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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Onde Deus está e Não está

Não sei de fato se Deus existe, mesmo sendo um pesquisador de sua existência e da história das religiões. Mas como conheço os escritos dos grandes mestres espirituais das diferentes religiões, passo a sugerir onde ele está e onde com certeza ele Não está.
Deus não está nas religiões, o mínimo de conhecimento das histórias delas, percebe-se que foram construídas para a manipulação das massas ignaras, para enriquecer uma elite de líderes que sempre estão de mãos dadas com os governantes políticos, a religião sempre caminha como braço ideológico do estado e de governos despóticos, além de ser uma das maiores promotoras de guerras, desunião, separação de seres humanos, tribunais inquisitoriais e todas as formas de iniquidade, portanto, um Deus de amor, como o apresentado por Jesus, está muito longe delas.
Da mesma forma ele não está nas igrejas e nos templos religiosos. Estevão o primeiro mártir da fé cristã, morreu proclamando que Deus não habitava em templos feitos por mãos humanas. O que trouxe a fúria dos religiosos e ocasionou em sua morte por apedrejamento. Da mesma forma que Jesus ao profetizar sobre a destruição do templo de Israel (que de fato ocorreu no ano 70 da era cristã), assinou sua sentença de morte, pois a partir desse momento gerou o ódio do sumo sacerdote Caifás e dos demais líderes religiosos judeus, que poucos dias depois o prendem e a acusação é a sua profecia contra o templo. Da pena de ver as pessoas religiosas chamarem um templo humano de casa de Deus, esquecem que os templos bíblicos, dedicados ao Deus judaico-cristão, todos, sem exceção, foram destruídos e profanados por pagãos. Será que Deus não teria zelo por sua própria casa, já que segundo os religiosos, o templo é a casa de Deus? Por que ele não impediria sua destruição? Ademais, milhares de igrejas em toda a Europa tem sido vendida e transformada em bares, boates e mesquitas muçulmanas (a religião que mais cresce no continente europeu). A despeito do que ocorre no Brasil, uma hora um bar e cinema vira igreja outra hora a igreja se transforma num comércio qualquer.  
Muitos crentes, sobretudo pentecostais e neopentecostais, acreditam que Deus esteja nos montes, locais onde eles normalmente se reúnem para orar e se “consagrar”. Mas Deus nunca esteve nos montes, só os deuses do paganismo, vide Salmos 121, “habitam” nesses lugares, o problema é que o cristianismo é pagão, melhor, sempre foi e nunca se deram conta.
Deus também não está nos dogmas e nas crenças religiosas. A história do cristianismo registra um número expressivo de Concílios, Simpósios, Encontros, Dietas e outros eventos para debaterem doutrinas. Milhares morreram sendo acusados de heresias (ir contra a doutrina estabelecida), recebiam o nome de Hereges, eram jogados em fogueiras e queimados em praça pública para servir de exemplo a toda coletividade, além de outras mortes brutais feitas pelo Tribunal do Santo Ofício (inquisição católica), outros grupos religiosos, como protestantes e, principalmente muçulmanos, também mataram e ainda matam por seus dogmas. Nada mais diabólico e longe de um deus amoroso. Para o ignorante religioso, pensar diferente é passível do fogo do inferno e de se torturado e morto. Esses atos não são mais cometidos no Ocidente por conta da crescente laicização e impulso dos direitos humanos.
Então, onde Deus está? Já que não se encontra nas religiões, não habita em seus templo e igrejas e muito menos em suas doutrinas e dogmas? Deus está no abraço apertado, no olhar singelo de uma criança inocente e no seu sorriso transcendente. Está na solidariedade humana, no partir do pão, no copo d’água ao sedento, no acolhimento ao necessitado, na visita ao cativo e ao idoso abandonado. Também está quando olhamos prostitutas, dependentes químicos e homossexuais com dignidade e em pé de igualdade, pois somos todos humanos e pecadores, todos carentes de um deus de amor. Está no cuidado e ativismo humano para com a natureza e vida humana; está quando combatemos as injustiças e as leis injustas que nos são impostas. Quando denunciamos a opressão sistêmica e estendemos as mãos aos oprimidos e lutamos em prol dos desvalidos.

Pare de procurar Deus em lugares errados, religiões e templos; em doutrinas humanas, feitas para oprimir e apequenar a existência. Veja-O no próximo, no pobre, no necessitado e desvalido. Estenda as mãos, nesse gesto Deus está e se revela.  


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Afinal, quem matou Jesus?



Há um célebre documentário da Discovery Chanel, cujo título é “Quem matou Jesus?”, a resposta a essa pergunta tem sido dada a quase dois milênios de maneira categórica: foi o povo judeu! Baseado no capítulo 19, do Evangelho de João, quando se lê que o governador romano Pôncio Pilatos “lava as mãos” e que a multidão (povo judeu) incitada pelo Sumo sacerdote e pelos escribas, saduceus e fariseus pedem para soltarem o criminoso Barrabás e mandam crucificar Jesus.
            Por causa dessa passagem em especial, a Igreja Católica Romana condenou os judeus por Deicídio (assassinato de deus – Jesus, que é a segunda pessoa da Trindade cristã, portanto, Deus para os cristãos) desde o Concílio de Nicéia no século IV, até o Papa João Paulo II pedi perdão aos judeus em 1985. Só foram rever a acusação dezesseis séculos depois. Por conta disso, os judeus foram proibidos de cultivarem a terra (trabalho honroso) e foram obrigados a trabalharem no comércio (trabalho considerado vil, por causa da usura).
Parece que o texto acima encerrou a conversar e respondeu a contento. Assim pensão a maioria absoluta das pessoas religiosas, sobretudo essa é a versão oficial de diversas igrejas cristãs. Seria então o caso de colocar um ponto final no assunto? Creio que não! Historicamente e teologicamente essa conhecidíssima passagem não encerrar a questão a contento, ainda cabe perguntar: “Quem de fato matou Jesus?” ou colocando a questão de maneira mais correta: “Quem teria os motivos para mata-lo?” ou “A quem interessava sua morte?” ou ainda, “Quem teria autoridade para sentenciá-lo?” e “Seria possível uma responsabilização do próprio Jesus em sua morte?”.
Pelo visto essa pergunta inicial “Quem matou Jesus?” não é tão simples de ser respondida. E acredito que já ficou claro que a resposta a essa pergunta e as outras decorrentes dela, transcendem o texto do Evangelho de João, que é extremamente utilizado como resposta a essa questão.
Uma simples leitura dos evangelhos canônicos, os quatro que compõe o Novo Testamento cristão, percebe-se facilmente o conflito e confronto de Jesus com a elite religiosa judaica. O Sumo sacerdote Caifás, parte substancial de escribas, fariseus e saduceus. Jesus denunciava a hipocrisia, o comércio no templo, a arrogância e soberba dessa classe. Em diversas passagens esse grupo de “especiais” são denunciados e confrontados de maneira até vexatória, como o célebre capítulo 23, do evangelho de Mateus, palavras como “raças de víboras”, “sepulcro caiados” e “hipócritas” são proferidas pelo mestre de Nazaré para descrever os líderes religiosos dos judeus. Portanto, está nítido, sobretudo com a entrada e expulsão dos cambistas do Templo de Jerusalém em Mateus 21:11-12, que Caifás e parte dos líderes judeus são aqueles que possuem os motivos para mata-lo, e são eles que subornam e compram Judas por trinta moedas de prata e prendem Jesus no Jardim do Getsêmani.
Agora, muito cuidado, ter motivos não significa que se possua autoridade para fazê-lo. E para os líderes judeus cabia o ditado que “querer não é poder”, pelo simples fato que Israel era uma província romana, estava sobre a autoridade do império romano, o mais poderoso império bélico de todos os tempos. Era César e seus governadores e procuradores quem poderiam proferir sentenças de morte; e é por isso, que após ser preso Jesus é levado pelo Sumo sacerdote Caifás a presença de Pôncio Pilatos, o governador romano, aquele que possuía a autoridade imperial de dar penas capitais[1].
Só para dar outro esclarecimento, sobre a questão do querer (ter motivos, desejar a morte de outrem) e ter autoridade (autorização estatal e legal de matar) é só o leitor saber que a pena de morte por crucificação era romana, não judaica, portanto era uma pena capital dada por uma autoridade imperial, não pelos líderes religiosos de uma província dominada, como Israel.
Com isso, já percebemos que quem tinha os motivos para executar Jesus: Caifás e os líderes religiosos do judaísmo, e quem tinha autoridade para sentencia-lo a morte, o governador romano Pôncio Pilatos.
Parece que enceramos as nossas questões, não é mesmo? Não encerramos, há mais um “culpado” pela morte de Jesus. E quem é? O próprio Jesus!! Essa afirmação parece absurda, afirmar que a vítima é culpada de sua própria execução. Mas de fato era. Essa afirmação é facilmente perceptível nos evangelhos canônicos.
Porque Jesus encarrava sua morte como uma missão. Por isso quando aquele que tinha o poder imperial de executá-lo inquiri o mestre de Nazaré, em João 19:10-11, dizendo:

10 Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?
11 Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.


Em diversas passagens Jesus expressa a mesma ideia: a de que sua morte era uma missão predestinada. De que ele veio a esse mundo para salvar e buscar o perdido, através do seu sacrifício vicário. Paulo também em inúmeras passagens corrobora a mesma fala dos evangelistas em relação à morte de Cristo, que através da sua morte houve reconciliação de Deus com os pecadores (II Cor 5). Portanto, Jesus também era o culpado, porque entendia sua morte como plano divino e não fez absolutamente nada para escapar da mesma. Mesmo no seu maior momento de fraqueza, no Getsêmani, (local onde foi traído e preso) quando ele chora sangue e sua sangue, ele diz em oração: “Meu pai se possível, passa de mim esse cálice (morte); todavia, não seja feita a minha vontade, mas a sua.” (Mateus 26: 39; Lucas 22: 42).
Ao entrar no Templo e derrubar as mesas e bater nos vendedores com chicote – vendedores estes autorizados por Caifás – ele sabia que haveria retaliação por parte dos líderes religiosos, que a partir desse momento intensificaram a luta por sua morte, poucos dias após esse episódio, Jesus é crucificado. Portanto, ele sabia o tempo todo dos riscos de morte que corria.
Diante do exposto, fica claro quem são os verdadeiros culpados pela crucificação de Jesus, há dois milênios. Caifás tem os motivos, Pilatos a autoridade, foi de fato quem proferiu a sentença de morte, mesmo contra sua vontade, e por causa de um artifício perverso usado por Caifás e outros líderes religiosos judeus, quando disseram ao Procurador: “Se soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César!” (João 19:12). Esse argumento malicioso fez Pilatos temer por sua própria vida, pois Jesus era visto como um revolucionário, um rebelde. Se ele o soltasse e se chegasse aos ouvidos de César (o imperador) o próprio Pilatos, poderia ser crucificado. Por isso, ele entrega Jesus à crucificação (João 19:16). E o outro culpado, por mais que pareça improvável, num primeiro momento, é o próprio Jesus.
Diante do exposto, a acusação mais aceita de que o povo judeu foi o culpado não cabe, pelo simples fato de que outrora como hoje, o povo não tem capacidade de decisão, sobretudo em um julgamento legal, com regras preestabelecidas, além do mais, a pena de morte por crucificação era romana, não judaica, portanto deveria ser dada por uma autoridade do Império Romano, nunca pelas autoridades de Israel, muito menos pela população de judeus oprimidos por Roma.
É imprescindível contextualizarmos as passagens bíblicas para termos uma interpretação correta, a simples reprodução de uma pseudoverdade, não faz da mentira uma verdade. Tão somente uma ilusão na cabeça dos incautos!





[1] Pena de morte ou pena capital é um processo legal pelo qual uma pessoa é morta pelo Estado como punição por um crime cometido. A decisão judicial que condena alguém à morte é denominada sentença de morte, enquanto que o processo que leva à morte é denominado execução. Crimes que podem resultar na pena de morte são chamados crimes capitais. A palavra capital tem origem no termo latino capitalis, que significa "referente à cabeça" (em alusão à execução por decapitação).