colonização, usei dois exemplos clássicos para exemplificar minha fala: o Brasil que está localizado na América do Sul, longe do continente europeu, é o maior país católico do mundo, pois éramos uma colônia católico-portuguesa. Os Estados Unidos da América, localizado na América do Norte, é o maior país protestante do mundo, com mais de 80% da sua população professando essa fé, por que foi colonizado pela Inglaterra no século XVII, portanto, assim como nosso país, a grande maioria da sua população segue a religião do seu colonizador.
Sei que as pessoas religiosas normalmente são desprovidas de senso-crítico,
sobretudo quando se trata de fazer uma análise da sua própria fé ou religião,
elas consideram sua religião uma construção divina, no caso dos cristãos
católicos e protestantes, uma dádiva do “único” Deus. Mas essa reflexão que
agora trago, tem o objetivo de você se questionar: “A minha religião foi Deus
quem trouxe a meu país ou foi uma imposição do nosso antigo colonizador?”
Colonização, para nós historiadores, se resume na imposição do mais
forte sobre o mais fraco, é um estupro cultural. Aqueles que possuem maior
capacidade bélica adentrando outros territórios e impondo sua cultura, seus
valores, sua língua e sua religião. Além de explorar a terra, seus habitantes,
inclusive por meio da escravização.
A religião nesse processo é fundamental, pois ela serve como braço
político e ideológico do colonizador, fazendo com que em pouco tempo os
explorados se sintam integrados a sua nova situação nefanda, porém, aceitando
essa mesma situação. Em pouco mais de um século de catequização religiosa, ideológica
e política poucos são aqueles colonizados que não vão aderir a esse processo
massificante.
É por isso que falamos português e os norte-americanos inglês, diante
disso temos os valores ibéricos enquanto eles possuem valores britânicos, portanto
somos na maioria católicos romanos enquanto eles protestantes. Ambos vivendo no
continente americano e possuindo os valores do continente europeu.
E suas populações continuam frequentando templos das religiões de seus
exploradores e agradecendo a Deus pelas missões colonizadoras. Que mataram
milhões de nativos, autóctones, que eles deram o nome genérico de índios. A
religião com certeza é o melhor instrumento de manipulação social. Ópio do povo
como dizia Marx. Pois só ela mantém as massas oprimidas e ao mesmo tempo agradecidas.
[1] Texto escrito em 01/08/2015, após minha
palestra na Feira Inter-religiosa de Armação dos Búzios, cujo tema foi: “A
Religião como Fenômeno Social”.
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